domingo, 30 de setembro de 2007

Manutenção da dor...

Contemplar os fatos
Bons ou ruins, quem sabe
Condição de existência
Ou ao menos a dos poetas
É preciso manter a dor
Sem recolher os estilhaços do amor
Que se alojam no meu peito
A manutenção dos sonhos
Dos amores impossíveis
O alimento dos meus versos
Das minhas letras invisíveis
Poder de transformação
Tornar as pedras mais brutas
Em jóias raras e sensíveis
Basta escrever, amar e lapidar
Não sei se dá pra esperar
Até minha obra acabar
Aí mora a desilusão
Nenhuma esperou o amor ficar pronto
Então parte para novas vidas
Deixando-me só
Na sombra
Na solidão
Na sorte do poeta
Aquele que sorri para o escuro
Pois é lá que ele se perde
Perde-se para o mundo
Acha-se para si próprio
Este é o destino da poesia
Promover o dia ilustre
O encontro de quem perdeu-se
Dentro de outros olhos
De quem não tem mais sangue
Pois já se foi em outras veias
De quem não ouve mais o coração
Aquele que me roubaste
De quem sequer respira
Outro ar que não o seu
Esse sou eu
Sem sangue, sem coração, sem ar
Com a licença do sofrimento
Já que não vai me esperar
Vou aqui escrevendo
Usando do que ainda tenho
Dor, caneta, amor e papel.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Tempo...

Dinheiro não me serve
Tudo isto pra que?
Só queria um dom
Se pudesse escolher
O de mandar no tempo
Medido no meu prazer
Congelar os segundos
Sempre que com você
Ebulir as horas
No auge de minha saudade
Mas não posso fazê-lo
Tenho que me contentar
Já que não mando nos ponteiros
Pretendo me aliar
Tornando cada minuto
O primeiro e o último
Aquele que mais me fez feliz
Aí eu ficarei muito bem
E com o coração cheio de vida
Pra que na hora mais triste
No instante da despedida
Me sobre um tanque de esperança
De que no fim de mais uma semana
Vamos no ver novamente
Querendo ou não
O tempo até nos guia
Mas o controle independe dele
E quando passa, não volta
Que seja assim
Todo o tempo ao tempo
E pra nós, moça
Todo o tempo do mundo
Deste e dos outros
Algo perto da eternidade
Cruzando com o infinito
Um instante tão longe e bonito
Que só nós enxergamos
Mesmo quando dormimos
Duvida?
Fecha os olhos...
Esse é o nosso tempo

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Química...

Estou aqui
Todos podem me ver
Procure a alma
Você não vai achar
É só de corpo presente
O pensamento ausente
Levou-me pra passear
Esse é o fascínio da química
Carbono, cloro e levógenos
Assuntos alucinógenos
Daquele que não entendo
Nem me importo
Não quero
Nem posso
Pra quê?
Passar
Heuaheuaheuaheua
Obrigado, fica mais fácil
Tão simples de odiar
Como se pisassem no meu calo
Gera uma colisão molecular
Dando-me um mol de sumiço
E num choque de elétrons
Esqueço a função de nêutrons
E grito:
- Eu odeio química!
Acho que é de berço
Ódio desde o começo
Ou talvez "não rolou a química"
Por isso:
- Eu odeio química!

Relatos...

Poucas linhas...
Não
Papel demais
...
Dói?
Um pouco
Tudo vai passar
Menos nós
Não me canso
Muitos conflitos
O primeiro nos teus olhos
Foda!
Estréia
Sincero... demais
Ouvi... Falou... Ai!
E o adeus?
Sal no rosto
Muito, escorreu...
Tá passando, moça
Ligou
Nada!
Persuasão
Fatal
Nunca te recusei
Vou negar a minha alma?
Impossível
Alívio imediato
Tudo normal?
Não sei
Melhorou
Ficou a marca
Ficou pra depois
Domingo
Aula
!?
Estudar?
Hoje não
Respirar um pouco
Embora sinta sua falta
Até do teu ar
Tento respirar só
Rarefeito
Não faz efeito
Mas é só por uns dias
Dois ou três
Enquanto isso
Vou dormir
E sonhar
Unhum...
Você
A moça dos meus sonhos
Desculpada
Me desculpe também
E lembre-se
Palavra de escoteiro
É pra sempre
Talvez mais longe
Infinito...
Queria um presente
Cinco minutos com você
Deus foi gentil
Deu-me a vida toda
Não vou desperdiçar
Nós
Juntos
Ao menos aqui
Coração
É meu
Minha
Só!
Apenas!
Intocável
Insubstituível
Maior que uma vida
Que dirá um dia
Uma tarde dura
No meio de setembro
Ufa!
Contei e melhorou
A poesia cura
Até as dores no amor
Te amo muito...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Velocidade...

Galhos secos pendurados
Aves e asas muito usadas
Passam carros embalados
Por um pé, velocidade

Os livros nem tão completos
Nem versos são mais corretos
As letras não mais se escrevem
Pela mão, velocidade

No trabalho são estranhos
Profissionais do ramo
Concorrentes sem tamanho
Fecham os olhos, velocidade

Por que se amar?
Por que se ver?
Ninguém vai me reconhecer
Sem coração, velocidade

A mim só resta escrever
Mesmo que ninguém queira ler
Este papel vai me aceitar
E com o punho, velocidade

Giram eles muito rápido
Sem nada no coração
E pela desaceleração
Repita: Não velocidade!


p.s. Por favor sem conclusões como: "Devagar e sempre!" ou "A pressa é inimiga da perfeição"... Mas deve-se pensar com um pouco mais de alma, situando-se na idéia de que ninguém mais é agente de sua vida, a não ser... Exato!
Se falo assim com tantos rodeios é pra te ver buscar o sentido daquilo que você ouviria displicentemente...
Se falo assim, é pra tentar melhorar...

It makes something for our lives!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Rá-rá-rá-rá...

Conheça o poder do cor-
Tenho muito pra con-
Tá todo mundo fazen-
Dói só de olh-
A banda boa já diz is-
Só que ninguém se li-
Ganhei a chance de fa-
Lá dentro de suas al-
Mas será que ouvi-
Rápido demais pra assimi-
Lapidar algo de no-
Vou pedir pra se preve-
Ninguém quer edi-
Tá todo mundo querendo censu-
Rasgar a essência da críti-
Cadê sua defe-?
Saia dessa meu ir-
Mãos ao al-
Tô falando pra fugir dessa on-
Dá meia volta e corre de-
Eles que só querem guilhoti-
Ná cara de pau do po-
Vão de frente a guilhoti-
Na cara do cen-
Sou apenas o que escre-
Verdades que são minh-
As quais não precisa de reto-
Quem dirá censu-
Rá-rá-rá-rá...

p.s. Acabou... quem falou? Até quando? Até quan-? Até -? A-? -? -... -... -...

domingo, 16 de setembro de 2007

Insônia...

Não sei o quanto pesam meus olhos
Um pouco mais que as costas
E algo menos que meu peito
Aliado à dor nas fontes
Ao corpo que não cessa
Nem me deixa morrer
Por cinco minutos que fosse
Aliviaria minha angústia
Conviver com esse silêncio
Vez em quando o carro corta
Outrora o guarda apita
Mas para mim isso não basta
Soa como a marcha fúnebre
Um baile de tango argentino
Ou caio na ilusão
Eles também são sozinhos
Por hoje, ao menos
A diferença é básica
Enquanto eles se aventuram
Fujo ao recanto que me dói mais
Aquele que me mostra o sentido
Dizendo que não devo sair
Senão como vou voltar?
Comigo funciona assim
Em noites de insônia
Passo a questionar a mim
E o que sobra da solidão
Pois o dia vem aí
E tenho que me encontrar a tempo
Ah! Minha cabeça...
Ela geme o punho denso
Hora de apagar as luzes
Vou começar a tentar
Desejos de boa-noite
Complicado isso
Território incontrolável
Muitas vezes sem volta
O risco que se tem quando vive
Então vou lá
Me confortar com algo
Uma arma poderosa
Os sonhos que tenho
Que nunca me lembro nas manhãs
Mas aposto que foram com ela
Quem me bota para dormir
E mesmo sem estar aqui
Em noites de insônia
Agudo é meu pensar
Nela só pra variar
Na moça de minhas noites
Que um dia vai me matar
De tantas saudades

domingo, 9 de setembro de 2007

RE:

Amo por mim
Amo por ti
Amo por nós

Um amor imenso
Um amor bastante
Um amor fora dos moldes do espaço e do tempo

Eu posso saber
Que no fundo somos nós quem optamos
E não fujo do que escolhi
Que foi viver pra te amar
Transformando em real o que parece ilusão

E é isso que nos alimenta
Sentir o poder da rotação
Um dia, tão distantes
E em outro, tão pertos, quase um só

Mas tudo é um aprendizado
Para quando o sonho for realizado
Nós olharemos para os lados
E não vamos ver mais ninguém, que não um ao outro

Sinto que está próximo
E não vou me enganar
Não sou vidente
Mas, se vale deixar garantia
Fica mais essa poesia
Que tentou responder um pouco da sua


p.s. Sabe o depoimento? Pois é... eu não aceitei... mas também não apaguei... Ficará lá pendente até sei lá quando, mas enfim... Sempre quando eu abro, eu posso ler...
^^

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

7 de setembro...

Independência ou morte? Ora, se fosse assim, estaríamos mortos a pelo menos 500 anos. É preciso que se diga que desde que o Brasil foi invadido pelos portugueses, por volta do ano de 1500, a palavra “liberdade” foi excluída de nossas vidas.
Desde então nunca mais fomos independentes, e as primeiras sanguessugas foram os portugueses que além de causar o etnocídio indígena, também utilizou de práticas abusivas de exploração, levando todas as fontes de riqueza natural que puderam.
Em seguida, os ingleses utilizaram da abundância de minérios no Brasil, principalmente do nosso ouro, para financia sua revolução industrial. E nos tempos modernos, temos um leque maior de usurpadores, ora a União Européia, ora os países asiáticos e obviamente aqueles que sentem-se os donos do mundo, os Estados Unidos da América.
E as perspectivas de exploração ainda são maiores, pois há pouco recebemos a visita do presidente norte-americano George W. Bush, que deixou bem claro o seu interesse no Etanol brasileiro, e futuramente nos recursos hídricos de nosso país.
Nem preciso citar que não temos quase nenhuma empresa estatal, pois todas já foram doadas em forma de privatizações fraudulentas. E a Petrobrás, motivo de orgulho para muitos, não é uma empresa estatal, mas sim mista e com uma porcentagem muito grande de acionistas estrangeiros.
Nossa imprensa vive de fazer colagens da CNN, principalmente na tendência elitista. Enfim, exemplos não faltam para ilustrar a farsa que é o 7 de setembro.
Uma data inexpressiva, em um país de um povo muito sofrido e que em nenhum instante viu o sol da liberdade brilhar com seus raios fúlgidos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Moça...

Ei moça
Quem é vivo...
Sempre mesmo
Mas é que a semana foi dura
Pensar em ti em três turnos
É pesado pra mim
Fazer o que?
"O dia insiste em nascer"
E em cada manhã eu ganho
Ganho um sol pra nós
Ganho uma nuvem
Tão alva e tão leve
Que de vento em vento
Forma uma nova figura
Figuras diferentes...
Horas você... Outras também
Sempre se modificando
E nossa vida é meio assim
Uma poesia branca
Uma nuvem branca
Que modifica-se com os sopros
Porém não são em branco
A cor só mostra o que somos
Sem máculas, sem raiva
Assim que deve ser
Você sabe que é difícil
Às vezes não abro as janelas
Mas é que o sol anda muito forte
E com ele nem filtro 70
Talvez uma dia eu pire
E vá pra rua assim mesmo
Ou espere o inverno
Ele traz nosso sereno
Só assim eu não me queimo
Enquanto não chega, vou olhando
Por entre minhas cortinas
Aguardando cair a noite
Pra te tocar, enfim
Tá perto, né moça?
Diz isso, simples assim
Fala num verso qualquer
Tudo o que eu quero ouvir
Embora para o Sol, mulher
Moça se fez para mim