sábado, 1 de dezembro de 2012

Afogado num copo...

Queria saber nadar.
Não, antes disso tem algo.
Queria mesmo ter uma piscina.
Tá...
No fundo, no fundo não é nada disso.
Queria um lugar pra me afogar.
Sem parecer de propósito.
Sem parecer num copo.
Sem bebida.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Longe dos "cidadãos de bem"...

Definitivamente, andem longe dos "cidadãos de bem", pois são estes que mais contribuem para estigmatizar e invisibilizar os demais. O conceito de cidadania há muito tempo tornou-se o carimbo de uma espécie de processo civilizacional e que ocorre, ainda, diariamente em todos os espaços sociais em disputa.


É triste ver jovens crucificando outros, com discursos do tipo "somos trabalhadores" e "vocês são vagabundos". Vejo isso consecutivamente há 36 horas e já não tenho mais paciência pra tanta falta de sensibilidade. O caso que mais me enraiva é no que toca a crítica às torcidas organizadas.



"Vândalos", "marginais", "vagabundos", "pirangueiros" são dos principais termos utilizados pela "juventude do bem" para classificar a "juventude perdida". Honestamente, pensem como deve ser difícil não ter um rosto... não ter uma identidade... não ser chamado pelo nome... não ter uma oportunidade... não ter onde encaixar-se... ter apenas rótulos. Rótulos cheios de estigmas e vazios de sentido e de soluções.




As juventudes pobres são invisíveis, como produto de uma sociedade que sempre está disposta a bater o martelo em nome do "bem". Infelizmente, as torcidas organizadas acabam funcionando como grandes trampolins para esses meninos. Estes que não são vistos socialmente, de repente são capazes de chamar a atenção da cidade toda, mesmo que despertando o medo e catalisando uma rede de poder e de violência que possui enraizamentos sociais muito profundos e bem distantes dos estádios de futebol. Essas raízes são frutos de longos processos históricos de exclusão, criminalização e de promoção de pesadas desigualdades. Portanto, pensar na violência desses torcedores apenas olhando para os eventos violentos que eles promovem em grandes jogos é negar-se a pensar em soluções para uma questão que não é de Polícia, mas é verdadeiramente social. Até porque a nossa PM só serve para piorar essa situação, pois só age com mais violência e pulverizando essas massas. 




É preciso abrir a mente e pensar nas trajetórias, histórias e narrativas de todos esses agentes sociais. Quem sabe perder o medo deles e ir em busca disso. Quem sabe exigir menos policiamento e mais ajuda para estes. Quem sabe abrir mais portas ao invés de exigir mais grades. Quem sabe compreender que estes jovens são da mesma faixa de idade que você, que é um juiz de merda que passa o dia inteiro no seu computador tecendo comentários que apenas reproduzem práticas estúpidas de fascismo, assepsia social, higienização e esterilização enquanto eles estão fazendo algo que no momento pouco te interessa, pois não te afeta, de fato.

sexta-feira, 4 de maio de 2012



Terei o prazer de participar do Programa "Sem fronteiras: Plural pela Paz", neste sábado às 14h na Rádio Universitária FM! Discutindo um pouco sobre futebol a partir de uma leitura sociológica, debatendo questões como a elitização do esporte, a Copa do Mundo e seus meandros, as torcidas organizadas, dentre outros pontos importantes. Quem puder ouvir e contribuir, será de bom grado.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Em busca das incertezas...

Taí uma espécie de missão que venho tomando como base em uma nova etapa de vida. Os processos de construção e desconstrução vão muito além de uma afirmação rasteira do que é dialético, materialista e bláblázista. Em muitos dos casos a illusio está presente e fomenta os discursos mais acirrados, imperativos e subversivos, contudo sempre pautados numa velha e arisca certeza de enunciados clássicos. Ora, se o caminho fosse mesmo dado e os grandes princípios fossem mesmo um norte, acredito que a história traçar-se-ia numa simples linha reta. Não há uma consequência lógica nisso. O que se há é um espírito de convicção e certeza baseada numa áurea chamada "ego" ou, inventando aqui, um "ego coletivo". É possível isso? Parece-me que sim. A certeza é das piores convicções possíveis que podemos ter, pois ela nos fecha de outros inúmeros horizontes possíveis da vida. De certo modo, grupos, coletivos, instituições e outros tipos de espaços com iniciais maiúsculas fomentam esse festival de convicções reformadas pelo discurso do "consensual entre nós". Não é isso que busco, tampouco acredito. Minha fé não vem mais na certeza, mas vem do próprio foco da fé: o absurdo. É por princípios de incerteza que me desloco radicalmente. Sem medo de rótulos, nem de ofensas e muito menos de críticas. Afinal de contas, é pra isso que estamos aqui, não? Estamos produzindo e trabalhando em busca de tensões e do endossamento de discussões através da crítica e do seu potencial transformador. O conhecimento é um possuidor dessa potência. E é na criação e recriação e nas várias perspectivas de olhar, ouvir, tocar, sentir, escrever, ler, rever, repensar, criticar, publicizar, refazer, remoldar, reler, reescrever, que mora o nosso jogo... Jogo sem territórios! O nosso jogo é não jogar nas regras de ninguém. O meu jogo é dançar na música deles, mas ouvindo um som completamente diferente. Falar o que se pensa é uma necessidade, sem medo da dor e sem decepcionar-se com as decepções. Assimilar e refletir a partir de posicionamentos diferentes deve ser obrigatório para quem se envolve com questões públicas, nem que seja exclusivamente no âmbito da opinião. Percebo que os rótulos são totalmente opostos a qualquer tipo de sombreamento de liberdade. Não há compatibilidade entre isso: rotular e ser livre. Daí, repensar inclusive nosso papel científico. Repensar essa ciência social, movendo-se dos esquemas de representação e classificação para uma dimensão capaz de pensar e produzir através das práticas. Uma prática das práticas. Sem moldes. Sem contornos. Com mais vida. Passar a não mais taxar e a se expor cada vez mais nos riscos das taxações. Só por isso, já devo ter recebido alguns destes rótulos e provavelmente o mais leve deles é o de "pós-moderno", como já ouvi até por não ter preconceito teórico [regra posta aos doutrinários da modernidade, correto?]. Concebendo isso como algo em construção e em disputa por todos nós que vivemos e pensamos nesse suposto momento presente, não vejo isso como pejorativo. Afinal de contas, é melhor correr o risco de ser um pós-moderno e buscar discutir o que está lá fora, que buscar postulados universais e pô-los embaixo do braço em busca da construção de um mundo em duas cores. Para mim, isto não faz mais sentido. É da incerteza que passo a beber e nela que vou dar sentido à vida. A crítica é a única arma que me resta e a única defesa que tenho das amarras da vulgarização da palavra "liberdade".

sábado, 21 de abril de 2012

Carta de Desfiliação ao PSOL/CE

Hoje, solicitei minha desfiliação do PSOL/CE e escrevi uma carta apontando alguns motivos para esse processo. O grande peso nesse ato é gerado a partir de concepções pessoais, políticas e científicas, acreditando, inclusive, que não há cisão forte entre essas três dimensões humanas. Exponho de maneira sintética alguns destes motivos e também a conclusão do texto logo abaixo: 1) Não tenho condiçõe...s de militar organicamente no PSOL, por não ter tempo disponível o suficiente para isso e não sentir do partido outras possibilidades de participação, como a produção científica-reflexiva-acadêmica, por exemplo; 2) Não vejo mais o PSOL como o instrumento capaz de catalisar lutas sociais prontas a romper com o sistema sociometabólico do Capital que aí está posto, embora aceite a tese de que é o Partido mais viável no momento. Contudo, não concebo participar de uma organização onde as massas não estão contidas. O PSOL, ao meu modo de ver, ainda é um partido formado, quase que exclusivamente, por intelectuais. Precisamos de intelectuais orgânicos, aos moldes de Gramsci, que podem e devem insurgir de diversos horizontes, sobretudo dos populares; 3) Também não posso participar de uma organização que vem nacionalmente reproduzindo uma tendência eleitoral muito complicada. Acredito que o PSOL deveria disputar as eleições para cargos parlamentares, pois estes assentos serviriam como espaço para dar "voz" ao povo e também pela concepção de Estado que possuo e da incompatibilidade de “lutas” que isto, para mim, implica. Porém, me desencanto ao ver o “disputismo” por cargos executivos e também não sinto, como supracitei, o povo representado por essa organização; 4) Sobre a preocupação com as classes trabalhadoras, ressalto que a presença delas é fundamental na luta, até por não acreditar mais no vanguardismo. O PSOL acaba reproduzindo essa lógica ao afirmar em suas propostas os caminhos para as revoluções, mas sem construir isso a partir das bases populares e sem sequer compreender quais revoluções estes espoliados necessitam; 5) Profissionalmente, sinto-me descontente com minha filiação ao Partido. Por ser uma Instituição e ter suas regras, inclusive estatutárias, acabei me engessando e considero ter diminuído meu potencial crítico a respeito da política. Portanto, avalio, inclusive, que minha desfiliação vai resgatar essa minha capacidade de analisar melhor a própria instituição; 6) Preocupo-me e, verdadeiramente, entristeço-me com a postura do Partido com relação à militância estudantil. Hoje, o que vejo presente no cenário do ME é, cada vez mais precocemente, jovens se aproximando dessas grandes instituições partidárias, o que acaba queimando etapas importantes para a formação destes militantes. Para comprovar isto basta verificar as atuais eleições para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará (DCE/UFC), onde temos claramente um embate entre jovens de PSOL e PSTU contra os governistas (PT e partidos da base aliada). Isto, em minha análise, não é nada salutar e ainda infla um discurso sínico de que não há influência partidária nesse processo. O que sabemos que não é verdade. Essa militância não é vivida, mas absorvida. Enfim, ressalto que considero o PSOL o partido mais viável e o que ainda aponta caminhos críticos dentro do cenário político brasileiro. Porém, o que me descontenta não é apenas a Instituição, mas justamente esse cenário. É com ele que desejo romper. Para tanto, preciso de minha liberdade de expressão e opinião restituída e acredito que essa atitude vai me devolver um pouco disso. Não quero ser isolado ao criticar e nem quero desrespeitar regras com que concordei. Se as eleições fossem hoje, sem sombra de dúvidas, meus votos iriam seguramente para o PSOL/CE, por compreender que são os quadros mais capazes na atual conjuntura. Entretanto, acredito que os modelos de organização e de instituição que concebemos já não são mais suficientes, tampouco capazes de promover uma verdadeira tensão emancipatória. Retomo minha produção acadêmica, onde almejo contribuir de uma forma mais coerente nesse processo de transformação. Tenho a convicção de que estamos do mesmo lado de uma trincheira, porém já não fazemos parte da mesma cosmovisão. O conceito de liberdade que venho moldando e descobrindo não combina e nem acrescenta nada sob a ótica de um Partido com "P". Sorte a todos os que permanecem nessa trajetória, obrigado por tudo e que construamos juntos, sempre que possível. Assumo que é na produção de conhecimento que posso resgatar e oferecer a crítica de algum modo à sociedade, não como homem de Partido, mas de Ciência. Isso também é política. “O novo não está no que é dito, mas no acontecimento de sua volta”. (Michel Foucault) Abraços radicalmente livres, Márcio Renato Teixeira Benevides Mestrando em Sociologia pelo PPGS/UFC

terça-feira, 17 de abril de 2012

A bem grosso modo...

A bem grosso modo. Os durkheimianos veem uma floresta. Os weberianos enxergam uma árvore e outra árvore. Os marxianos visualizam os lenhadores querendo derrubar tudo. Para resolver a questão: os antropólogos vão à campo e dão voz às humildes árvores; os sociólogos, analisam a relação geral a partir da teoria socioflorestal; os cientistas políticos caçam alguns frutos no chão e, depois da digestão, aplicam alguns questionários; aqueles cientistas sociais pós-modernos vão, no máximo, ficar pensando sobre o tom do verde ou quem sabe escolhendo uma boa trilha sonora pra minha historinha. Ah! Deve ter passado algum filósofo na hora, mas estava procurando algum pássaro ou algo do gênero.

sábado, 14 de abril de 2012

O último cigarro...

Quase oito anos de um vício, que só vinha em crescência em minha vida. Tem horas que as decisões precisam ser tomadas. Tomo a minha. HOJE PAREI DE FUMAR CIGARROS. Sei que não vai ser fácil, mas conto com o apoio de todos aqueles que gostam de mim e que desejam o meu bem e apoiam minhas decisões.

Um aperto forte na garganta
Pouco de choro
Mais denso que nunca
Menos forte que eu, agora
Menos preciso
Menos decisivo
Menos compulsivo
Cada trago foi uma descarga
De emoções vividas
De angústias reprimidas
Um sopro nos traços da vida
Esse era o último
Cheirava a último
Agora fede como o passado
Precisava disso
Dar uma série de fins
Do que só se enterrava em mim
Sou eu agora quem diz
Que a fumaça é enganosa
Perpassou meus olhos há muito
Com tanta força
Fazendo-me pensar como parte dela
Não sou pedaço de nada
Sou corpo inteiro
Sou mente disposta
Disposto a viver mais
Por ter por quem viver
Disposto a repensar
Por ter o que almejar
Fora o último
Tão saboroso...
Quanto um falso abraço
Cujo único modo de destruí-lo
É abraçando-o
Fumei-o
Pra nunca mais

domingo, 8 de abril de 2012

Geometrias...

Se amar e se entregar é um risco

Um poema de quatro versos é um traço

Trazendo um ponto perdido na curva

Desenhando dois corpos que vivem em compasso.

terça-feira, 13 de março de 2012

Fim da “Era Ricardo Teixeira”?

Trago alguns elementos defendendo a tese de que a saída de Ricardo Teixeira da presidência da Confederação Brasileira de Futebol não representa nenhum tipo de ruptura com o modelo de administração executado nos últimos vinte e três anos. Para tanto, dividi minha análise em três categorias, conforme segue abaixo:
- Democratização do Futebol: De forma alguma a saída de Teixeira fará com que o quadro antidemocrático no futebol brasileiro se altere. Para entender um pouco desse enraizamento é preciso frisar que a própria escolha do cartola deu-se por mecanismos “tradicionais”, tendo em vista que Teixeira é genro do ex-presidente da FIFA e da CBF João Havellange, que o indicou como seu sucessor. Além disso, com a renúncia de Teixeira, o vice-presidente mais velho dos cinco atuais é quem assumiu o cargo, no caso o ex-governador de São Paulo, José Marin, demonstrando um pouco do quanto é retrógrado estatutariamente a instituição, ainda fazendo valer a força do decanato.
Também é preciso verificar como essa falta de democracia parte no seio dos clubes e chega até essa Instituição. A rigor, qual o potencial de influência dos torcedores em seus clubes? Mesmo os que são associados, em que eles podem contribuir diariamente nas deliberações das diretorias? Será que o caráter econômico deve ser o único fator que separa o “torcedor conselheiro” do “torcedor de arquibancada”? Quantas ideias interessantes não estão sendo desperdiçadas com esse modelo? Enfim, ficam algumas questões pertinentes, mas que ficarão sem respostas por muito tempo. Afinal de contas, é esse modelo que mantém a configuração de pessoas que atuam no futebol hodiernamente. Portanto, seria pouco provável se os que estão aí propusessem mudanças que os afetassem.
- Relação do Público com o Privado: Sempre que se discute o futebol de modo sério, no caso com argumentos políticos e sociológicos, sempre insurgem vozes que questionam: “-Ora, que bobagem! Futebol é algo privado! Os clubes agem como quiserem!”. Correto? Categoricamente: Errado! É preciso inicialmente esboçar a caracterização do conceito de “público”. Existe uma confusão quase que dramática acerca dessa conceituação tão propagada pelo senso comum. Historicamente, sobretudo em nosso caso brasileiro, o público é sempre confundido com o “estatal”. A rigor, o “público” é todo e qualquer serviço disponível ao público, podendo ser, inclusive, de propriedade privada, como é o caso do “transporte público”, que pertence a empresas, mas está disponível ao uso da população em geral. Portanto, o futebol é sim PÚBLICO.
Partindo desse pressuposto, é necessário que haja regulação para essa atividade, como há para as empresas privadas que atuam no País, ao menos no plano teórico. Contudo, o que percebe-se é um afrouxamento exacerbado dessa regulação no Brasil, o que se agrava pelo fato de que nessas cercanias o esporte é de uma imensa popularidade, envolvendo todas as classes sociais, sobretudo as populares. Temos um Estatuto do Torcedor que, por exemplo, é completamente obsoleto em inúmeros casos e agora com a Copa do Mundo tornou-se mais um adereço legal brasileiro, assim como diversas leis, como as que regulam as licitações ambientais e as que envolvem questões sociais como a meia irrestrita para estudantes e a gratuidade para idosos. O argumento padrão nesses casos de desarranjo é: o evento pertence à FIFA, não ao Estado Brasileiro. Fato. Sem regulação, a entidade maior do futebol faz o que quer. Um detalhe importante nisso tudo é a carga abusiva de recursos públicos que são revertidos diariamente para o evento “da FIFA” e questões sociais abusivas como as quase seis mil famílias que estão sendo removidas do espaço urbano de Fortaleza por conta do evento “da FIFA”.
Enfim, tudo isso regulado pela CBF. Aliás, o Comitê da Copa do Mundo era liderado, não coincidentemente, pelo ex-presidente Ricardo Teixeira. Então, ficam mais questões: será que a saída de Teixeira alterará fatos como estes? Passará o Brasil a ter mais controle sobre o evento “da FIFA”? As leis envoltas nas questões do futebol passarão a vigorar de fato a partir de agora? A CBF deixará de funcionar como balcão de negócios para seus inúmeros patrocinadores? A Seleção Brasileira passará a ser um produto brasileiro ao invés de funcionar como outdoor ambulante em amistoso infundados?
- Elitização do Futebol: Outro fator de grande dimensão e que merece comentário é a elitização do futebol. Aos poucos, as capacidades dos estádios estão sendo drasticamente reduzidas. Os preços dos ingressos estão aumentando de modo exorbitante em todas as competições do futebol tupiniquim. As gratuidades e meias nos estádios estão cada vez mais escassas, sendo isso efetivado por medidas minimamente nebulosas. A negociação das partidas de futebol com as emissoras de TV privilegiando cada vez mais as transmissões em modo pay-per-vier. Os torcedores são criminalizados diariamente, sofrendo inúmeras agressões gratuitas no entorno dos estádios, através de medidas de “pulverização” por parte das entidades da segurança pública, que atestam ignorância e incompetência diariamente nessas ocasiões, abalizados, inclusive, por boa parte da imprensa, que ao defender o Poder Público acabam manifestando-se de maneira fascista. Além disso, o consumo de bebidas alcoólicas foi liberado para a Copa do Mundo, pois o público é “diferente” do habitual, ou seja, mais uma medida classista no futebol.
Enfim, estas são algumas das demonstrações do quanto o futebol vai aos poucos afastando-se do seu público principal: o povão. Esse padrão trazido drasticamente do futebol europeu deturpa a condição do futebol brasileiro de ser extremamente popular. O torcedor brasileiro é aquele que senta-se à calçada com seu radinho de pilha e conta aos amigos em mesas de bar acerca de suas histórias na “geral” do estádio de sua cidade. O torcedor brasileiro vem das classes trabalhadoras e teve seu direito cerceado de ir ao estádio, pois aqui os clubes ainda veem as bilheterias como principal fonte de renda, o que afasta o torcedor mais vibrante das arquibancadas.
Nesse sentido, qual o resgate que a “nova era da CBF” trará? O futebol brasileiro voltará ao seio do povo? A seleção brasileira vai voltar a emocionar essa camada da população? Teremos novamente arquibancadas multiclassistas no País da diversidade? O torcedor popular vai continuar no “step” das diretorias, sendo convocado apenas em épocas de crises, através de promoções populistas? O povão continuará sendo massa de manobra para angariar votos para aqueles que fazem do futebol um palanque?
Se parte substancial das perguntas suscitaram respostas negativas, acredito que a “Era Teixeira” ainda continua pela terrinha. Fato lamentável para aqueles que veem o futebol como um belíssimo fato social brasileiro, englobando elementos não apenas do esporte, mas da cultura, política, economia, folclore e até envolvendo a religiosidade do brasileiro. Entretanto, vale ressaltar que muitos estão deveras felizes com essa manutenção do “modo Teixeira de administrar”, sobretudo os que enchem os bolsos com essa situação e se travestem de homenageadores para o falso grande homem que, não menos falsamente, largou o barco na hora “H”. Acredite quem quiser. Aliás, as “Eras” sempre acabam nos documentos dos próprios legitimadores, como “Era Tasso”... “Era Lula”... E por aí vai... Melhor, vamos.

A convicção e as suas...

A convicção tem seus riscos

Suas ciladas

Peças não ensaiadas

O rosto do deslize

É bem verdade

Porém tem contudo

Tem mas e entretanto

Rica em si e em mim mesmo

Daqueles riscos bons

De se correr

De se caminhar

De se passear

Noites a dentro

Dias a fora

Preso na liberdade

Da mera certeza

Do olhar certo

Ou dos olhos acertados

Apontados um para o outro

Como armas brancas de fogo

Como fogo branco afiado

Queimando a reflexão

Os reflexos e seus temores

É... convicção!

Sem ti não há passos

Tampouco estrada

Quiçá amanhã

Então, entragar-se é meta

Missão da vida

Na vida

Aqui o faço

Sem receio

Ou melhor dizendo

Um receio convicto

De quem respira ar

De quem exala mar

E sempre que me acordar

Saberei que vivi

Por amar

Sem mudar

Nem recuar

Na única ânsia

De só temer por muito esperar

Na doida tranquilidade

Na loucura sã de cada dia

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher...

Momento propício ao politicismo e à hipocrisia nas redes sociais e nos espaços públicos. O Dia da Mulher deve ser garantido diariamente em todos os microespaços de convivência. Do mesmo modo, o Dia da Consciência Negra, o Dia do Orgulho Homossexual, dentre outro. É preciso quebrar os microfascismos em todos os espaços de luta e poder. A emancipação humana passa pela quebra de todas essas barreiras e isso começa pelos corações de cada um. Não é a criação de uma data que superará esses limites. Simbolicamente tem efeito? É possível. Contudo, o simbólico às vezes é restrito à uma série de códigos - ou meros símbolos -. Portanto, que o dia da mulher esteja vivo a cada amanhecer, em cada comportamento de todos os agentes envolvidos nessa rede frouxa que precisamos estabilizar cotidianamente. Caso contrário, o que estaremos criando serão diversos "dias da mentira".

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A boca e as suas...

A boca fala
Sem palavras
Só gestos de sabores
Uma ânsia de mostrar
Demonstra que sabes
Esperneia e diz
Se abre
Como deves
Se fecha
Como podes
Como pode!?
Um movimento meio assim
Sem pudor
Sem receio
Sem controle
Momentos de ver o canto
O encanto dos hálitos tortos
Das frases mal ditas
Das malditas, que se foram
A boca é uma espécie de forma
Molda os pensamentos
Alinha as imagens
Exala "preces cósmicas"
Sente o fio da meada
Denuncia as omissões da mente
Mente, não sente
E quando muito
Só quando quer
Mastiga as lembranças
As mais árduas
Sobretudo
Além disso
Quando magoada
A boca se esconde
Demonstrando sua força
Se cala
Mas diz
Se cala
Mas fala
Ao menos pra mim

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Perfume do mar...

O cheiro do tempo
Molda-se no vento
Contemplando o mar
É areia, é alento
A força da água
Lavando as correntes
Levando os viventes
Presos no pensar
Onda vai, onda vem
Em lugares além
Corpo vai, também vem
Com torpor, sem desdém
Era uma carne só
Na noite
Como se só existisse um lugar
A praia
Praia de todos os corpos
De todos os santos
De todos os cheiros
De todos os desejos
De todo ser
Que não queira ser
Só viver
Só viver...
Dormir pra acordar
Esquecer pra lembrar
Ouvir pra falar
Escrever pra recordar
O canto
O gosto
E o perfume
Da beira do mar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sonho de ontem...

O sonho é fluido
É torto
Engembrado como o passado
Malfeito e sem apego
Sem contrato
Só trato
O maltrato da mente
Reflexos da minha confusão
Sou híbrido e tolo
Sou denso e profundo
Sem tempo certo
Por certos tempos
Ontem foi mais
Um sonho em três modos
Vontade de correr
Receio por ficar
Pavor de voltar
E ao acordar?
Continua tudo assim
Irritantemente real
Sem respostas
Sem cuidados
Apenas meus olhos
E a necessidade de continuar
Um bom dia cruel
Com sabor de álcool na boca
Um sol impiedoso
Com cor imperativa
Uma lembrança vaga
De um sonho que não teve fim
Nem lógica
Nem sei se sonhei mesmo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A cor dos sentidos...

Tudo era vermelho
A novidade era assim
Sorriso e mão na mão
Como um tenso carmim
Tenso e teso
Constante e incerto
Jogo de trocas
De farpas
De medos
De abraços
Dados e devolvidos
Em justas medidas
Exageradas por si só
Em bancos de praça
Em bancos, de graça
Era vermelho
E ficou ainda mais
Pior que o sangue
Aquele derramado por nós
Mas nem tanto
Não se foi tudo
Ainda há veias
Velhas veias corriqueiras
Capazes de transportar vida
Vida em vermelho
Vermelho grosseiro
Estúpido como a própria resistência
Como o sentido da vida
Este...
Eu já sei
Tem uma cor
É vermelho
Foi vermelho
E vai ser até o fim
O final da visão
O final do sentir
O final do pulsar
De cada vermelho do viver

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O preparo do método...

A Metodologia de uma pesquisa sociológica deve ser o espaço mais covarde e mais corajoso ao mesmo tempo. É lá onde o pesquisador pesquisador se blinda e se mostra como agente de carne e osso simultaneamente. A pesquisa é como um preparo de alimentos e é na análise dos procedimentos metodológicos que se expõe os ingredientes ainda crus e como eles se tornarão uma refeição preparada. Como diria Leonardo Sa, a Metodologia da Pesquisa é a verdadeira cozinha.

Ainda sobre a "cansada" polêmica do clássico no PV...

Já deixei muito claro meu posicionamento acerca dessa questão em outra ocasião, diga-se de passagem, gentilmente publicado na coluna de Bruno Formiga. Contudo, alguns detalhes não me foram bem esclarecidos (e provavelmente para ninguém interessado).
Primeiramente, queria entender se essa história de que "o Ministério Público é quem decide" realmente tem fundamento. Compreendendo que este órgão não tem alçada para execuções, mas situa-se mais no âmbito da fiscalização e posteriores recomendações e possíveis ajustamentos. Será que a Federação Cearense de Futebol não é soberana para tais decisões? Lembro ter ouvido o presidente Mauro Carmélio comentar isso em outra ocasião, não? Enfim, esta é uma questão mais legalista.
Em segundo lugar, fico me questionando se essa mudança de opinião do Ceará Sporting Club realmente deu-se pela justificativa apontada pela diretoria. Já ouvimos diversos comentários sobre o assunto e isso não anda me cheirando muito, até pela pouca credibilidade que os nossos, ainda amadores, dirigentes possuem.
Em terceiro plano, onde entra o Poder Público nessa história. Ou seja, onde estão os reais executores e administradores da cidade: Secretaria de Esportes (em cima do muro), Prefeitura Municipal (omissa), Polícia Militar (confusa e, em momentos, com medo).
Enfim, algumas questões que estão irritantemente sem respostas. Parece-nos mais uma novela cansada do folclórico futebol cearense, que nos aborrece pela incompetência dentro e fora de campo, mas nos alegra por ser apaixonante e ainda alimentar as conversas nas calçadas e mesas de bar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Gole ardente...

Cachaça é como um verso
Que regozija-se por estrofes
De verso em verso
De gole em gole
À cada rodada
Há uma sensação sensata
Pois desce ardendo
Engole-se rimas
Engolimos todos
Num sopro de saudade
Sem sentir falta
Pois só o que falta
É o que faz falta
Agora? Andar pra frente
Não tem remédio
Porém receita
Peço mais uma dose
E um cinzeiro limpo
Pra sujar e gastar
Ao passo que se limpa a alma
Economizando juízo
É gole...
Também amor.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Clássico: duas torcidas? Uma breve opinião...

Diversas opiniões surgiram e repercutem diariamente sobre os próximos clássicos entre Fortaleza e Ceará no estádio Presidente Vargas. Todavia, é preciso ter cautela e ser bem crítico acerca dos diversos pitacos que povoam esse importante elemento cultural, político e econômico: o futebol. A história se arrasta desde a reabertura do estádio e, assim como a morosidade para a entrega do PV, já se tornou um novo folclore na boca do povo.
Das opiniões favoráveis ao clássico rei, tem-se como figurantes: os entusiastas da mídia (chamarizes de torcedores e, via de regra, relacionados de maneira parcial com dirigentes de clubes), os torcedores mais apaixonados (incapazes de perder as partidas de seus clubes, mesmo se fossem realizados na Faixa de Gaza) e aqueles que lucram com isso: os dirigentes dos clubes e também da Federação Cearense de Futebol.
Nesse primeiro grupo, questões como a segurança dos torcedores ou as condições para o deslocamento e acomodação do público são postas à margem. Aí, o que mais importa é a festa nos bolsos e nas arquibancadas. Logicamente, que é compreensível, tendo em vista que a renda obtida nas bilheterias dos jogos ainda representa uma porção substancial da receita dos atrasados, em termos de gerência, clubes cearenses.
Do lado contrário, encontro muito os que, de certo modo, procuram uma imparcialidade na imprensa - que não precisam "jogar para a torcida" -, mas que fazem alarde e terrorismo, sobretudo, quanto à segurança. O Ministério Público também vem se manifestando contra a questão, mas sempre de maneira informal, o que acaba deixando a questão ainda em aberto, já que sua palavra, teoricamente, seria a última. Também há o discurso dos moradores do Benfica, um bairro de classe média da cidade de Fortaleza e que vem sendo historicamente vítima de confrontos entre torcedores (sobretudo das organizadas) nas ruas do bairro. Além disso, há uma questão estrutural do bairro, que não possui, por exemplo, estacionamentos adequados para a recepção dos torcedores.
Ao que me parece, a segunda opção, via de regra, fantasia-se de uma opinião mais técnica e de cunho racionalizado, como se dissesse: "vejam, os dados não mentem". Todavia, o que deve-se tomar em conta, de fato, nessa questão é a opinião de caráter classista, que também permeia as discussões sobre o clássico no PV. Dizer que jogos entre Ceará e Fortaleza não podem ser realizados no PV pela característica urbana do bairro. Ora, onde o Castelão se localiza? Quantos confrontos, arrastões e carros apedrejados não já se viram nas cercanias do Castelão? A diferença é que as "pedras" agora se dirigiriam a "outras vidraças". Portanto, acredito que por trás desses argumentos tecnicistas, esconde-se um velho preconceito de classe. Aquele preconceito que vê, por exemplo, as torcidas organizadas como "marginais" isolados da "bolha social" em que habitam, dignos de uma dura e ríspida higienização. Colocá-los meramente como marginais é como negar-se à responsabilidade de vivenciar os mesmos problemas que eles. Eles são produtos, mas não só isso, também são agentes sociais de extrema importância. Afinal de contas, as ações de vandalismo e violência das torcidas organizadas, acredito eu, nada mais são que expressões claras do reflexo de tanta injustiça social e desigualdades diversas neste país.
Baseado nisso, me posiciono como favorável à realização do clássico rei com duas torcidas por três motivos fundamentais:
1) A segurança pública deve ser obrigatoriamente garantida pelo Poder Público. Para tanto, basta usar menos o porrete e mais estratégias de inteligência policial. Até soa estranho falar isso, pois muitos de nós sequer sabíamos da existência desse segmento na Polícia Militar.
2) O problema da violência deve ser resolvido no seu cerne, até porque ele é quase como um elemento obrigatório em todos os campos sociais. Portanto, o "proibismo" apenas deslocaria os conflitos para outros espaços, como os terminais de ônibus, os bairros vizinhos ou as proximidades das sedes dos clubes e das torcidas organizadas.
3) Não há coisa mais linda do que um estádio lotado em um clássico e com as duas torcidas cantando apaixonadas durante os 90 minutos.
O Futebol - com "F" maiúsculo mesmo - tem que voltar a soar não como um câncer social, mas como uma festa tão gostosa e tão apaixonante como o Carnaval. É preciso cada vez mais lutar por melhorias nesse esporte que, fantasticamente, no Brasil tem um caráter extremamente popular. Devemos lutar contra a elitização do futebol e que ele dê condições para o público que mantem a paixão viva, mesmo com tanto destrato.

É preciso abrir novas frentes...

Confesso que fiquei bastante irritado com o sensacionalismo do programa, começando pela escolha do título do vídeo, e com a capacidade de estimular comentários higienizadores e classistas que possui o apresentador, através de uma abordagem extremamente violenta e irresponsável, transpassando, inclusive, o limite do simbólico. Todavia, não podemos deixar de comentar e analisar o que se passa nesse vídeo. Uma realidade local, capaz de envolver diversas camadas de poder. Vemos aí uma relação que não se limita à prostituição e "consumidores" (não sei um termo mais adequado). Temos uma ligação direta com tráfico de drogas, conivência e extorsão policial, dependência química e outras questões da saúde, inexistência de soluções (ou sequer de olhares) por parte do poder público, inerte atuação comunitária no sentido da passividade ao fato, a influência da mídia na formação de uma opinião de crítica atrofiada e de juízo de valor hipertrofiado, dentre outras dimensões. O que nos resta discutir de que maneiras e em que frentes podemos nos movimentar em prol de todas as vidas humanas contidas nesse ciclo além de sermos meros telespectadores? Honestamente, não sei a resposta. Contudo, não quero permanecer apenas assistindo e depois mudando de canal.

Veja o vídeo em: http://www.youtube.com/watch?v=oi6-sCvtjhw

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Polícia e policiais...

Quando vejo atuações como essa da PM no interior de São Paulo, reflito o quanto estamos numa contramão complexa quanto discutimos política de segurança. Não bastasse o aval do Estado, a presença truculenta da Polícia Militar também recebe a chancela dos grandes veículos de comunicação, que reproduzem alguns chavões como "invasão" ou "depedrando o patrimônio público". É preciso começar a se fomenta...r discussões acerca da desmilitarização dos militares ou continuaremos assistindo a barbáries como essas. Difícil inclusive pensar na atuação dos policiais dentro da polícia, pois isto não tem força sem um olhar mais global. Nota-se que os mesmos policiais que ora reivindicam-se como trabalhadores são aqueles que rasgam essa reivindicação pelo simples dever à hirarquia. Penso que o processo de desmilitarizar a PM deve partir dos próprios policiais, aí sim configurando uma subversão positiva dos PM's! O maior arrastão que os policiais poderiam dar no Estado seria agindo como trabalhadores da segurança pública, que se negam a agredir todos e quaisquer trabalhadores. A hierarquia pode até ser um valor importante, mas jamais deveria superar a ética e o respeito à vida.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Resistência e sem açúcar...

Resistência... Resistência... Palavra boa até o momento em que resiste... Diria agradável para quem exige. Não resistir, às vezes, também é forma de resistência. Ter coragem pra sentir e desistir de resistir também é forma de resistência. Se abrir, não ponderar (já ponderando) e simplesmente fazer o que deve ser feito é uma expressão concreta da resistência cotidiana. Onde quero chegar com isso?
Em parte alguma (parte). Não precisei chegar. Não necessitei sequer de uma explicação. Dispensaram-me as notas de rodapé. Aliviaram minhas justificativas para simplesmente religar os fios, como se eles nunca tivessem se partido. E não. Nunca mesmo. Eles apenas, por diversos momentos, não resistiram. Ou se guardaram para voltar a persistir. Sim, onde mesmo quero chegar com isso?
Em algum lugar (algum). No local em que a saudade mora. No canto onde a saudade lateja e me faz gritar com sorrisos amorosos ao dizer: eu não resisto a vocês!
De fato, não resisto e só por isso sou assim. Somos assim, né?
Para minhas irresistíveis, Mariana Guanabara e Eudenia Magalhães, aquelas que voltam sem sequer ter ido. Fazem falta até quando sempre estão. Comigo. Juntos. São goles. São abraços. São risos. São afagos. São laços. São fortes. São bravas - e brabas -. São aquelas as quais todo poema se rende e toda prosa se enquadra, de modo a fazer chover avião na Zona Rural de Acopiara.
Obrigado pela(s) noite(s) e pela vontade incessante de me fazer acordar cedinho com cheiro de "café, café, café, café...", com cheiro de bom dia...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

1ª reunião para a criação do Sindicato dos Sociólogos do Estado do Ceará - 17/01/2012 - UFC.

Iniciou-se a reunião comentando acerca da ideia que vem sendo amadurecida fortemente desde o último ENCISO. Foi discutido e concordado que seria mais viável a criação de um Sindicato do que uma Associação, tendo em vista que esta é uma demanda histórica da categoria e contemplaria uma gama maior de profissionais da Sociologia, além de possuir um forte caráter político e que beneficiaria, em tese, até os que não fossem associados. Então, demarcou-se uma comissão formada pelos professores Estevão, Nágila e Wellington.
O fato é que consideramos necessária a aglomeração do maior número de pessoas o possível e que abranja o máximo de funções destes profissionais, indo além dos que estão contidos nos setores acadêmicos e de pesquisa. Portanto, é preciso buscar os sociólogos que atuam em diversas frentes, como os que estão no Poder Público, em ONG's e até mesmo no setor privado. O que se constata nesse tipo de leitura é que é preciso imprimir, de fato, uma identidade de sociólogo, algo que não se vê atualmente.
Também consideramos que os procedimentos burocráticos para a criação de nosso Sindicato não são tão complexos, mas que nosso maior desafio é a mobilização da categoria, que segue dispersa. Foi feito um breve repasse histórico desta demanda que existe no Ceará desde meados da década de 1970. O fato é que mesmo com a lei que regulamenta a profissão, sempre se preocupou apenas com a academia.
Acreditamos que a sindicalização serviria para atrair mais profissionais, além de organizar melhor a categoria, trazer lutas pelo reconhecimento profissional, pela melhoria dos currículos, pela defesa e o fortalecimento da Sociologia no Ensino Médio dentre outros fatores. Portanto, constatamos que sempre militamos em diversas frentes, menos na de nossa própria categoria. Agora é a vez de lutarmos por um Sindicato forte, que traga elementos importantes como a unicidade e a estadualização.
A questão da licenciatura também entrou em pauta. Não se sabe ainda (ficou-se de averiguar) se os profissionais apenas licenciados poderiam participar legalmente do Sindicato. Todavia, esses meandros jurídicos podem até ser impeditivos para o registro legal dos professores de Sociologia, mas certamente não impedirão que lutemos para que a categoria atue como uma força só, englobando bacharéis e licenciados.
O que posso concluir desta reunião é que o momento mais propício para a criação deste Sindicato é o que vivemos agora. Nota-se fortemente as mudanças na sociedade que estão permitindo um certo reconhecimento da profissão, até como um movimento de defesa de mercado profissional. Logo, é preciso convocar a categoria como um todo (englobando inclusive o máximo de colegas do interior) para mobilizar a fomentação de nosso Sindicato.
Finalizando esta reunião foram definidos os seguintes encaminhamentos:
1) A criação de cinco comissões (a princípio e aberta para interessados): Documentação e Memória (Adelita, Auxiliadora, Neuma, Laís e Marcos Paulo), Mobilização e Comunicação (Pedro, Wellington, Nágila, Edson e Róbson), Organização e Finanças (Márcio Renato e Nágila) e Jurídica (Joanns e Estevão). As comissão supracitadas já devem iniciar seus trabalhar a fim de garantir a execução da proposta do encaminhamento seguinte.
2) No dia 06 de fevereiro de 2012 às 18h30 no Auditório Luiz de Gonzaga do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará ocorrerá uma reunião ampla da categoria discutindo pontos importantes para a criação do Sindicato, como a reconstrução histórica dessa luta, os repasses das comissões formadas neste momento e a constituição do Sindicato, dentre outros pontos.
É preciso que a partir de agora todos nós começarmos a mobilizar a categoria para que no dia 06 consigamos um auditório lotado. É necessário expandir os horizontes vislumbrados nessa primeira reunião para o maior número de frentes e locais possíveis. A partir do potencial criativo e da disposição de todos nós será possível garantir que o Sindicato finalmente seja constituído.
Abraços a todos e a todas,
Márcio Renato Teixeira Benevides
Sociólogo

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Falcatruas do sentir...

Silêncio corrupto
Corrói minha voz
Desvia o que penso
Finge e omite o que sinto
Não fiz o que disse
Nem disse, pois não fiz
As palavras se incham
Se prendem na garganta
Sufocam minhas intenções
Queimam meu devir
Uma gastrite causada
De sentidos visados
Por uma atitude ingênua
Da inocente crueldade
Doce amargo sem dó
Azedo ácido penar
Que as horas passem
Sem pudor
Que o dia morra
No amar
E que tudo volte
A ser como antes
Até a próxima vez