segunda-feira, 8 de junho de 2009

Breve crítica à atual gestão do Centro Acadêmico Batista Neto

Fico pensando o quanto vale uma crítica e descubro que vale o sabor de novas reflexões. Ora, e se a crítica for a quem você gosta muito e a quem você dedica amizade e carinho? Valerá então a chance de gerar ações reflexivas no futuro e, quem sabe, a mudança que jamais será tardia, se houver boa vontade.
Então, por isso estou aqui: para criticar amigos, não pelo que são, mas pelo que andam fazendo politicamente. Entristeço ao ver algumas “desatitudes” dos meus colegas, integrantes do CABN. É duro creditar que passamos 21 dias sem reuniões no C.A por falta de quórum, sem contar que na última reunião antes desse recesso, por ausência de compromisso, pautaram-se discussões como “Quem vai ficar com a chave?” ou “Pode-se beber dentro do C.A?”.
Sinceramente, será que essas são as discussões mais palpáveis para as pessoas que se comprometeram em fazer política em nosso departamento? Será que esses temas são aqueles que de “braços dados ou não” vão nos levar a algum lugar em relação à sociedade? Será que dessa forma os interesses dos estudantes do curso serão plenamente defendidos? Creio que não. Tenho certeza que nenhum dos membros da atual gestão também pensa isso.
Ok. Depois de tudo isso e após algumas críticas apresentadas em reunião, descobriu-se que se deveria discutir política e fazê-la acontecer, como lhes foi incumbido com o voto dos estudantes. Então se propôs tirar alguns posicionamentos políticos da atual gestão do C.A, pois é importante que a instituição que representa os estudantes do curso de Ciências Sociais tenha posicionamentos, como boa parte dos C.A’s da UFC. O primeiro passo seria decidir a posição do C.A em relação ao tema de maior importância na universidade atualmente: o REUNI.
Na última reunião (03/06/2009) foi deliberado que, antes de se posicionar, o C.A iria se reunir com os alunos para estudar o tema do REUNI. Iríamos ler o decreto oficial do projeto de expansão, iríamos estudar algumas críticas feitas ao projeto e também alguns textos teóricos. Bom, falo “iríamos”, pois logo me interessei pela idéia do grupo de discussão e então decidi que iria participar para aprender e contribuir coma formação política dos estudantes. Então, foi decidido que no sábado (06/06/2009) às 14h no C.A haveria esse GD. Fez-se o ofício. Fez-se o convite em salas, inclusive nas salas dos “bichos” da manhã e da noite. Fez-se cartaz. E?
Até que chego sábado no C.A e me deparo com sete estudantes. Para ser mais claro: Franklin, Jonas, Jorge Luan, Santinha, Hector, Monalisa e Karen. Fomos oito. Oito! Quantas pessoas fazem parte da diretoria do C.A? Bem mais que isso? Creio que sim. Será que a presença deles não seria importante naquela data, deliberada em reunião, sobretudo, sabendo que a idéia era tirar o posicionamento político da entidade? Convenhamos que sim.
Meus caros, é óbvio que ninguém sonha em estudar num sábado à tarde, mas será que a vida política não requer alguns sacrifícios bem maiores que esses? Será que houve respeito com os que lá estiveram? Será que houve consideração com todos os estudantes que acreditaram num novo modelo de gestão mais participativo? Acredito que os que se propõem a fazer a tal da política ou que já a fizeram um dia devem ter a noção do quanto ela é pesada.
Analiso agora o panfleto da gestão, na época da candidatura, onde todos diziam coisas como: construir uma revista para o curso, parcerias e encontros com movimentos e organizações sociais, incentivo a discussões sobre cotas, alta atividade com o Movimento Estudantil, arrecadação permanente de dinheiro para o C.A, campeonatos esportivos, etc.
E então? Será que todas essas idéias, que por sinal eu fui um dos que primeiro assinei embaixo, inclusive como um apoiador da chapa (explícito na própria propaganda dela), foram dissolvidas pelo tempo e pelos demais compromissos da gestão? Eu, sinceramente, prefiro não acreditar nisso. Prefiro acreditar que tudo não passou de um sonho ruim. Prefiro acreditar que o dia de amanhã vai ser sempre melhor e mais produtivo e que a consciência vai voltar.
É muito difícil tomar um posicionamento dessa forma e ter que tornar pública a angustia que deveras sinto em relação ao descaso da gestão de nosso C.A e, sobretudo, às pessoas que fazem parte dela que, repito, são pessoas da minha extrema confiança e da minha admiração e amizade. Mas a política vai muito além das afinidades e do carinho, pois na hora que se assume um compromisso de entrar em uma gestão, está também afirmando que há disponibilidade e garantindo que os interesses dos estudantes será, de fato, representado.
Infelizmente, não é isso que ocorre. Infelizmente a voz da atual gestão do C.A não ecoa em parte alguma. É duro, pois acredito que “a vida estudantil não se restringe à sala de aula”, não hesitando em confiar na gestão quando afirmaram isso, porém não é isso que ocorre. Hoje, todos deixam os projetos, postos anteriormente, de lado e se dedicam aos seus próprios compromissos e às suas situações “sempre muito importantes”. Não é hora de julgar a vida e a agenda de ninguém, mas repito: onde está aquele compromisso de outrora?
Foi acreditando em tudo que expus na última reunião, na idéia de que as pessoas que estão na gestão jamais negariam diálogo aos estudantes, no respeito que há com a diretoria, na esperança de melhoria e que a política tem o poder de reacender a vontade de lutar é que escrevo esta nota. Não com a única finalidade de criticar, mas de reanimar, de chamar para o debate, de dar a cara a bater e, acima de tudo, de mostrar que os estudantes devem fiscalizar.
Portanto, meus amigos, essa é a hora. Certamente, não toquei todos os pontos necessários, mas tenho certeza de que minhas palavras dizem um pouco o que os alunos pensam sobre o atual momento político. Então, é hora de fazer algo de verdade e de encarar a gestão como algo que realmente pode gerir algo pelos estudantes. Espero que após essa crítica, todos os gestores se conscientizem e procurem melhorar, e, sabendo da capacidade dos que lá estão, tenho certeza de que isso irá acontecer. Também espero que os demais estudantes passem a ter coragem para também expor o que pensam e a fazer suas respectivas críticas e cobranças, pois tenham a garantia de que o C.A vai assimilar isso de alguma forma.
Bom, já me estendi bastante, então é hora de dizer só mais uma coisa: Confio em vocês, como há quase um ano confiei!
Um beijo a todos e boa sorte nos próximos passos.
“Não sou feliz, mas não sou mudo: hoje eu canto muito mais” Belchior