sábado, 26 de dezembro de 2009

Entre os dedos e as luvas...

- Impressionante como me caibo em ti (Dedos)
- Que nada! Fui feita para ti (Luvas)
- E o conforto dos meus movimentos... (Dedos)
- Eu sei, é como se eu nem existisse (Luvas)
- Só não entendo por que às vezes me apertas (Dedos)
- Ora, bem por que se estica demais (Luvas)
- Mas não era feita para mim? (Dedos)
- Sim, porém para ti curvado (Luvas)
- Pensei que fosses de um material flexível (Dedos)
- Sim, sou (Luvas)
- Então o que há? (Dedos)
- É o que está entre nós (Luvas)
- Apenas ar... (Dedos)
- Há muito ar entre você e eu... são ares (Luvas)
- E faz mal respirar? (Dedos)
- Se outros ares, sim. Não saberei te aceitar assim. (Luvas)
- Acho que te entendo, mas você não compreendeu (Dedos)
- E o que haveria de compreender? (Luvas)
- Que por mais outros ares surjam eles só circulam entre mim e você (Dedos)
- Ah! É como se nossos gestos fossem o próprio mundo... (Luvas)
- É! E acenando para o futuro que estamos trilhando... (Dedos)
- Pois venha... (Luvas)
- Com certeza, para dentro e para além. (Dedos)
- Em gestos de ... (Luvas)
- ... um amor sincrônico. (Dedos)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Crônica crítica aos critérios: do crisântemo ao cri-cri, cru e cruel...

É interessante esperar que as coisas esfriem para se analisá-las. Sendo que de tudo, o que mais deve estar, de fato, frio é a cabeça de quem vai contar. Portanto, a partir dos dois últimos tópicos que mais tivemos comentários nessa comunidade, resolvi contar um pouco do fato ocorrido comigo. Inicialmente, agradeço aos que me encorajaram na escrita desse pequeno texto: meus cigarros e meus amigos... incluindo professores e estudantes. Espero que a lucidez perpasse a minha ironia e apenas se apresente em forma de fatos. Oremos...
Bom, era para ser apenas mais uma disciplina obrigatória de nosso currículo, sendo que obrigatória com “O” maiúsculo. Compreender o pensamento político brasileiro é algo muito interessante e prazeroso para os cientistas sociais, mas por questões inteiramente pessoais não gostava da temática, porém sabia que devia aprender (o que também aconteceu com os pensadores evolucionistas e com os das teorias do individualismo metodológico)... Todavia, aprender sempre foi um desafio para mim e acredito que para todos aqueles que se matriculam em um curso como Ciências Sociais.
No começo, a freqüência nas aulas era algo também obrigatório como a disciplina. Nossa assiduidade era cobrada através da moderna ferramenta conhecida por chamada. Desde o início das aulas, a metodologia utilizada pelo professor era a de seminários expositivos e interruptivos, tendo em vista que o professor sempre interrompia os expositores para fazer colocações acerca dos autores abordados. A idéia era que em cada aula fosse apresentado um novo autor dessa vasta obra do pensamento político tupiniquim. Porém, por motivos já conhecidos por todos nós, um só autor chegava a ocupar em média três aulas, fato esse que desestimulava a presença nas aulas (imagina aí vir duas semanas e ficar ouvindo algo sobre o Bielchowsky!?) e também atrasava bastante a disciplina, fazendo, por exemplo, a última aula conter uns quatro autores de uma só vez.
É interessante também frisar que em meados de setembro, o ministrante da disciplina resolveu desabafar em sala de aula dizendo que “não iria fingir que dava aula, enquanto os alunos fingiam que aprendiam” e que, portanto, não iria mais manter as cobranças atuais (chamada e participação). O professor falou que quem não se “interessasse” pelo bendito pensamento político brasileiro não precisaria ir à aula, bastando apenas entregar o ensaio (único e final) na data que seria marcada.
Um forte discurso que eu e a torcida do Fortaleza toda abraçou. Isso mesmo. Nunca tinha vista algo ser acolhido tão ao pé da letra. De repente, as aulas foram esvaziadas. Não é exagero. Chegamos ao ponto em que nas últimas aulas, tinham a presença de apenas 10 alunos (de um total de 47), sendo que 7 deles iriam apresentar seminário nesse dia. Ou seja, os estudantes estavam, de fato, confiantes em que bastava um bom ensaio para acrescentar os medíocres 4 créditos em seu currículo... incluo-me com falsa culpa nesta mediocridade.
Todavia, faltando uma semana para o fim das aulas, o já magoado professor comenta em sala de aula que era bom que todos os alunos começassem a estudar todos os textos da ementa, pois a grande maioria da turma ficaria de AF (Avaliação Final). De repente, em meio aos alunos cada vez mais sem luz, surge uma voz à La Lombardi que diz: “Professor, como o senhor sabe disso se os ensaios ainda não foram nem entregues?”... O Professor então responde dizendo que era uma “tendência”, tendo em vista que os alunos não estão acompanhando o desenrolar da disciplina.
Ora. Ora. Ora. Ora. Estaria esse professor fazendo uma profecia que só os doutores seriam capazes de fazer? Algo como que fruto da mente de um semi-deus? Exato! Ele estava correto. É tanto que das 47 criaturas matriculadas, apenas 10 foram diretamente aprovadas. Ou seja, 79% da turma ficou na espada da AF. Agora era a hora de desesperar-se, pois aquele aviso digno de qualquer Talibã acabava de tomar uma concretude e agora era realidade. Tínhamos que estudar todos os textos da ementa (um número tranqüilo, que não chega a 30)... E em apenas quatro dias, pois o resultado saiu no domingo e a prova foi quinta.
Foi nesse período que os estudantes dessa disciplina criaram um laço de solidariedade que eu nunca havia presenciado em dois anos de curso. Criamos um grande grupo de estudos, abarcando quase a totalidade dos “reprovandos” e fomos à luta. Fizemos esquemas de seminários, onde todos apresentavam os autores que mais dominavam e também discutimos os autores em uma lógica de contexto e até linha histórica da formação do pensamento. Um sucesso! É tanto que apenas 9 pessoas foram reprovadas, após a prova.
Porém, nem tudo é perfeito no reino de Alice. Eu fui um dos que não foram contemplados com a aprovação. Não fiz uma prova perfeita, mas garanto ter me articulado muito melhor que nesse texto meia-boca que agora escrevo. Eu fiz as três questões da prova e tirei uma nota 3,5. Bom... muito aquém da minha expectativa, tendo em vista que acreditava ter feito uma grande avaliação. Não satisfeito com o resultado, resolvi procurar meus direitos como aluno da UFC.
Foi aí que descobri o Estatuto do Aluno da UFC e acabei verificando que eu não era tão burro assim (tsc...tsc...tsc...). Descobri que poderia pedir uma revisão de nota. Inicialmente, a revisão seria feita pelo próprio professor da disciplina, porém ele declarou, por telefone, já ter revisado a nota (procedimento que se deu em aproximadamente 3 minutos). Em seguida, iria para uma segunda instância, o Departamento, por meio de ofício, estava obrigado a formar uma comissão avaliadora com três professores da área para revisar a minha prova. Portanto, fui em busca do que acreditava e acionei meus direitos. Procedimento que não tinha prazo, mas que me fazia acreditar que poderia sanar um pouco da injustiça comigo feita.
Em meio à busca por esse processo, acabei descobrindo também outras fragilidades do processo de avaliação como um todo. Por exemplo, vocês sabiam que o professor tem a obrigação de devolver todos os trabalhos corrigidos? (Algo que não foi feito com os “péssimos" ensaios)... Vocês sabiam que o professor só pode passar outra avaliação após a devolução da anterior corrigida? (Algo que também não aconteceu, o que pode ter feito os estudantes cometerem os mesmos erros dos ensaios na AF)... Vocês sabiam que é preciso discriminar a pontuação que cada questão vale? (Isso também não ocorreu na AF, fazendo um aluno que fez 2 questões sair com uma nota 7,5 e eu que fiz três “abomináveis” questões ficar com um 3,5). Enfim, por aí já pode-se pensar como as coisas são feitas por aqui.
Sei das minhas limitações e sei da minha capacidade como estudante. Tenho o prazer de ter sido um dos articuladores do Grupo de Estudos e de ter ajudado muitos colegas a estudar e fazer uma boa prova. Sabia o que estava fazendo e outros que leram a mesma prova que fora tão desclassificada, concordaram comigo (os leitos foram alunos e também professores!). Não posso acusar ninguém de nada... Mas vamos parar um pouco para pensar... Nunca tive vocação para mártir... E não admitia... Nunca me liguei a esses aspectos excessivamente academicistas e, portanto, não estava nem aí para a reprovação. Agora não escondo a minha indignação, pois tive certeza de que não fui avaliado corretamente.
Quando pedi a comissão revisora, não pedi nada mais que uma correção justa com o que escrevi. Desconsidero todo o meu histórico, mas eu nunca havia ficado sequer de AF e, de repente, alguém me colocava em prova como um péssimo aluno. Fui à busca do que acreditava e também confiei naqueles que releram minha prova e constataram o que havia acontecido comigo.
Porém, o nosso reino das fábulas nunca cessa de novas histórias e, de repente, não mais que de repente, o inusitado professor nos comunica, via correio eletrônico, que ele decidiu “rever” as notas de todos os alunos. Disse que havia verificado as notas da disciplina de Pensamento Social Brasileiro e então para reparar a injustiça e para amenizar a rigorosa correção que ele nos impôs, resolveu utilizar os mesmo critérios da professora da citada disciplina. Sabe o que ele fez? O mesmo que ela: deu notas 10 para todos os alunos!
Bom, foi nessa hora que eu descobri que o meu ofício havia sido rasgado. Foi nessa hora que eu compreendi um pouco da psique do nosso professor de Pensamento Político Brasileiro. Parei para pensar que ele poderia ter um pouco de razão em parte dos que nos fez. Como ele poderia explicar uma disparidade tão grande entre as duas notas? E, inclusive, ele pode até se perguntar agora quase no natal: Quem vai pedir revisão de notas quando se tira um 10 na média? Quem? Ninguém, professor. Ninguém. É tudo o que a mediocridade citada no início do texto desejava.
Um grande erro dele foi tentar justificar um erro com outro. Tentar reparar-se de alguns excessos com uma aberração enorme. É realmente para se pensar um pouco sobre o que já escrevi no outro tópico. Afinal de contas, como estamos sendo avaliados? Como pode uma professora que pouco pisa no Departamento, sorrateiramente, aplicar uma dez de média para todos os seus alunos, sem sequer avaliá-los de nenhuma maneira? Como pode ela dizer que faltei seis vezes (verificado no módulo acadêmico), se ela nunca fez chamada? O que aprendemos em sua disciplina... E você, professor... Por que fez o mesmo? Sei que se indignou ao ver a atitude de sua colega, mas por que o fez? O que queria nos dizer com isso?
Enfim, companheiros, até agora não entendo como dormi com um 4,5 de média e acordei com um 10. Queria muito compreender isso. Adoraria ter sido avaliado justamente, como acredito nunca ter sido. Queria entender a disparidade entre uma correção de uma pessoa e de outra. Falamos de coisas diferentes? Será que quando falamos em critérios estamos indo realmente do Oiapoque ao Chuí? Bom... novamente, digo: é para se pensar.
E nós, a partir de agora, o que faremos? Vamos entrar nessa lógica de disputa atrás do IRA mais alto e mais cintilante? Vamos realmente crer que um aluno tem mais potencial que o outro, pois em seu histórico consta um dez, após saber desses casos que aqui contei. O mais importante: desde quando isso ocorre em nossa Universidade? Arbitrariedades acéfalas, como diria uma queria professora de todos nós. E sabem de uma coisa, apenas hoje venho dar razão a ela.
Como diria um grande compositor de nossa terrinha: “tudo muda e com toda razão”. Acho que esse é o momento de proporcionarmos a mudança. De repensarmos nossa vida como estudantes de Ciências Sociais, como estudantes da Universidade Federal do Ceará, mas, sobretudo, como cidadãos. Não podemos nos submeter a esses (des)planejamentos. Temos que começar a reivindicar mudanças na qualidade da avaliação, clareza dos critérios, no cumprimento dos direitos dos estudantes e, principalmente, no respeito ao próximo. Até por que, é importante lembrar, pois muitos esquecem: os alunos também são “o próximo” em relação ao professor.
Creio que é hora de darmos um basta nessa idéia de que eles possuem a luz e nós somos meros aparelhos repetidores e refletores, até que um doutorado nos salve e nos dê voz. Até quando vamos tolerar isso? Espero que não dure até o semestre que vem. Não somos rivais dos professores. Não somos inimigos, mas pessoas que desejam trocar experiências e fazer do aprendizado como algo dialético. É hora de buscar esse equilíbrio e essa compreensão.
Proposições? Sim. Acho que podemos pensar em fazer uma sondagem geral com os estudantes do curso acerca dos critérios de avaliação aplicados por aqui. Creio que a idéia do questionário não vá ser suficiente, mas já vá contribuir bastante para o mapeamento de tudo isso. Porém, acho que um grande debate já no início do semestre seja o meu grande desejo. Chamar todos os alunos para uma grande assembléia para pensar sobre o nosso futuro. Pensar como estamos sendo avaliados, desde o ENADE (sim), mas também nos nossos fichamentos e seminários.
Devemos pensar quanto vai estar o nosso IRA ao fim do curso? Sim. Infelizmente. Mas eu preciso que todos os que tiveram paciência de ler até aqui comecem a pensar em o quanto vai estar o caráter até o fim curso... o quanto vai estar o nosso aprendizado até o fim do curso... o quando vai estar o nosso compromisso com sociedade até o fim do curso... o quanto vai estar a nossa idoneidade até o fim do curso... e, principalmente, o quanto estamos preparados para viver ao fim desse curso. Quando fala viver, me refiro a VIVER EM VERDADE, algo que por aqui ainda não fazemos a menor idéia.
Um grande abraço a todos e espero que me desculpem os excessos... mas se até eles (os iluminados) podem ser pessoais, eu também posso me dar ao direito.
Beijos e Beijas...
“Não cante vitória muito cedo, não... Nem leve flores para a cova do inimigo”. Belchior

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vago impreciso...

Começa assim
Um vago impreciso
Preenchido pelo som do vazio
Agudo e frio
Como ir a um chão de terra
Estava descalço
Sem calço
Sem apoio
Era voz trêmula
Que me gritava e sentia um alívio
Ela só diz que fui
Só diz que sou
Mas para ela, ela não é
Me dói tanto
Que nem dói mais
É apenas frio
Sou apenas só
Eu
Resplandece na minha cor
Vermelha
Ao vê-la
Escuto:
- Me deixa!
Deixo
Fique
Éramos
Vagos, mas juntos
Juntos... nas juntas...
Até, então
Então, até
Um amor que soltou ao mãos
Um jeito de fugir a pé

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Passos de flor...

Passos de flor
Perfume de uva
Procura o amor
Por trás dessa curva

Passos de flor
Em busca da estrada
Não sente a dor
Pois não está errada

Passos de flor
Tua voz é de mel
Me fala da cor
Que pinta no céu

Passos de flor
Com os olhos acesos
Movendo com ardor
Meus próprios desejos

Passos de flor
Caminhos de paz
Andando em torpor
Sem olhar pra trás

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desabafo...

Escrever
Moldar-se
Forjar o que está
Dizer o que sinto
Tristeza
Nas raspas de giz
Ardoroso nariz
Sem forças
Magreza
Titubeio
É dor que solapa
É mais que fumaça
É o escárnio do meu ócio
Saudade
Um esquivo para o próprio fim
Queria tanto resolver
Dormir um pouco, talvez
Queria apenas um SIM
Para aliviar o tal fim
Para mim?
Não há
Eramos nós
E hoje?
Eramos
Preciso
Saudade ao quadrado
A dor de encontrar-se enclausurado
Ó liberdade... !?!?!?!
Doce ilusão
A solidão é amarga e viril
Imponente e cruel
Que nos faz sentir que o sentimento é mais
Bem mais
Mais que eu, reconheço
Que essas letras sem controle
Que meus dedos insistem em escrever
Saudades
Da Branca que vence o branco
Da Branca, Dona do Acalanto
Da Branca, que em tantos anos
Segue-me ensinando
Que amar pode ser errado
Se não há cultivo
A florzinha murcha
E um dia de sol
Vira dia das bruxas
Hoje vou rezar
Até chover novamente
E a florzinha branca crescer
Mostrando-me que o amor
É a própria liberdade
É o próprio crescer e viver

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Claude...

Um fim
Um instante
Na hora em que me desabo
Na estrutura de cova que fiz
No dia em que me entrego
À linguagem que nunca entendi
Agora que as explicações
Que serviram pra outros
Também servem pra mim
Justamente nesse momento
Ele também morre
E só me mostra que tudo se repete
Em pequenas e grandes poções
Sempre com o mesmo extrato
Com o mesmo sumo
E a mesma essência
Estruturalismo
É o nome da doença
Que matou o meu amor
Pela falta de coragem
Que matou o Lévi-Strauss
Pela falta de idade
E a vida?
Nos foi, num fôlego de interpretação

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Fim

A estrada está perdida
A cabeça dolorida
A felicidade esquecida
E a vida sem MINHA VIDA

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Deflorar...

A alegria em mim secou
Com o ar quente da mentira
Só olhos ainda molham
Só eles vivem
Enganar-se com os sentidos
Crer que é real, sim
Quebrar o espírito
Num tombo o fogo alto
Queimando um pouco do eu
Espalhando a marca que tinha
Ela arde
Tanto que a flor deflora
E nela há um gás
Fétido como o hoje
Se meu corpo cheira mal
Estou passando por um processo
De putrefação do próprio ser

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sal(dades)


Vida de escolher
Escolhas para quê?
Sentir aquilo que não pus na buca
Ouvir tudinho que não me disseram
Real ou mais ou menos isso
Não importa
Nem poderia
É como reclamar de tudo
Que foi bom um dia
Certezas carameladas
Juras açucaradas
Bocas lambuzadas
Cabelos engalfinhados no mel
Taí
Descobri o por quê
Falta salgar
Falta sal(dade)
Do tempo em que o sabor
Era uma conseqüência fatal
E que cada segundo longe
Sequer faria mal
E não faz
Não é mal
É normal
Como um filho que foge de casa
Se acampa na árvore
Mas sempre ao anoitecer
Pula a janela
Para em sua cama dormir
Voltar a dar sabor
Um desafio diário
De quem ainda quer salgar o que é doce
E experimentar todo dia o que já conhece

Depois disso tudo
Que tal um café?
Sem açúcar, por favor
Prefiro matar a sede de sal(dades)...

sábado, 19 de setembro de 2009

Delírio da mensagem...

É o próprio ar que te deixa voar
Não é preciso fumar
Talvez como dizer que ama as ondas
Sem saber que gosta do mar

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

De longe...


Gestos da memória
São lembranças movidas
Para dentro e para longe
No cantinho dos segredos
Lá mora a saudade de sempre
Da distância do meu jardim
Onde o pássaro mais lindo voa
E o protege como se fosse um ninho
É tudo o que esquenta o medo
Um pouco do melhor que posso
A falta de ter mais um pouco de tudo
Aquilo que só tuas asas acolhem
O que só a sua boca exala
E teu corpo me submete
Um pouco de calor é o que preciso
Em breve
De volta ao meu "calor"
Que embora seja discreto
Causa dor na própria dor
E alimenta a boca de flor
E o peito do que se chama por amor

Sabor do vento...

E onde quer que ela não esteja
Será só
Só será assim, pois, assim, só é.

A flor que caiu do alto
Abriu-se a noite
E mordeu o céu

Aquela que de tanta boca
Comeu os espinhos
E os floresceu

É a boca do acaso
É a boca da saudade
A boca que mordeu
A boca que sentiu o que não é seu

E de quem é o sabor?
Da boca que experimenta?
Da boca que se apresenta?
Ou da boca que nos sustenta?

O sabor é de quem quer sentir
No amar e buscar um pouco
Daquilo que permitir

Era só...

Era só uma boca
Era só um berro
Era só um grito
Era só um erro
Era só no escuro
Era só consenso
Era só loucura
Era só um vamos
Era só figura
Era só veneno
Era só bebida
Era só um som
Era só pra ser
Era só ali
Era só aqui
Era só um oui
Era só lidão

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Samba desconsolado...

Se meu corpo fosse viola
As cordas de agora
Já não tocam nada
São tortas, estão fora
De hora
Como me tocas?
Se não aceita minhas formas
Queres viola?
E por que não compõe
Um samba divino
Que te faça dançar
E que não deixe meu corpo se congelar
Uma música singela
Toquei no seu ouvido
A vida toda
Versinhos e refrão
Foi no corpo, na alma que chora
No acorde perdido do seu violão
E agora me deixas
Por que tens o direito?
Não pode largar
O samba no meio
E o público?
E a arte?
Onde está o amor?
Se nunca gostou do som
Por que tanto me zelou?
Eis as questões
Que num morro descubro
Se morro
Ou me mudo

"E a vida o que é? Diga lá, meu irmão"...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A vida e o "que mais"...

A vida é a escola da escolha
Uma prova sem cola
A casta
A bolha

A vida é uma carta de aceite
Com letras de enfeite
Um largue
Um deixe

A vida me deu um amor
Por laços de carne
De risos
De dor

A vida é um conto perdido
No fim da própria escrita
É um ponto
Um risco

A vida é como uma letra
Saindo torrente do punho
É torta
E fresca

A vida é tudo o que não sei
O que não nos ensinaram
Mas finjo
Que sei

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Como se me comesse...

É como se minha alma
Fosse um grande buraco
Onde meto minha calma
E aos poucos me mato

É como se o amor
Fosse o mastro do mundo
Ancorado na dor
Nas correntezas do absurdo

É como se chorar
Fosse o único chão
Molhando a água do mar
Incendiando o vulcão

É como se o próprio fim
Fosse o lugar em que estamos
Trancados e presos assim
Na liberdade que pensamos

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Prelúdio ao sinistro

Mataram o mundo
Deus morreu
O amor e tudo
Em breve, eu

domingo, 23 de agosto de 2009

Sufoco

Medo, medo, medo, medo
De fazer o certo e achar que é pouco
De fazer o pouco e achar que errei
De cometer um erro e achar que é seu
Medo, medo, medo, medo
De olhar pra frente e não ver solução
De solucionar o enigma e acabar as questões
De questionar o mundo e não ter mais noção
Medo, medo, medo, medo
De ser agora homem e não ter amanhã
De amanhã acordar na porta de um bar
De beber o céu e vomitar o chão
Medo, medo, medo, medo
De apagar a luz e só me ver no claro
De clarear os muros que outros pularam
De pular tão alto e não sair do canto
Medo, medo, medo, medo
De pedir perdão quase todo dia
De que o outro dia ainda seja assim
De que nunca venham a acreditar em mim
Medo, medo, medo, medo
De não ver mais como superar o passado
De não ter idéias para lhe dar um presente
De que isso tudo anule o nosso futuro
Medo, medo, medo, medo
De que tudo acabe como as cinzas
De que o cinza e o preto não mais se separem
De que o preto e branco em minha tela brilhem
Medo, medo, medo, medo
De que o teu nome vire heresia
De que minha mulher vire poesia
De que meu coração crie uma alergia
Medo, medo, medo, medo
De que tudo isso seja escrito em vão
De que o passarinho não saia do chão
De que o novo rei não seja mais o leão
Medo, medo, medo, medo
De que eu não encontre um fim pra escrita
De que as minhas palavras não sejam mais ditas
De que os mesmo erros ainda se repitam
Medo, medo, medo, medo
De tudo o que eu faça pareça pouco
De que quando eu fale me chamem de louco
De que eu nunca saia mais desse sufoco

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Reunião de Departamento de 11/08/2009

2009.2 se inicia e traz logo em sua segunda semana uma reunião de Departamento bem movimentada. Iniciando mais uma vez com um atraso de meia hora e sem o quorum, quer dizer, havia o “quorum no espaço”. É isso mesmo. A reunião iniciou sem o quorum na sala, mas havia quorum no espaço do Departamento. Bom, na hora não entendi muito bem como funciona isso, mas com alguns minutos, quando chegaram os atrasados com seus copinhos de café, deu para compreender melhor.
Tudo começou com um informe muito importante do Estevão, falando sobre a criação de uma nova classificação para professor universitário, trata-se do sênior, este ficará acima do associado e provavelmente vai promover a extinção do professor titular. O sênior terá quatro categorias e em sua máxima atingirá o salário do professor titular, além de receber uma premiação caso oriente algum residente ou tenha pós lato sensu. Esse dados foram trazidos pelo Professor Estevão através de um relatório, como ele mesmo disse, muito precário, mas serve de indicativo para compreender o que o MEC pretende fazer futuramente. Outra mudança seria repensar a história da dedicação exclusiva, ou seja, o MEC quer rever a DE e pensar no que o professor pode fazer além do Ensino, da Pesquisa e da Extensão.
Uma das explicações para essa classificação não seria apenas a questão de aumentar os salários dos professores, pois estes devem alcançar o salário dos professores da Ciência e Tecnologia, mas também seria para findar com o concurso para titular. O porquê disso é que essa prática seria inconstitucional, pois aí se faz um concurso para quem já é concursado, sendo o correto fazer concurso para iniciar uma carreira. Bom, o que eu espero é que essa carreira realmente seja formada pelo mérito de cada um e com o verdadeiro Q.I. Q.I? Bom, deixa isso quieto.
Em seguida, o Professor Fleming divulga o evento que ocorrerá sobre o ano da França no Brasil, este será realizado em novembro e terá algumas atividades culturais. Como forma de apoio, a FUNCAP, através do Professor César Barreira, concedeu cinco passagens internacionais de ida e volta para trazer conferencistas.
Seguindo nos informes, a Professora Neyara dá um comunicado que haverá uma reunião de planejamento para o Encontro de Ciências Sociais e convida os professores para a formação das comissões (financeira, cultural, etc.) e reforça o almoço que ocorrerá na próxima terça-feira na Casa de José de Alencar com os professores da pós-graduação.
Antes do início das pautas, o Professor Domingos avisa que nesta reunião não haverá café e nem água. Ora, mas por quê? Por que os cafezinhos e a água eram custeados pelas secretarias Lucineide e Cássia. Essa parte vai ficar, de fato, sem comentários. Por que até eu senti a falta do café. Agora, me recordo de quando se falava em salas com notebooks e datashows, hoje em dia se chora a falta de café e água.
A primeira pauta foi acerca do afastamento não remunerado do Professor Paulo Linhares em 2009.2, este vai dar-se por motivos pessoais. Este afastamento é garantido ao professor e é um artifício válido, devendo ser utilizado quando for necessário. Ok. Vamos para a próxima.
Domingos comunica que o curso está com a carga horária mínima que poderia ter e diz ter dificuldades para abrir concurso para professor substituto. Então, com isso, devem ser abertas mais disciplinas e colocar os professores para trabalhar. Este é um problema crônico de nosso Departamento, onde muitos vivem com 8 horas de aula por semana, onde a meta é de 40 horas/aula. Então, os professores não terão sua carga horária aumentada, mas como disse o George, eles terão que, de fato, cumprir com ela e o que não for aula deve ser projeto de pesquisa ou de extensão cadastrados e aprovados em Departamento.
Alguns projetos de pesquisa foram aprovados nesta tarde, como os dois da Professora Geísa Mattos. O primeiro é o “Sociologia da Sociologia”, que terá a coordenação da Professora Irlys Barreira e o financiamento de 70 mil reais, proveniente do FUNCAP, o que contribuirá para a digitalização de teses e dissertações utilizadas na pesquisa. O outro projeto da Geísa é para estudar o FIB (Felicidade Interna Bruta), que além de alimentar as conversas nos corredores do Departamento, também promoverá um evento que também tratará de Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável.
Uma discussão fortíssima que houve foi sobre as relações trabalhistas na UFC, sobretudo, no caso da funcionária Maria das Dores. Esta, segundo a empresa, foi demitida por que havia faltado várias vezes. Porém, o que foi apurado é que ela sofria há alguns meses com pedra nos rins e não se afastava, pois a empresa a ameaçava de demissão caso ela colocasse um atestado médico. Não suportando as dores, Maria das Dores fez a cirurgia, apresentou o atestado, teve o dinheiro descontado nos dias em que faltou e foi desligada da empresa.
Em repúdio a arbitrariedade da empresa terceiriza, será encaminhado um documento ao reitor para que se averigue o caso e passe a questionar as relações com essas empresas e a noção que elas possuem sobre ética trabalhista. Veja bem, esta é uma prática costumeira em empresas terceirizadas e que não pode ser reverberada dentro de nossa Universidade. Então, parabéns ao Jakson Aquino pela iniciativa e que isto não se repita por aqui. Mas sabem um ponto absurdo nisso tudo? O Departamento não pode fazer uma crítica direta à empresa, pois como se trata de uma empresa que conseguiu o contrato, uma crítica a ela poderia ser encarada como uma campanha para outras empresas. O fim da picada.
A denúncia foi reforçada com vários casos em que funcionários de terceirizadas vêm trabalhar constantemente com queimaduras e gripados, com medo de cortes destas empresas. Inclusive, Fleming fez uma alerta a respeito da gripe suína e diz que se algum professor verificar um espirro de um aluno, que ele o peça discretamente para sair. Quem sabe usar máscaras seria uma boa, hein? Sem pânico.
Estevão diz que estas empresas possuem mais de 500 funcionários em toda a UFC e podem ser utilizadas como manobra para colocar parentes de professores e funcionários dentro desta Universidade, ou seja, já que eles não passam no concurso, dá-se uma “forcinha” pelas empresas terceirizadas. Estevão conclui que alguns são como os netos do Sarney, que nem precisam vir ao trabalho. Neyara sugere o uso da Defensoria Pública para ajudar a funcionária em caso, mas questiona: “A Defensoria ainda existe?”.
Para finalizar este tema, Uribam conta um caso de extrema importância e sexualidade, em que uma funcionária era amante do seu supervisor e as duas mulheres resolveram brigar de verdade pelo seu amado, mas os outros funcionários resolveram apartar a disputa. Bom, após essa citação o caso deverá ir para frente.
Antes de pular para a próxima pauta, a porta de repente e não mais que de repente é batida com fortes cascudos. Quem será? É o segurança de nosso Departamento, que agudamente diz: “De quem é aquele Corsa que está lá embaixo?”. A Professora Rejane salta da cadeira e corre em direção ao corredor dizendo: “Mas eu deixei a chave para quem quiser tirar o carro!”, após isso só ouvimos a piadinha “Esqueceram de avisar ao ladrão”.
Após as risadas, mais um projeto foi aprovado, o do Professor George, que trata-se de um projeto de extensão e que por sinal é muito interessante, mas por uma grave falha minha não consegui anotar o nome. Desculpas ao George e como sei que ele lê este bendito texto, peço que ele depois nos mande o nome do seu projeto. Desde já, parabenizo-o, pois todos sabemos que extensão aqui nesse Departamento é como o Lombardi na televisão. Ouvimos falar, mas não vemos.
Bom, esta foi mais uma reunião de Departamento. Perdão pela demora, mas é que eu passei mais tempo no hospital do que em qualquer outro lugar nessa semana. Saúde a todos e até a próxima.

domingo, 9 de agosto de 2009

O Leão e o Passarinho

No viver ao natural
Amar é sempre mais
O menos não é normal
E ninguém fica pra trás

Um jogo de dependências
Cada um com seu parzinho
O pássaro constrói a casa
Onde habita o leãozinho

Um precisa do canto
Outro deseja comida
Então canta de vez em quando
Só pra pôr mais som na vida

O leãozinho só corria
E o passarinho lá no ar
O primeiro voaria
E o segundo vai pousar

- Dá-me asas, passarinho!
Exclamou o rei leão
- Dá-me em troca suas patas
que lhe tirarei do chão

E ao desatar dessa vontade
O leão pôs-se a voar
E no fim de cada tarde
Foi aos céus para amar

O pássaro também conseguia
Realizar a vontade de correr
Na juba do leão crescia
Um caminho a percorrer

Então fez-se a natureza
Como mãe que guarda o ninho
O leão que agora voa
E cuida do passarinho

E a cada passo pequeninho
Percebia a noção
Que no lombo do leãozinho
Está o lar e o coração

E aqui vou dar um ponto
Na história sem final
Pois em cada conto é um conto
De um amor que é imortal

Escrever permite isso
Fazer milagres num momento
E o leão e o passarinho
Acabaram em casamento

E até filho eles tiveram
Pois é o produto da relação
Agora como eles eram
Vai além da imaginação

sábado, 25 de julho de 2009

Tempo de perdoar...

O tempo de perdão
É o tempo que imploro
Enquanto dizes não
Só suplico, grito e choro

O tempo de perdão
É aquele que pedi
Enquanto dizes não
Meu coração não mais sorri

O tempo de perdão
É o que ainda me deixa louco
Enquanto dizes não
Teu amor se fará pouco

O tempo de perdão
É o segundo derradeiro
Enquanto dizes não
Não tem mais o mundo inteiro

Então, lhe dedico todo o meu clamor
Para que proclame o tempo do perdoar
Para que o mundo, o sorriso e o amor
Do nosso peito vá se libertar

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Uma dúvida...

Há braços em teus abraços?
Há pernas em nossos passos?
Há sola em teus sapatos
Ou chora por ser descalços?

Se cansas quando descansa?
És brava quando és mansa?
Qual rede que me balança
Nos galhos da esperança?

Tens vida em teu sorrir?
Tem flores para florir?
Tens dentes pra cair
Ou é tudo para me ferir?

Levantas pensando em mim?
Dormindo sonhas enfim?
Passas teus dias assim
Ou é sempre contando o fim?

Erga-te, Moça, e confia neste poeta
De rimas tortuosas
De versos que te alerta

Avante, minha Moça e prossiga sem cessar
Pois quando estiver no chão
Eu te mostro o que é voar

domingo, 12 de julho de 2009

Fala!

Pensei e busquei ser livre
Livrei-me e me vi mais preso
Prendi-me de volta ao meu amor
Amando senti-me livre de verdade
A verdade é que o amor liberta
A verdade é que não fui poeta
A verdade é que a porta está aberta
A verdade é que é incorreta

Era como se fosse tudo a esmo
Esmolando o pão de cada sorriso
Sorrindo um dia de cada vez
Vendo o que via e não queria
Agora quero ser livre para ela
Ela e eu presos na nossa liberdade
Presos em nossa poesia
Presos em nossas teimosias
Presos à vontade de nos amarmos e libertarmos

Quanta confusão...
Em meio a tudo isso ainda questiono
Pergunto o que você pensa
E você só diz:
- Tá certo!

As articulações doem, não é?
O poeta é o ortopedista das palavras
Quando elas não se movem
Ele as movimenta
Ele faz massagem para que fluam como o som

Fale, Amor
Fale amor
Fale do amor
Fale amando

Diga e não deixe
Diga e não me deixe
Diga, não deixe!
Diga e não nos deixe ir novamente

É mais uma chance de alguém...
Subir
Olhar
Falar
Amar
e
Viver

E
M
P
A
Z

terça-feira, 30 de junho de 2009

Semana difícil...

Semana difícil vai ser essa
Sem aquela que controla a pressa
Fora da forma que em me foi impressa
E que é tudo aquilo que me interessa

Semana difícil é essa eu entranho
Sem a força do meu tamanho
Fora do tempo que estranho
E de todo o passo que acompanho

Semana difícil é essa que escrevo
Sem a sorte contida num trevo
Fora de clima e relevo
E de todo o frio que fervo

Semana difícil é essa que eu não quero
Sem a presença que mais espero
Fora da voz que reverbero
E diante de tudo, me desespero

sábado, 27 de junho de 2009

Há...

Há na tua beleza
Há no teu jardim
Há'lgo mais riqueza
Há um "contudo, enfim".

Há também tristeza
Há bem mais idade
Há buscar destreza
Há felicidade

Há de ser proeza
Há em outros mundos
Há findar pobreza
Há sonhos profundos

Há assim na Vida
Há de assim viver
Há Amor ainda
Por que Há querer

domingo, 21 de junho de 2009

Ela faz-se...

Ela diz que eu não sei

Ela sabe que eu não disse

Ela faz o que eu não quero

Ela quer que eu mesmo faça

Ela vê o que sente

Ela sente que não viu

Ela ouve com o coração

Ela pulsa o que nunca ouviu

Ela toca e dança

Ela dança nos toques repetidos

Ela repete os verbos de outrora

Ela agora só repete o não dito

Ela diz que é flor e que é grossa

Ela engrossa o jardim mais florido

Ela finge dar adeus para ver se volta

Ela volta em busca de boas-vindas

Ela foi para fora de mim

Ela entrou sem ter como sair

Ela, só ela, foi quem se perdeu

Ela, só ela, acha que o culpado sou eu

Ela vai achar

Ela vai perder

Ela vai contar

Ela vai reler

Ela vai sentir que o ponto é vírgula

Ela vai então entrar na corrida

Ela vai fazer de qualquer o último

Ela vai morrer para manter-nos vivos

terça-feira, 16 de junho de 2009

Reunião de Departamento - 16/06/2009

Relatório sobre a Reunião de Departamento ocorrida em 16/06/2009

Início de mais uma tarde extraordinária de reunião de Departamento, dessa vez mais extraordinária que nunca, tendo em vista que o comunicado do encontro foi dado no dia anterior, inclusive “furando” o acordo que fiz com os alunos de avisar previamente quando acontecesse uma nova reunião. Enfim, peço desculpas, mas juro que até eu me surpreendi, pois soube só no mesmo dia e quase na hora do almoço. Bom, sem ressentimentos, vou tentar passar para todos um pouco do ocorrido na tarde ensolarada de 16/06/2009 e juro que dessa vez não comento mais sobre o atraso costumeiro dos nossos queridos professores (Ops! Acabei confessando).
Meus caros, a reunião inicia-se com o informe do Professor Cristian sobre a conversa que teve com a Professora Fátima, Chefe do Centro de Humanidades, acerca de algumas demandas do curso e até tivemos algumas notícias boas, porém aquém do esperado. Para se ter uma idéia, a expansão previa a chegada de duzentas novas carteiras, enquanto teremos cinqüenta. Também foi previsto que viriam doze novos computadores, mas virão apenas três. Ainda chegarão três impressoras e um espetacular fogão, aliás, esse último item sendo imprescindível para suprir as necessidades do Departamento, tendo em vista o desenfreado consumo de café de todos nós... Não é? Claro...
Continuemos. Por fim, ainda foram postas pelos demais professores outras demandas como a reforma do auditório Luiz de Gonzaga, a reestruturação da cantina, a instalação de refletores no pátio do estacionamento, o ar-condicionado da sala oito e, como eu não poderia deixar de mencionar em uma reunião, o nosso laboratório de informática que parece ter sido fechado em homenagem ao Valter. Tudo bem que o luto fosse merecido, mas não dá pra acreditar que já estamos há quase um ano sem acesso a computadores no Departamento. Isso realmente é imoral, pois nem todos têm acesso a computadores e os trabalhos acadêmicos devem ser, quase sempre, digitados. Então, aguardamos ansiosamente uma solução para tanto descaso burocrático.
Ainda nessa linha, o Professor Uribam informou que chegaram vinte novos computadores. Êba! Mas que pena, era engano. As máquinas eram para a Filosofia. Ele também informou que vieram medir o espaço para colocar o ar-condicionado. Êba! Mas que pena, eles nunca mais voltaram. Portanto, após tanto chove e não molha, foi sugerido que fizessem uma planilha de acompanhamento para esses pedidos, pois eles demoram tanto para saltar de propostas a encaminhamentos, que é um crime não vistoriar a execução. O Professor também deu informe de que o NERPS também vai funcionar à noite, das 18h até as 21h, muito bom para os alunos do curso noturno e para todos que precisam ficar o dia todo no Departamento. Porém, quando questionados sobre a possibilidade de haver empréstimo dos livros, a resposta foi que é improvável, pois o processo de informatização é lento e as obras são do acervo.
O professor Cristian finaliza a sessão de informes falando que conversou com a Professora Fátima sobre a abertura de um concurso para preencher uma vaga na área de Ciência Política, o que fora confirmado por ela, mas não há previsão de quando sairá o Edital. Aliás, falando em concurso... Ainda nesse mês vai ocorrer a seleção para um novo professor de Antropologia (24/06 – 14h30 – Prova Didática e 25/06 – 14h – Resultado Final). Seis pessoas se inscreveram para esse concurso, havendo duas inscrições indeferidas e quatro deferidas. Das duas indeferidas, houve um candidato da área da saúde (odontologia, se não me engano) e uma candidata que, conforme a análise da comissão analisadora, descumpriu o edital por não enviar o curriculam vitae observando o formato lattes.
O fato de o primeiro candidato ter sido eliminado foi até fácil de explicar, mas o segundo gerou uma repercussão muito maior. A questão é que o seu curriculum não estava posto na Plataforma Lattes, mas também há a versão de que ela seguiu os mesmos critérios contidos no curriculum lattes, ou seja, talvez a grande causa da eliminação tenha sido que o seu curriculum não estava “on-lattes” ou “on-line” no lattes, ou ainda como foi filosofado na reunião é como se “um quadrado fosse um quadrado, mas não fosse um quadrado!”. Enfim, é triste, mas foi o parecer da comissão que analisou ao edital e, além disso, também foi feito uma votação onde houve 13 votos a favor do parecer comissão, 2 abstenções e um voto contrário, este do Professor Jakson que se justificou: “Eu votei contra, mas apoio a comissão!”, o que após muitos risos gerou o comentário do Professor Haguette: “Se continuar assim você vai ser um novo Renê!”.
A democracia foi feita e essa foi a decisão de Departamento, mas é lamentável que um concurso dessa importância só tenha seis inscritos e um deles seja indeferido por um detalhe tão mínimo. Questionando a escassez de concorrentes o professor Carlão levanta a possibilidade de as pessoas estarem desavisadas, mas o Professor Estevão diz: “Desavisadas? O edital não avisa não?”. Bom, como foi dito na reunião, “essa burocracia acaba com a vida do ser humano”.
Em seguida, foram lidos os nomes de todos os representantes discentes: Caio Anderson, Daniel Pustowka, Aparecida do Ó, Brenda e Eu, além de Jorge Luan e Francisco de Assim que representam os alunos junto à coordenação, respectivamente para o curso diurno e o curso noturno. Distraído, o Professor Estevão pergunta “Não tem representação feminina não é?”, eu respondo “Tem a Brenda”, ele rebate “Só?” eu admirado brinco “Basta né!? Ela é bastante”.
Pauta virada e foram listadas as lotações dos professores para o semestre 2009.2 e mesmo com o quadro fechado ainda tivemos algumas correções feitas na hora da reunião, pois nem tudo é perfeito. Estevão, ao meu lado, olhando seus horários diz: “Quatro horas de aula à noite... Tem que vir vestido de baiana...”. Ainda nessa linha, foi frisado que os professores terão que mandar os seus programas e as suas referências bibliográficas para que a coordenação encaminhe para o site, que será coordenado pelo Professor Jakson. Aliás quando disseram que o Jakson iria coordenar a página eletrônica do curso, a Professora Peregrina questiona “Mas quem é Jakson”, este que estava atrás dela diz “Sou eu”, ela vira o pescoço para trás e diz singelamente “Prazer, Peregrina”.
A próxima temática foi sobre o Encontro de Ciências Sociais que será organizado pela UFC em 2009 e que estará, por exemplo, viabilizando a discussão sobre a produção do conhecimento em Ciências Sociais além de uma plenária final, a possível e provável participação do Professor Boaventura dos Santos e alguns GT’s que, segundo a professora Neyara, devem ser mais orgânicos e já visando algo maior como o CISO e a ANPOCS, além de fazer algumas críticas ao produtivismo. A Professora dá ênfase de que é preciso que todos se mobilizem para organizar o evento, porém Uribam comenta: “Se não conseguirmos organizar já vai ser uma crítica ao produtivismo”. Certamente.
Como toda reunião, sempre tem que haver algum assunto mais polêmico e este último (juro que último) realmente foi muito “cabeludo”. A questão são as salas para os professores. Nós temos três novos professores (George, Jakson e Geísa) e todos estão sem sala, porém temos o Professor Manoel Domingos que já não está mais nem na UFC, tendo sua sala e o Observatório das Nacionalidades para serem utilizados, e o Professor Paulo Linhares que só tem carga horária de 20 horas e poderia dividir sua sala. Porém as coisas na prática não são assim. O Professor Manoel Domingos já se ausentou dessa instituição há um ano e até hoje isso não foi providenciado, o pior ele ocupa dois espaços. Já o Professor Paulo, segundo a Professora Geísa, foi irredutível e disse que não dividiria a sala.
Complicado falar isso, pois todos eles dominam as teorias muito melhor que eu, mas será que isso não é confundir o público com privado? Ou será que ainda estamos no feudalismo, onde cada professor deve ter o seu pequeno feudo? Um professor que não está mais na UFC pode ter dois espaços aqui, enquanto seus colegas, tão profissionais quanto, estão sem sala? Se ao menos as salas fossem portáteis, tudo bem. Será que há um grande pedestal acadêmico que inviabiliza a cooperação entre profissionais? Lamentável.
Porém, no jeitinho brasileiro e com o bom coração de alguns professores que certamente leram um pouco de W. Mills, houve alguns acordos paliativos. O Professor George vai utilizar a sala da Professora Simone Simões, que só virá ao Departamento às sextas. O Professor Jakson ficará na sala do Professor Jawdat, até por que ele vai fazer o pós-doutorado nos Estados Unidos, sua sala ficará vaga e ele disse ser um prazer dividi-la. Já a Geísa ficou sem sala, mas aprendeu que não ouvirá o conselho do Valmir, pois este havia dito que era só pedir ao Professor Paulo que ele cederia sem nenhum problema.
Ao fim disso tudo, o Professor Estevão, sempre propositivo, sugeriu que a Chefia de Departamento deveria se comunicar com os dois professores supracitados para que disponibilizassem a sala de acordo com a necessidade do curso. Coerente, no mínimo. Bom, sobre o Observatório das Nacionalidades, confesso que não entendi muito bem, mas parece que há a possibilidade de mudar a temática de estudo e ser entregue a alguém da Ciência Política, o problema é que ninguém quis assumir essa responsabilidade. Bom, esperamos que esse alguém surja, pois gerar pesquisa sempre é importante.
Bom pessoal, relatório muito longo e ainda daria muito pano pra manga, porém eu não vou comentar muito as coisas, pois foi apenas uma garrafa de vinho e a idéia é que vocês façam suas reflexões com base na leitura desse breve texto. Isso é importante. O Departamento de Ciências Sociais precisa cada vez mais da participação dos estudantes nesses espaços, pois lá é que tudo nasce e tudo é deliberado. Então espero que no semestre que vem a participação dos alunos seja mais substancial. Agora faço uma recomendação: não sentem do lado de Estevão Arcanjo, pois aí você vai ver a reunião de um ângulo muito diferente, o que garante risadas colossais.

domingo, 14 de junho de 2009

Flor do sertão...


Não sei como se chama

Qual o nome da relação?

Só sei que o teu amor

Floresceu o meu sertão


Não sei se me preocupo

Qual o tamanho do caminho?

Só que dessa flor

Vou tirar qualquer espinho


Não sei se rezo a Deus

Qual será essa estação?

Só sei que quero chuva

Pra molhar teu coração


Não sei se fecho os olhos

Qual a cor que está à frente?

Só sei que até no escuro

Te amo assim e é pra sempre

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Breve crítica à atual gestão do Centro Acadêmico Batista Neto

Fico pensando o quanto vale uma crítica e descubro que vale o sabor de novas reflexões. Ora, e se a crítica for a quem você gosta muito e a quem você dedica amizade e carinho? Valerá então a chance de gerar ações reflexivas no futuro e, quem sabe, a mudança que jamais será tardia, se houver boa vontade.
Então, por isso estou aqui: para criticar amigos, não pelo que são, mas pelo que andam fazendo politicamente. Entristeço ao ver algumas “desatitudes” dos meus colegas, integrantes do CABN. É duro creditar que passamos 21 dias sem reuniões no C.A por falta de quórum, sem contar que na última reunião antes desse recesso, por ausência de compromisso, pautaram-se discussões como “Quem vai ficar com a chave?” ou “Pode-se beber dentro do C.A?”.
Sinceramente, será que essas são as discussões mais palpáveis para as pessoas que se comprometeram em fazer política em nosso departamento? Será que esses temas são aqueles que de “braços dados ou não” vão nos levar a algum lugar em relação à sociedade? Será que dessa forma os interesses dos estudantes do curso serão plenamente defendidos? Creio que não. Tenho certeza que nenhum dos membros da atual gestão também pensa isso.
Ok. Depois de tudo isso e após algumas críticas apresentadas em reunião, descobriu-se que se deveria discutir política e fazê-la acontecer, como lhes foi incumbido com o voto dos estudantes. Então se propôs tirar alguns posicionamentos políticos da atual gestão do C.A, pois é importante que a instituição que representa os estudantes do curso de Ciências Sociais tenha posicionamentos, como boa parte dos C.A’s da UFC. O primeiro passo seria decidir a posição do C.A em relação ao tema de maior importância na universidade atualmente: o REUNI.
Na última reunião (03/06/2009) foi deliberado que, antes de se posicionar, o C.A iria se reunir com os alunos para estudar o tema do REUNI. Iríamos ler o decreto oficial do projeto de expansão, iríamos estudar algumas críticas feitas ao projeto e também alguns textos teóricos. Bom, falo “iríamos”, pois logo me interessei pela idéia do grupo de discussão e então decidi que iria participar para aprender e contribuir coma formação política dos estudantes. Então, foi decidido que no sábado (06/06/2009) às 14h no C.A haveria esse GD. Fez-se o ofício. Fez-se o convite em salas, inclusive nas salas dos “bichos” da manhã e da noite. Fez-se cartaz. E?
Até que chego sábado no C.A e me deparo com sete estudantes. Para ser mais claro: Franklin, Jonas, Jorge Luan, Santinha, Hector, Monalisa e Karen. Fomos oito. Oito! Quantas pessoas fazem parte da diretoria do C.A? Bem mais que isso? Creio que sim. Será que a presença deles não seria importante naquela data, deliberada em reunião, sobretudo, sabendo que a idéia era tirar o posicionamento político da entidade? Convenhamos que sim.
Meus caros, é óbvio que ninguém sonha em estudar num sábado à tarde, mas será que a vida política não requer alguns sacrifícios bem maiores que esses? Será que houve respeito com os que lá estiveram? Será que houve consideração com todos os estudantes que acreditaram num novo modelo de gestão mais participativo? Acredito que os que se propõem a fazer a tal da política ou que já a fizeram um dia devem ter a noção do quanto ela é pesada.
Analiso agora o panfleto da gestão, na época da candidatura, onde todos diziam coisas como: construir uma revista para o curso, parcerias e encontros com movimentos e organizações sociais, incentivo a discussões sobre cotas, alta atividade com o Movimento Estudantil, arrecadação permanente de dinheiro para o C.A, campeonatos esportivos, etc.
E então? Será que todas essas idéias, que por sinal eu fui um dos que primeiro assinei embaixo, inclusive como um apoiador da chapa (explícito na própria propaganda dela), foram dissolvidas pelo tempo e pelos demais compromissos da gestão? Eu, sinceramente, prefiro não acreditar nisso. Prefiro acreditar que tudo não passou de um sonho ruim. Prefiro acreditar que o dia de amanhã vai ser sempre melhor e mais produtivo e que a consciência vai voltar.
É muito difícil tomar um posicionamento dessa forma e ter que tornar pública a angustia que deveras sinto em relação ao descaso da gestão de nosso C.A e, sobretudo, às pessoas que fazem parte dela que, repito, são pessoas da minha extrema confiança e da minha admiração e amizade. Mas a política vai muito além das afinidades e do carinho, pois na hora que se assume um compromisso de entrar em uma gestão, está também afirmando que há disponibilidade e garantindo que os interesses dos estudantes será, de fato, representado.
Infelizmente, não é isso que ocorre. Infelizmente a voz da atual gestão do C.A não ecoa em parte alguma. É duro, pois acredito que “a vida estudantil não se restringe à sala de aula”, não hesitando em confiar na gestão quando afirmaram isso, porém não é isso que ocorre. Hoje, todos deixam os projetos, postos anteriormente, de lado e se dedicam aos seus próprios compromissos e às suas situações “sempre muito importantes”. Não é hora de julgar a vida e a agenda de ninguém, mas repito: onde está aquele compromisso de outrora?
Foi acreditando em tudo que expus na última reunião, na idéia de que as pessoas que estão na gestão jamais negariam diálogo aos estudantes, no respeito que há com a diretoria, na esperança de melhoria e que a política tem o poder de reacender a vontade de lutar é que escrevo esta nota. Não com a única finalidade de criticar, mas de reanimar, de chamar para o debate, de dar a cara a bater e, acima de tudo, de mostrar que os estudantes devem fiscalizar.
Portanto, meus amigos, essa é a hora. Certamente, não toquei todos os pontos necessários, mas tenho certeza de que minhas palavras dizem um pouco o que os alunos pensam sobre o atual momento político. Então, é hora de fazer algo de verdade e de encarar a gestão como algo que realmente pode gerir algo pelos estudantes. Espero que após essa crítica, todos os gestores se conscientizem e procurem melhorar, e, sabendo da capacidade dos que lá estão, tenho certeza de que isso irá acontecer. Também espero que os demais estudantes passem a ter coragem para também expor o que pensam e a fazer suas respectivas críticas e cobranças, pois tenham a garantia de que o C.A vai assimilar isso de alguma forma.
Bom, já me estendi bastante, então é hora de dizer só mais uma coisa: Confio em vocês, como há quase um ano confiei!
Um beijo a todos e boa sorte nos próximos passos.
“Não sou feliz, mas não sou mudo: hoje eu canto muito mais” Belchior

domingo, 31 de maio de 2009

Casinha...

Letras e verbos
Repelem-se inversos
À flor da pele
Ao som da relva
Mesclas de cores
Em pingos de signos
Púlpitos nos olhos
Que em cada tom piscam
Sensações que constróem
As paredes do meu peito
Pintadas pelo sorriso
E habita pelo sorriso
É o nó do homem só
Levantar a casa do pó
Esquecer tudo o que foi de cor
Para aprender um amor maior

domingo, 24 de maio de 2009

Construção noturna...

Eu sei
Mas faz parte da construção
Os tijolos nunca ficam embaixo do chão
E o teto nunca vai sustentar os paredes
Até que a casa caia
Aí tudo vira pó
O vento dá e leva
Até que aquilo faça parte
De outras casas
Que viram lares
Onde moram dores
E pessoas sós
Sem seus amores

Fim de noite...

Razos sonhos de noite pouca
Poucas noites de luz branca
Brancas faces de sorrisos certos
Certas mãos que pequenas foram

Fomos nós os que vivemos
Vivo agora de passo em passo
Passo os dias pensando em formas
Formando o gesto do descompasso

Minha mente engessou meu andar
Ando então a procurar pular
Pulo com os movimentos presos
Prendo o peito do choro velho

Novos atos pretendo ter
Tendo a noção de todo o tempo
Tempo que move como um alguém
Alguém de algum lugar que já fui

Fomos nós
Fui eu
Agora quem?
Já não sei mais

sábado, 23 de maio de 2009

Sol com fé...

É a mistura da beleza
Com a mais pura natureza
Areia em mim
O sal em nós
Um pouco do muito
Do mundo feroz
Que arde nas minhas costas
E faz com que pule a maré
Na manhã depois da chuva
Que traz a junção
Do sol com a fé
Depois de tanta disputa
Quero a paz
Do sol com a fé
Em meio a tudo confuso
Quero a lucidez
Do sol com a fé
E os amores que vão e que vem
Só param no colo
Do sol com a fé

Ocupação na reitoria - 22/05/2009

Na manhã da última sexta-feira, dia 22/05, cerca de 25 estudantes se reuniram na reitoria da Universidade Federal do Ceará para participar da reunião do CEPE. Chegando ao local, os estudantes se depararam com um cordão de isolamento na frente da porta que dava acesso ao local da reunião, o que demonstra a “receptividade” do REItor com relação aos estudantes. Após algumas negociações e quando foi provado que não havia nenhuma norma que proibisse o acesso dos alunos a qualquer reunião na Universidade, tivemos o acesso liberado.
Ao iniciar a reunião, após a fala sobre o que seria votado naquela manhã, o companheiro Thiago Arruda se inscreveu e teve o direito a voz. Arruda defendeu que antes dos 19 cursos serem aprovados naquela reunião, houvesse um espaço para o debate sobre o projeto desses cursos, que por sinal não existem de forma concreta. Seria óbvio, pois em qualquer lugar do mundo que sugere democracia, primeiro debate-se para depois votar algo. Porém, a opinião de Thiago e dos demais estudantes foi esmagada pelo conselho que de maneira unânime desconsiderou a nossa intenção. Engraçado, mas não é de se estranhar esse posicionamento em um espaço que, em regime democrático, não tem a menor legitimidade.
Além disso, é de se frisar a posição do DCE, que a todo momento foi contra o nosso posicionamento, logo não defendendo o direito dos alunos em discutir o REUNI. É estranho compreender essa posição do diretório, pois se sabe que, no Congresso dos Estudantes, foi dado como contrária a aprovação dos alunos ao projeto REUNI. Afinal de contas, quem o DCE representa? DCE (Diretório Central de Quem?)
Bom, o companheiro Arruda conseguiu entregar nas mãos do REItor a proposta de discussão do projeto de expansão na UFC e nesse manifesto há uma convocação dos alunos e da sociedade para discutir os pontos do REUNI, pois o nosso posicionamento é a favor da criação de vagas e de novos cursos, mas eles devem ter a qualidade assegurada, o que não ocorre com o REUNI.
Após sermos triturados em votação, foi decidido que sairiamos da reunião, pois aquele não era um espaço legítimo. Ao sairmos, com canções do movimento, nos deparamos com uns outros vinte estudantes que estavam do lado de fora da reitoria. Eles estavam do lado de lá do famoso “cordão de isolamento”, o que reitera o posicionamento da Universidade em barrar os estudantes dos espaços a que nos é de direito. Após muita discussão sobre o nosso direito de entrar, os estudantes que continuavam a andar em direção a porta, foram empurrados e agredidos pelos seguranças da UFC. Após esse festival de barbárie (comum na Universidade Federal do Ceará), os estudantes conseguiram entrar no espaço que é nosso!
É importante ressaltar que a culpa não é dos seguranças. A culpa das agressões não está com aqueles guardas patrimonialistas terceirizados, pois eles só recebem ordens. A grande culpa disso tudo está na política e na visão que a REItoria tem em relação aos seus alunos. Cansamos de ser agredidos pela Universidade, sem contar com vários relatos de atitudes homofóbicas e constrangedoras em diversos espaços da Universidade. Temos que verificar se os espaços públicos estão sendo respeitados como tal.
Os estudantes tiveram uma conversa com a Pró-reitora de assuntos estudantis, que disponibilizou-se a responder todas as questões que foram apontadas a ela naquele momento. Ou seja, temos uma garantia, que fora registrada pela imprensa, de que essa política da UFC deve ser reavaliada, pois o estudante não estava ali para apanhar, mas para garantir que sua voz seja reverberada no espaço que já é dele.
Resumindo, o projeto foi entregue, garantindo-se como apartidário e a favor da expansão universitária. O que queremos é discutir essa expansão e garantir que ela vai ser acompanhada por uma qualidade real. Não queremos estender o sucateamento para todo o estado do Ceará. Queremos que o interior tenha uma boa universidade e ótimas condições para estudar. Coisas que esse projeto REUNI não garante. Então, não dá para continuar aceitando esse festival de aprovação de cursos em bloco, sem projetos, sem infra-estrutura garantida, sem verba proporcionalmente superior. Não dá para aceitar que a Universidade Federal do Ceará seja tão arbitrária ao ponto de abrir concursos para cursos que sequer foram aprovados. Então para que votar?
Então, todos estão convocados para a Assembléia Geral que discutirá um projeto real de expansão com qualidade para a UFC. Todos, incluindo: sociedade, estudantes, professores, demais conselheiros do CEPE e também o magnífico REItor. O debate ocorrerá no dia 03/06/2009 às 14h na REItoria. Desde já, destaco a participação de todos os estudantes, para que possamos formar um modelo que contemple de fato a sociedade cearense e garante uma Universidade Pública interessante a todos e que não sirva só para alimentar a propaganda eleitoral com números e mais números.
Queremos o debate! Queremos um projeto real e que aponte qualidade na expansão! Essa é uma bandeira do Movimento Estudantil: Expansão real e com qualidade!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lição...

A poesia não tem cor, não tem forma, não tem gênero e não tem mentira. Ela é minha. Ela fui eu e, se preciso, por muito será. Ninguém pode desclassificar uma e dizer o quanto ela vale. Só alguém que pagaria por amor poderia pagar por uma poesia. Só alguém que não comeria por desgosto não comeria poesia. Só alguém que pragueja contra a pessoa amada não faria da poesia algo bento.
Entristeço-me por saber que o pouco do muito que fiz, valeu para ser o tudo que julgam agora. Poderia ser pior. Poderia usar o corpo como instrumento em benefício do meu prazer. Poderia usar um coração como instrumento de meu aquecimento. Poderia usar uma boca em prol da minha sede. Poderia usar uma forma para formar a minha que desfez-se. Mas não. Eu escrevo. Eu escrevo. Eu escrevo. Eu escrevo...
Se julgas o amor distante, aqui é POESIA. Então sinta que assim será, tendo em vista não machucar ninguém e nem arrepender-me da tinta desperdiçada.
O amor não se esvai, se escreve, se inscreve e se descreve: em forma de versos, sabemos.
Nunca julgue a dor de um poeta, pois ela só dói de letra-em-letra e nunca mais parodie os versos que não teve capacidade de sentir como fora escrito.
Viva a liberdade que tenho de escrever e de enredar os meus sentimentos, que (não) são confusos em mim. Se o coração grita de um lado, a convivência e o corpo berram de outro. E no conflito quase que Freudiano, controlando as pulsões que deveriam ser só sentimentos, encerro aqui dizendo: Os amores não passam, não acabam, não se escondem e não morrem. No máximo, se guardam ou fingem ser sobrepostos pelo tempo e pela distância.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ir para aqui...

A vida que passa
Sem licenças para quem
Vê-la desse modo
É como interpretar
Conhecer os caminhos
As elipses que de nós nasceram
Nas brechas do concreto
Com certo ar de invasão
Num passo que passa a Flor
Num passo que passa a Estrela
Num passo que passa a Moça
Passemos então
Para sermos a própria descrição
Densas como Tal
Fixas como São
Vamos e ficamos aqui mesmo

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Desconstruo...

Vibro na estática
De quem se desfez
Para se refazer
Pulo ao chão
Que piso com as mãos
Para me readaptar
Danço enquanto durmo
Faço par comigo
Para ouvir o silêncio
Leio tudo o que nem escreveram
Com letras borradas
Para esquecer o que foi de cor
Bebo o sangue branco
Fumando até as pontas
Para tragar o esquecimento
Logo, me acho
Perdido

domingo, 17 de maio de 2009

Esquina doente...

Essa é a dor do querer
De lembrar o que se sente
Mas não se pega
Não se cheira
É tudo meio real
Mais ou menos ideal
A realidade virou sonho
É triste
É nosso
Compramos
Um pouco da dor
Sem preço
De tão eterno que se é
Sentir o calor da frase
O fervor do nunca mais

Na sombra do azul

Etílico...
Etéreo...
É fora que fico...
De dentro me cerco...
Não sei se posto...
Ou se guardo para mim...
Mas acho que gosto...
De pontos assim...
São sete, não é?
Em tábuas virtuais...
De toda uma vida...
Que ficou para trás...
Aproveite o tempo que for...
Da sombra do tempo que fui...
Nem sei por que se lembrou...
De ligar mesmo assim para mim

Reunião de Departamento - 12/05/2009

Meus queridos amigos de curso, volto aqui para fazer um breve relato sobre a nossa última reunião de Departamento... reunião... reuneão... Pôxa, fiquei confuso agora, tal como a nossa ata que iniciou mais essa cômica reunião, trocando REUNI por REUNE. Bom, mas isso é o de menos, pois no lugar em que todos aqueles professores se REUNEM a ata é apenas uma figurante.
Bom, para iniciar, redundantemente, tenho que dizer que a reunião atrasou. Era 15h25 e só tinham chegado os professores Haguette e Jakson, enquanto todos os outros chegaram num bloco só. Ê tradição! E o mais engraçado foi o momento “marketing”, quando todos se sentaram, antes mesmo de dar início às pautas, houve uma série de propagandas. Primeiro, o professor César Barreira falou um pouco sobre a sua chapa na eleição para a ADUFC e, em seguida, a Professora Maria Luísa falou sobre o Crítica Radical.
Enquanto falava, o professor César apontou alguns projetos de sua gestão, como a criação de um cineclub(e)[?] e de promover alguma forma de socialização do conhecimento gerado pelos professores. Mas quando fora questionado sobre a posição social da ADUFC, como um sindicato, ou seja, a função que ela pode ter para a sociedade, o professor deixou a desejar, tendo em vista não ser um ponto tão importante assim, no que toca a propostas para professores universitários. Conclui-se que também as propostas demonstram um “desposicionamento” dessa ala da universidade, em temas como cotas ou o próprio REUNI. Estranho, mas acontece.
Já na fala de Maria Luísa, houve um certo receio, por motivos que só os olhos dos presentes conseguiriam descrever. Desculpem, mas dá muita vontade de rir, enquanto digito isso. A professora deixou claro o apoio da Unifor no projeto, inclusive cedendo o local para os eventos do grupo. Porém, Haguette, no auge de sua experiência, alerta a professora: “Cuidado, a Unifor pode querer cooptar vocês”.
Em seguida, houve a apresentação da nova gestão do Departamento, que já vai dar início a brilhante e inexplicavelmente tardia idéia de se criar um site para o nosso curso, com o auxílio do professor Jakson Aquino. O Professor Cristian e o Professor Fleming sugeriram que os professores mandassem os programas das disciplinas que eles deram, para então os alunos poderem entender que autores e que textos eles vão ver em cada disciplina, para então, quem sabe, diminuir o arrependimento após a matrícula. Considero uma ótima idéia, sobretudo por que foi deixado claro a autonomia do professor em alterar o programa, respeitando a ementa (claro!). Porém, na hora de falar sobre a necessidade dos professores em enviar essas informações, o som foi de “cri-cri-cri-cri”... ou “Se for para todos os professores fazerem, não conte com isso”. Mas fica a expectativa de haver esse compartilhamento dos programas, até para evitar que os textos se repitam em cadeiras simultâneas... Logo, também é válido como uma forma de planejamento de aulas, pois como diria a professora Sulamita “aqui é tudo espedaçado” ou Haguette “Foi do tempo em que a coesão era maior”.
Depois disso, só pontos foram pontuados e REUNIdos na pauta. Falou-se da abertura do edital para o cargo de professor de Antropologia e também sobre a aquisição de novos equipamentos para o Departamento, como mesa de som para o auditório e ar-condicionado para a sala 08. Imaginem vocês se a Professora Simone Simões descobre que eles querem colocar ar-condicionado na sala 08, acho que ela iria enlouquecer ou dizer que “em 36 anos de magistério nunca viu algo tão atrevido”. Também houveram defesas de deixar um datashow e um computador em cada sala... pausa... respira... pausa... respira... UM POR SALA. Tudo bem, na Ècole de Lyon, quem sabe. E também sugeriram trancar as salas, até que alguém (inominável) falou: “E onde as pessoas farão sexo?”. Taí. (pausa... respira... pausa..)
Depois disso, me retirei da sala para evoluir a fase oral, apontada por Freud, fumando um pouco nos corredores, até achar melhor cuidar de assuntos internacionais, ou seja, não voltei à reunião, mas no decorrer do dia peguei as outras pautas que foram apresentadas.
Falaram sobre a licença sabática da Professora Irlys Barreira, que será de 15/08/2009 até 14/01/2009. Também falaram, a exemplo da reunião anterior, que marcarão uma data para a discussão do novo projeto pedagógico do Professor Uribam. Um dia, sem data. Vai chegar. Inclusive, com uma dessas discussões abertas aos alunos. Interessante, mesmo sem saber quando.
Também foi falado sobre o projeto da Professora Linda Gondim e sobre o nosso Departamento de Ciências Sociais da UFC que irá sediar o Encontro de Ciências Sociais e o Encontro de Professores de Sociologia, que ocorrerão em novembro do ano corrente. Olha só, o nosso Departamento vai se movimentar no fim do ano e é importante a mobilização dos alunos para contribuir e compreender os eventos como algo nosso.
Bom, meus queridos, por ora é isso mesmo.
Ah! Antes de encerrar, queria parabenizar os alunos do curso, que estavam presentes na reunião, pois, de início, pareciam estar em maior quantidade que os próprios professores. Falo isso, pois é importante haver essa representação indo além da REPRESENTAÇÃO DISCENTE OFICIAL. Até por que os alunos podem decidir e pensar coisas que professor nenhum conseguiria. Enfim, fiquei feliz em ver aquele monte de aluno ali naquela sala, valeu à pena pôr medo neles. Hehehehe... inclusive vimos a preocupação de alguns professores dizendo assim: “O que vocês estão tramando aí”. Aí eu respondi: “Nada, mas temos um refém”, me referindo ao professor Jackson que estava ao nosso lado. Engraçado, mas após essa fala o Professor saiu de perto da gente e pôs-se ao lado dos outros professores... Hehehehehe
Viva!
Um abraço a todos que pacientemente leram isso.
Boa noite a todos, agora vou dormir para ficar sóbrio para logo mais. Desnecessário? Talvez. Fazer o que então.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cravados...

Pensava ser imortal
Descobri que morro
Que me mordo
Que me mato
Que me escondo
E nunca me acho
Não sei onde encontro
Nem sei onde encaixo
Só sei que despejo
O que não suporto
Não cabe em mim
Nem em ninguém
É densa e escura
Fumaça urbana e leviana
Só eu vejo
Na minha noite
Na noite delas
Sem sonhos e planos
Sem rosas e perfumes
Agora é só eu
Eu e Deus
Eu e as Flores
Flor cravada no meu peito
Que sangra em seu vaso
Que floresce nas artérias
E frutifica na dor
É boa flor
De luz... De-Lis ou Dis-sabor
Sabor de "até o fim".

domingo, 10 de maio de 2009

Dor de amor...

Quente que nem sei
É o corpo que encontrei
Respiro de perto para saber
Toco como em brasa
Firo o rosto
Perco a barba
Aos poucos volto a dedilhar
E meus dedos também sentem
Gemem todos os dez
Trazendo o gosto para a língua
Fogo agora nas palavras
Foram incineradas em mais uma tarde
Daquelas...
Quentes...
Dolorosas...
Que rompem o que já fora rompido
Que queima o que já pega fogo
Que dói o que já se ama

sábado, 9 de maio de 2009

Viva aos sonhos do acordado...

É como se tudo o que pensei, fosse apenas tudo o que pensei. O chão do amor é o que se pisa, mas os pés não medem a força dos passos sozinhos. Preciso pensar... dormir... chorar... sorrir... Aí quem sabe volte a pisar, não no mesmo chão, pois este já foi acimentado. Quero ter condições de um dia me sentir seguro para cavar e lá plantar "sementes de além mais" e "sementes de apesar de tudo", com o fim de colher flores de amor, paz e liberdade.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

De volta...

Não sei se será
Não sei o que é
Quem dera o que foi
Pro bem de qualquer
De dentro e de fora
Eu sinto o destino
Dando passo-a-passo
Num tango argentino
A dança que quis
Nem escolhe parceiros
Só pisam afins
Dos beijos ligeiros
Foi assim que se deu
O Tal do destino
Mais forte que eu
Um homem-menino
Que sonha
Que chora
Que ama
Livre, agora. (?)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nova flor...

Num passo pequeno
A noite voltou com outros olhos
Meio me vendo em verdes
Quase enxerguei seu cheiro
E a flor que balança por perto
Soprou do vento que entendo
Fez forte no toque das pétalas
No espaço de cada abraço
Éramos eu
Éramos nós
De línguas diferentes e iguais
De olhares de fome e de paz
De um corpo seu e meu
Por isso o jardim sorriu
Com a Flor que hoje nasceu

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Onze noites...

Já vejo os portões se abrindo
E aquela sensação de fim
Do início
Do recomeço
Tudo se mistura rumo à porta
Ela se abre e treme
Como se não quisesse
Mas eu vou
Isso faz o vento desistir de passar
Todos vão desacreditar em mim
A fé que tinham fez-se odor
Em meio ao enxofre que deixo
É tudo podre por aqui
Quase um sanatório em fervura
Cérebros lavados com sangue e fogo
Aquecendo o leite de poucas mentes
Agora eu vou indo
Por Deus, como vou correr
Esta é a chance de ter a trégua
Um pouco menos de inferno
Menos lágrimas para quem me tortura
Descerei as escadas e me identificarei
Para dizer que por onze noites não mais
Adeus ao próprio demônio
Que num toque de ligação
Sussurrava diariamente:
- Atenda-me, eu sou o cão!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Coff...

A vida é como
Como e devoro Tal
Tal que fonte do meu mal
Mal de sombra doce
Espesso como as cinzas
Que aspiro e me permito
Tudo seco e sem filtros
Amarelando o peito do Vivo
Todos os dias de cada vez
Inspira em mim
Sopra em vocês
É fogo demais
Na tosse voraz
Um jogo de sensações
De sentir Vida
Do Coração

sábado, 18 de abril de 2009

MAR-CEu-LOnge... CAntandoMElhoresLOucuras


MAR, salgado és por ti e o

CEu, azul fez-se por nós

LOgo, o vento assobiou o amor


CAntando num tom meio que só eu sei

MElhor é ver a euforia do silêncio

LOtando o meu clarão de escuridão


Obrigado, Moço

Por cantar meus passos

E recitar

Onde me encaixo

Onde me vejo

Onde me acho

Meu sonho vivo

Amigo desconhecido

Caro, Marcelo

Falei contigo


Nessa noite...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dia de Mariana...

Ê Cientistas Sociais! É melhor dar dinheiro, mas nunca dê liberdade a eles, ainda mais se andarem em bandos. Falo isso por que hoje vou contar como foi o dia de uma grande amiga, sob os olhos de alguém que se sente à vontade para pensar.
Tudo começou quando, ao final da aula da nossa querida AntropoLéa, decidimos ir todos juntos fazer nossas inscrições para o ERECS (Eudênia, Eu e Mariana [...]. ), pois nossas colegas Ana e Luan não puderam nos acompanhar na ocasião. Então fomos todos, curtindo um dia bem ensolarado, almoçar no RU ao brinde de uma coca de 600ml.
Mariana, de início revela-se um pouco perdida dentro do restaurante universitário, sem saber o preço do almoço, onde pegar a bandeja ou também no momento em que quase entrou pela porta da despensa ao procurar o banheiro feminino. Mas isso ainda parecia apenas algo normal para quem há tempos não ia ao lugar.
Em seguida, decidimos ir até a Agência da Caixa Econômica Federal do Shopping Benfica para efetuarmos o pagamento da inscrição de nosso encontro, só que, após ser barrada três vezes pela porta giratória, Mariana descobre uma fila impressionante e nos dá a idéia de efetuar o pagamento então em uma casa lotérica.
Seguimos nossa amiga e fomos até a casa lotérica, que se encontra na parte externa do shopping (sendo que Mariana também se enrolou no trajeto, pois ao sair do banco foi em direção contrária, mas logo assumiu que sempre se perde dentro do Shopping Benfica). Ok. Normal.
Na Casa Lotérica, a fila era realmente bem menor, então daria tudo certo para fazermos nossas inscrições... Papo vai e papo vem, esquematizamos uma estratégia de garantir um bom fluxo na fila, falamos de propaganda, música, fome e jogos de azar, até que chegou nossa vez... “Nossa vez” lê-se a minha e a de Eudênia, pois, quando Mariana foi pagar, a senhora do caixa graciosamente nos comunica que o limite de depósitos foi atingido.
Desapontados, curtindo o melancólico som do homem que quebrava o asfalto, ouvimos mais um desabafo de nossa protagonista que desta vez nos clama ajuda para ir até a biblioteca, pois ela já no 3° semestre resolveu pegar um livro naquelas dependências. Soou um pouco estranho, mas como a amamos, procuramos entendê-la como alguém que prefere comprar seus livros ou não teve mesmo tempo de visitar a biblioteca em um ano e meio de curso.
Ao chegar lá, ensinamos a protagonista a localizar os livros nas prateleiras e de uma forma bem divertida ela aprendeu e nos agradeceu bastante. Após isso ainda tivemos que encarar a fila para fazer os empréstimos dos livros por ela escolhidos. Aí quando chega sua vez, Mariana adianta-se, saúda o funcionário, que diz:
- Matrícula!
Mariana, deslumbrada com o momento verbaliza em alto e bom som:
- 0-2-9-9-3-5-9.
Ela e o funcionário se entreolham, até que ele desvia seus olhos para a “maquininha de digitar o número da matrícula”, então eu e Eudênia não nos seguramos e decididos dar aquela graciosa “mangada da cara dela”. Tudo bem, dar uma chance para o novo, não é amiga? Quem sabe não fosse só uma maneira de protestar sobre problemas no funcionalismo público. Após isso, descemos correndo pela rampa de acesso para deficientes físicos.
A empolgação era tamanha que Mariana quase ia embora sem a sua bolsa que pusera no guarda-volumes. Tudo bem, pois é só mais uma distração. Em seguida o sorriso de Mariana que belamente despontava, dá uma leve amarelada ao olhar para a porta e ver que caia uma “baita” chuva. Eu como sou um novo incentivador da ousadia e da felicidade resolvi sugerir que fossemos na chuva.
Elas aceitaram. Cigarros e livros devidamente guardados, decidimos nos molhar nesse grande mundo. Alguns “passos regados a risadas” depois, Mariana dá-se conta de que naquele momento ela calçava uma linda sandália de camurça e que, posteriormente, os resultados seriam um tanto quanto descartáveis, além de ter demonstrado um leve arrependimento de sair na chuva, pois ela iria para a reunião do PET na mesma tarde.
Sei que seria uma reunião molhada, amiga Mari! E deve ter sido. Depois de tudo isso, também molhado, decidi “dar a Elza” na minha aula de francês e vir para casa me secar. Quando chego, olho meu celular e encontro uma mensagem de nossa heroína contando que quase quebrou a chave da sala do PET ao tentar entrar.
A vontade era muito grande, eu sei.
Acho que hoje foi um dia da garota que se arriscou, sabia? Arriscou a fazer coisas que há tempos não fazia ou que nunca fez. Ela encarou as filas, as fomes, as águas, os tempos, os desafios, as novidades, as risadas indesejadas, os materiais que quando molham estragam, os caminhos que parecem muitas vezes os corretos, as máquinas que substituem o diálogo... Enfim, ela foi e nos acompanhou nessa tarde que sempre me fará dizer que há um “Dia de Mariana”.
Embora pareça ser trágico ou ao menos algo que parece azar, dias como esses só são vividos pelos ousados e por aqueles que não impõem barreiras ao próprio sorriso, mesmo que a custa de muitos contratempos supracitados. Parabéns, amiga Mariana, pois a cada dia minha admiração por você aumenta e o perfume ATELEANO nos une cada dia mais. E aos nossos colegas ausentes, que também estão embebidos nesse perfume, lhes cabe o direito de sábado “frescar com a cara dela” com expressões como “Matrícula!”.
Um beijo, Mari, que me permitiu escrever isso e exercitar o meu ócio forçado em prol da história da menina que fez o povo se aglomerar em filas, fez os equipamentos roubarem os caracteres, fez a chuva aguar até quem não queria e descobriu o novo mundo que sempre esteve incompleto até que ela desse o ar da graça.
Viva ao dia de Mariana, a menina que também me fez deixar o Lévi-Strauss de lado para falar dela. Agora vem o sono... nada de livros, por hoje ao menos.

domingo, 5 de abril de 2009

Toma esse anel...

Põe o anel no dedo
Confia em mim
E vem sem medo

Põe novamente o anel no dedo
Como se redescobrisse
O meu grande segredo

Põe de novo essa aliança
E fecha os olhos
Dá-me sua confiança

Põe agora um ponto atrás
De quem achou
Que não dava mais

O amor é maior que tudo, Moça
E me alimenta
Nos dando força

Agora vamos assim sem dor
Temos nas mãos
A flor do amor

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Que venham as folhas...

A gente se senta
E não sente
O hálito do riso
As cores do abrigo
Sobra esse soluço vil
Em conta de pouco
Por dentre as lembranças
Saudades que pedi
Ofereci-me
Porém não assim
Parece sem fim
A faca em suas mãos
Cravadas em mim
Fui eu quem pedi, Moça
Ser só sem sentir dó
Sem seu ou meu
Sofrendo a dor de quem colheu
Colhi e escolhi
Se hoje dói mais em você
Queira Deus que destrua só a mim
Aos poucos, melhor
Plante meus restinhos no jardim
Deixe a tampa aberta
- Quero ainda ver o céu
As árvores que ainda restam
Uma delas ainda é verde
Tem fruto, eu sei
E a folha dela é tão sincera
Tremula, sem noção do que vou ver

terça-feira, 31 de março de 2009

1ª reunião de departamento...

A minha primeira reunião de departamento foi algo já inesquecível ou pelo menos inesquecível até que venha a segunda. Ah! Como meu amigo Jorge tinha razão sobre tudo isto! Bom, mas a proposta da escrita nessa madrugada é de fazer um relatório sobre o ocorrido, então se segue o próprio.
Inicialmente, foi posto que os dias 02 e 03 de abril seriam considerados um recesso, conforme o calendário da própria Universidade. Logo, alguns professores já deixaram claro que não iriam liberar os alunos para o evento, pois eles certamente não iriam participar. A professora Sulamita considerou a atitude dos alunos como “de colégio” e declarou sua posição contrária ao recesso. O professor Domingos aproveitou para expor sua insatisfação com o mês de abril, que só disponibilizava a metade de cada semana para haver aulas, devido a tantos feriados e eventos, como a Semana Santa, Tiradentes e Semana de Humanidades.
Aliás, a Semana de Humanidades foi alvo de fortes críticas, pois não faz parte do calendário universitário, no sentido de ser considerado um recesso. Isso alimentou mais ainda a posição dos professores que são incondicionalmente a favor das aulas e que não crêem em vida inteligente fora do Departamento. Aí quando tudo parecia estar caótico, expus que ainda haveria o ERECS e que boa parte dos alunos iria estar ausente. Logo, o professor Valmir suspira e diz: “É um problema”...
Sucintamente, altera-se a pauta! Agora o tema é a segurança no curso noturno, pois outro dia houve um caso em que um homem pôs o revolver na cabeça do segurança. Porém, o professor Uribam Xavier, para tranqüilizar a situação, diz que ele só queria roubar a arma do segurança e nada mais... Pois é... Depois todos combinaram em melhorar a iluminação (obviamente deficiente) e que iriam estabelecer um certo controle na entrada do curso, como o fechamento do portão lateral. Bom, mas é como disse o professor Estevão, sempre houve aula à noite neste departamento, só que agora há mais gente, portanto precisa-se ampliar o esquema de segurança. Mas, mais uma vez na tentativa de acalmar os presentes, Uribam disse que já falou com o Fernando Henrique Cardoso (na verdade, Carvalho) e que conversou pessoalmente com o segurança noturno chamado Jimmy Carter... Estevão intervém e diz: - Só falta vir o Obama e o Clinton... Muda-se a pauta.
Houve as homologações de Mário Benevides (não é meu irmão) como professor de Sociologia, com a carga horária de 20h/semana por ser aluno da pós-graduação e de George Paulino em Antropologia, escolhido por uma mesa composta pelas professoras Simone e Isabelle. Em meio a homologações, tomaram “posse” os professores Cristian e Domingos como, respectivamente, Chefe e Vice-Chefe de Departamento, Alexandre Flemming como Coordenador do curso diurno e Uribam Xavier como Coordenador do curso noturno. Ainda nesse âmbito, foi posto que haverá um concurso para a vaga de professor em Ciência Política e tudo indica que será muito em breve para que a crise não estrague tudo.
O professor Uribam instiga o debate sobre uma nova política pedagógica que poderá culminar em: reforma curricular, mudanças na Licenciatura e a inclusão de novas disciplinas, angariadas, sobretudo, pelo novo e finalmente professor de Ciência Política Jackson Aquino. Ficou acordado que os professores marcariam uma data para elevar essa discussão.
Por fim, a representante discente Brenda e os professores Domingos, Sulamita e Estevão parabenizam a gestão de Valmir na Chefia do Departamento de Ciências Sociais, que durante dois anos cumpriu muito bem as atribuições do cargo, sempre mostrando-se muito solícito e com um comportamento excepcional com os alunos e com os demais professores, sem jamais abrir mão de sua atuação em sala de aula.
É... Acho que foi isso... São 17h10, final de reunião. Agora só me resta um cigarro para esquecer a cerveja do almoço e a conclusão que não cheguei. Acho que tudo é mais ou menos como um protocolo bem-mal definido e cristalizado, do tipo: “Quem concorda permaneça parado exatamente onde está”. Uma coisa posso garantir, a voz insiste em ecoar e como diria uma bela flor que conheço: “primeiro estranha-se, depois entranha-se” e assim será, pois é isso que um representante dos alunos deve fazer, entranhar-se na maquina que também é nossa.
Obrigado pela atenção de todos que se entranharam por aqui... Até lá...

sábado, 28 de março de 2009

Jardim da praia...

Menina da praia
Flor-ida de areia
Passeia no vem-to
Respira a má-ré
Cravada em meio à orla
Encontro a Flor teimosa
Que cheiro de mar
Que cheiro de pólen

Que pólen salgado
Que água rosada
E é você assim
O jardim da praia
Um início manhoso
Um corte sem fim
Ferindo meus olhos
Ira-dos do Sol
Da Luz...
Da própria Flor do mar...

Balançar...

A vida é um balanço indeciso entre o sabor e o dissabor. Um pêndulo desvairado e iludido em pairar no centro de seu trajeto. Está fora do alcance e é preciso se conscientizar que outrora fomos o doce e agora somos o amargo.
Diante da fragilidade e da condição de público que somos do nosso próprio espetáculo, resta-nos seguir com o credo do amanhã que fatalmente virá e do passado mais recente que se fora sem despedida. Será que há chances? Ou o melhor é sentar-se e deixar as correntes do balanço nos guiarem até que... Até que... Até que nós saibamos mais se somos ou fomos.
E o vai-e-vem será lúcido, finito e até...

domingo, 22 de março de 2009

Vento quente...

Vento quente no meio do nada
Recolhe-se frio em toda parada
Não deixe que o ritmo fuja
Não exite em ir mais rápido
Seque as gotas de meu suor
Mova meus cabelos secos
Só não diga que não tolera
Pois tudo podia ter sido evitado
Vento quente, se enxerga
Não rivalize com a frieza
Seja sempre tal nó cego
Grosso tanto que reflete
Por favor, vento quente
Repita uma vez mais
Mas não me poupe de chover

sexta-feira, 20 de março de 2009

Atestado...

Esta penumbra urbana
Que aflinge meu "eu mesmo"

Confesso, temo em retornar
Abrir mão dos sonhos
Ou talvez delírios
Foi bom adoecer, sabe?
Senti-me um pouco de tudo
Um pouco livre

Um pouco rico
Um pouco apaixonado
Um pouco cego
Só via flores e eu
No "jardim-que-acordei"
Deus existe
Enquanto eu morro
Pela força ou pela folha
Quiça a boa flor-de-lis...
E como cheira à vida e cravo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Como a brisa...

Sou tudo o que desgarra
Você é a flor que ainda agarra
Por tuas raízes que sempre serão
E eu que não sei que o que piso é chão.