sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Posso...

Oi!
Pode me falar novamente?
Só um pouco mais devagar
Não consigo ouvir sua voz
Tenta pausadamente
Aos poucos
Força na voz
Para que possa...
Posso...
Não, não posso...
Era só um voz
E não feroz
Que sussurou o que era o nós
Agora
Sós
Posso?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

verbo e reto...

O que você quer que eu diga?
Nada vai bastar
Você sempre vai querer palavras outras
Pra que falar?
Nem vai me ouvir
Pois parece preferir aqueles sons tão vis
Em quem confiar?
Tu sabes onde estou
Mas sempre vai caçar o medo em minha cor
Vai me amar?
Creio que sim
Mas sempre vai temer não ter final feliz
Se atreva a duvidar?
Aí seria o fim
Pois o certo que vejo é que morras por mim
Procurar o ponto?
Não te darei
Pois os versos mais lindos ainda estão por vir

solo...


segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O sopro...

Pouco tempo
E em poucas linhas
Sou todo seu
Você é minha
Como um sonho
De um versinho
O qual torto se arrepia
Nesse vento de amor
Que assopra na espinha
Foi a moça que soprou

terça-feira, 29 de julho de 2008

Branca em branco...

De instante em instante
Dá um sono profundo
Como se de montante
Acabasse o mundo

De tempos em tempos
Fica um branco na alma
Como se em momentos
Dissolvesse a calma

De ritmos em ritmos
Torno-me um campo em vão
Como se nos teus signos
Passassem as casas do meu coração

De estrelas em estrelas
Vou tornando a entorpecer
Como se não mais tê-la
De não dormir, talvez morrer

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Férias...

Parece uma loucura
Então como é bom ser doido
Parar e olhar pro céu
Admirar o seu repouso
Isso sim é que são férias
Estagnar no próprio olhar
Ouvir um pássaro rugir
Sentir o galho chorar
Saber que o azul se condensa
Podendo nos difundir
São só cores
Tudo
Tão só.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O passo da moça...

Vai com esse passo pequeno
Pisa com o passo supremo
Mostra pro mundo o mistério
Dos pés que não pisam a sério
Pisa, amor
Nesse mundo que anda chutando tudo
Mostra pra ele o solado
Do salta que anda ao meu lado
Avança amor fazendo do ontem lembrete
Arrasta o chão para trás
Sofrer, prometo não mais
E o resto será só o tapete
Agora é trilha, coração
De um pouco mais de vontade
Do amor que vive em função
De um bocado de eternidade

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Dela...

Meu riso não é
Se não for por ti
Minha alegria não era
Se não foi ao teu lado
Meu corpo não é
Se tu não pegar nele
Nada importa
Se tiver você
Eu te amo
E hoje tive uma idéia
Do que é perder o chão
A vida
A força
A razão
Me agarro a você
Única maneira de viver
Em paz com amor.

Da mulher da minha vida, Talita Brito Fernandes

quarta-feira, 2 de julho de 2008

T...

O trato que a gente tem
É o teto que a vida dá
De tanto que nos fizeram
São traços para se amar
Pois toques em nossos olhos
São tipos de felicidade
Tanto... tanta... tão...
Teriamos tesão até então
Talvez três séculos de prorrogação
Trivial é sobreviver
Manter tanto é tudo
Todos os dias
Mais T
Mais amor
Mais viver
Sua tração me atrai a você

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Quase cinco...

Essas letras vinholadas

Rogam o sol endemoniadas

Roém o véu da madrugada

Que perdura estasiada

Falta pouco pra findar

Fim da noite

Fim do mar

Mar do escuro e cheiro tosco

Peso amargo e meio insoço

Quem sabe fosse mais que um olhar

Ou de mal fosse nos estuprar

Então estupre e deturpe

Pois a alma é vã

E agora o fim da noite

No gemer da alma pagã

Que transforma até o amor

Em ranso choco de irmã

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mulher cartaz...

Mesclas de sorriso
Com dentes de revés
Acena com teu prato
E os dedos sem anéis
Oferecendo o choro
Em troca de dinheiro
Apelando pra fome
Ou prorrogando o enterro
Nem sonha mais
Tampouco volta atrás
Quem vai lá?
Ajudar no movimento
Do risonho rito miserável
Daquela que treme e tilinta
Os ossos da taça plástica
As letras de tinta ilícita

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Vem amor...

Vê que lindo este olhar
Que me bota pra dormir
Ou me acorda no sonhar
Lindas cores em meio branco
Invejando até o mar
Voa amor só para mim
Alegorias do meu céu
Passarinho mais bonito
Tem no bico um doce mel
Vem amor, vem voando
Nas asinhas sopra o vento
Trazendo meu coração
Minha moça, meu acalento

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Reincidência...

Tendo ódio à sua força
Que me fez sentir a culpa
Mesmo se por injúrias
Tua boca infere a repetição
Estas ecoam ao nada
Se dissipam aos meus ouvidos
Nos sibilos do teu reclamar
Dos pesadelos dos anjos caídos
Dera gritos de "ai"
Tudo em nome do pai
Embatesse no homem que nascia
E pela rosa chorou um dia
Hoje, me calo por dentro
Gritando só por crer
Que esta não foi culpa minha
E nem culpa de você
Somos isentos de culpa
Pela pieguice do poder
Aquele deu-me da fruta
Que se morder vou morrer

sábado, 26 de abril de 2008

Caqueado...

Pista em construção
Faixas em construção
Símbolos em construção
Olhos em construção
Rosto em construção
Cabeça em construção
Cérebro em construção
Mente em construção
Pensamentos em construção
Sentimentos...
Estes?
Não se constróem
Se vivem
Se contrapõem
Se somam
Se eternizam

sábado, 19 de abril de 2008

Meu amor...

As folhas caem
O sol se deita
As águas se esvaem
O vento se distrai
O tempo se contrai
As pedras se esfacelam
E quase tudo se desfaz
Quase tudo
Nós, não
Às vezes sopra o medo
As pernas tremem
Os olhos vêm a pesar
Mas isso é reflexo do corpo
Cansado de se cansar
Meu coração é forte, moça
Por que você o sustenta
E se você sair, minha moça
Minha vida se afugenta
Então fica comigo, moça
Se tá difícil, reinventa
E ajuda este peito, moça
Pois o amor nele só aumenta

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Doce solidão...

Posso estar só
Mas sou de todo mundo
Por eu ser só um
Ah nem, ah não, ah nem dá
Solidão foge que eu te encontro
Que eu já tenho asas
Isso lá é bom?!
Doce solidão

Marcelo Camelo

sábado, 5 de abril de 2008

Devagar...

Estas letras cintilantes
De contornos suicidas
Andam perdidas entre os dedos
E de tanto vagar
Perderam o sentido e a rima
Parecem sombras letra a letra
Sem a noção do verso seguinte
Talvez em busca da claridão
Que dê amparo ao pensar
Será triste a mente vaga?
Será alegre a mente fértil?
Depende do que se pense
Ou então do que se esqueça
Assim então preparo minha defesa
Nessa mente ôca de hoje
Abdico do pensar
Para que no ritmo da tinta
Os versos soltem-se
Devaguem em mim
Achem meu coração
Quem sabe não as recompense
Afinal, há tempos o procuro
Pois no meio de tanto transtorno
O coração fez-se sangue
E este fez-se choro
Tornando minha mente um palco
De cortinas fechadas
E atores sem texto
Torcendo para melhoras
No meu peito ensaiar

terça-feira, 11 de março de 2008

Vela...

Minha força maior
Tirai-me urgente daqui
Dessa caverna escura
De paredes úmidas e ásperas
Com um chão embrejado
No lodo deslizo
Na lama me afogo
Engulindo ratos em putrefação
Pois a mim sobraram ossos
Embebidos em sangue coalhado
Eu sou só fezes
Um dejeto sem fé
Que perdeu o seu norte
Fui jogado no aterro
Sem piedade
Agora sou só lágrimas
Quem sabe não morro de vez
E o ar se faça choro
Na morte que pode me aliviar
Pra sempre que for doer
Eu possa morrer
E então escapar
Oh, minha força maior
Livrai-me da vida
Amém!

terça-feira, 4 de março de 2008

Ética e Moral...

Conceitos não são nada mais que conceitos. Não são uma máxima ou uma afirmativa irreparável sobre alguma coisa, por isso que discussões acerca da ética e da moral são eternas e até certo certo ponto se fazem necessárias, tendo em vista a flexibilidade de seus termos, de acordo com o tempo ou o referencial em análise.
A ética é taxada como um juízo ou uma forma de arbitrar as condutas de um ser humano, baseada apenas no entendimento cultural de certo ou errado de cada pessoa. Portanto, a ética é um valor extremamente variável já que é individual e hipoteticamente intransferível, partindo do pressuposto de que o egoísmo humano não permitiria que a ética do outro infligisse os limites da ética do um.
Já a moral foi conceituada como um conjunto de regras que mantem a ordem numa sociedade. Quando falo em ordem não me refiro apenas ao aspecto coercitvo, mas principalmente ideológico. Ouso dizer que a moral é apenas mais um mecanismo de sobreposição de classes, pois a moral varia muito, de acordo com o espaço e a época em que se vive.
O mais conflitante nisso tudo é quando se afirma que a moral prepondera sobre a ética. Ora, será que os valores individuais da minoria são tão pífias assim, a ponto de não servirem sequer como apontamentos subversivos? E a moral é tão soberana assim, chegando a ser inatingível?
É importante entender que o que é moral para os dias de hoje, pode ser visto como imoral para quem viveu há algumas décadas pois todos os códigos são só letras manipulatórias. Mas a ética é imutável, já que, dentro de um mesmo espaço cultural, o meu bem sempre será o mesmo e o meu mal sempre será o memo.
Compreendido? Acho que não! Devemos lembrar que a cultura é fator indispensável para discutir esse tema, por isso ficam as questões: Como confiar no que parece ético? Quem estipula o que é bom ou ruim?

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Sem Fidel?

19 de fevereiro de 2008, foi o último dia de atuação de um mito vivo. O líder cubano, Fidel Castro, prestes a completar sua quarta década como chefe de estado na ilha, renunciou ao cargo, segundo ele, por problemas de saúde.
Fidel é um dos maiores expoentes da luta socialista em toda a história, muito embora nunca tenha conseguido aplicar esse sistema político aos moldes de Marx. No início, tentou vários golpes frustrados, até que em 1959, com a ajuda de Ernesto Che Guevara, arrebanhou milhares de cubanos para um golpe de estado, através dos métodos violentos dos focos guerrilheiros.
É fato que a violência não é um método preciso para implantação de uma democracia, mas os cubanos foram movidos por um ódio mortal contra o fantoche dos americanos, Fulgêncio Batista, que transformara o país numa grande casa de jogos, drogas e prostituição.
Talvez esse ódio tenha sido o erro. O povo cubano não foi movido pelos ideais marxistas, mas pela sede de vingança. Fdel foi oportunista e, sabendo da alienação popular, corrompeu-se ao status de ditador e, através de um regime assassino e opressor, matou a última grande possibilidade de se ver o socialismo em ação.
Castro não perdeu o poder hoje, mas es u a RSS se extinuiu. Faltava-lhe apenas a consciência de que não é a auto-propaganda por bons serviços sociais que vai calar o espírito dos que ainda crêem no marxismo.
Mas, entre nós, será mesmo que Castro saiu de cena? Talvez Fidel, mas não Raul. E assim caminha a humanidade para o colapso de tanto poder.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Dança da noite...

Oh! Despertar difícil
Após uma noite de sonhos
Com um suor acordado
De cheiro áspero
Meu nariz não dormiu
Ou o olfato sonhava
Agora dia
A luz nem brilha
Seus tons foram usurpados
Só ficou a cama
Seca e vazia
Ausentes de cores e música
Longe dos passos da bailarina
Que joga as pernas aos céus
E arremessa desejos em mim
São danças quentes
Sincronizadas em nosso descompasso
Pois me faz tremer
Por dentro e por fora
Numa dança em carne viva
Capaz de romper os sons
De tanto silêncio em gemidos
A música se fez dança, que se fez amor.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Semear...

Tempo quente
Regado por minhas lembranças
Do longo passado
Que me fora ontem
Parece até exagero
Mas por muito não é
Uma noite longe é demais

Para quem sempre foi só
Então retorna, amor
Então avança, tempo
Pois a espera me agride
A solidão que me bate
Não pode ficar
Jamais
Prefiro-a longe de vez
Então volta de novo
Meus braços te esperam
Venha colorir nosso jardim
Que antes tinha uma rosa
Agora tem a mais bela flor
Aquela que Deus reservou pra mim

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Redes...

Prefiria mais distante
Quando os olhos me contentavam
Ao fecharem
Eu sei, podia sentir sua pele
Mas daqui, não
Perto demais
Que num só balançar
Ficariamos entrelaçados
Ao ponto de sermos um só
Porém a frieza perdura
A chuva teima
Seria imatura
E a mão que não te alcança
Se afugenta no escuro
Que tremeu de tão clarão
Quando no meio da noite
Você abriu os olhos
E disse: Haja luz
Ou gritou: Haja amor
Balançou os cabelos
Trincou-me um sorriso
E juro por Deus
O amor brotou
Perto, de novo

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Não entendi...

Receitas do agora
Estampadas no prontuário
Que no lado de fora
Derreteu-se no horário
No calor das horas
Do só acompanhado
Dentro do curso dos rios
Faz-se um remo isolado
Precisa de braços
Aceitando a tração
Se o motor não reage
Fica os pés pelas mãos
Corre já em desalinho
Como o desacato que antes desenhou
Não foram as águas que passaram
Foi o rio que estagnou
Por ordens médicas
Talvez
Pois foi seguir o tal prontuário
Então aguente a foz e o delta
Trincar tristes no estuário

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Festinha...

Faces
Feitas
Frases
Fartas
Festas
Flashs
Frontes
Falsos
Físicos
Fora
Fila
Fotografias
Fiéis?
Feridas
Frágeis
Ferem...
Fazem
Frio
Frívolas
Famílias
...
Feias
Fitas
...
Foda!
Fedor
Fatídico
Fim
.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A fuga dos olhos...

Furtiva como a própria noite
Chegou sem rodeios
Não disse o motivo
Nem ouviu meus apelos
Foi no grito da calada
Em reação desanimada
Que os juízes desocupados
Roubaram os meus olhos
E agora sem eles?
Já que são os únicos
Que vêem a mim mesmo
Lançam luz por todo o corpo
Um olhar fechado e afagante
Ora intrépido e tremulante
Até sorri em olhos brilhantes
Manda nos meus
Como se recrutasse para o mesmo foco
Tomara que voltes amanhã
Pois uma noite a mais assim
Seria a cegueira da minha vida
Ou talvez pior
A primeira vista da minha morte

domingo, 27 de janeiro de 2008

Certeza...

Onde eu guardo tanto
No coração?
Não caberia
Em meu cérebro?
Bem maior
Pelas veias e artérias?
São poucos vasos
Seriam incapazes de circular
Talvez nos pulmões?
Ora, jamais expiraria isso
O meio não seria receptor
Onde então?
Para onde mandei essa certeza?
Qual o endereço?
O que me faz tão seguro?
Claro!
Não está comigo
Ela vive no peito de outra
A Moça levou consigo
E cada vez que a vejo
Enxergo maior ainda
Como mágica
A magia mais linda e real do mundo
Agora, chamo por certeza
Mas também chama-se por amor
Por filhos, por sorrisos, por noites...
Chama-se por nós... Os certos um para o outro.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Chove comigo...

Que falta você me faz
Em uma manhã como essa
Onde o sol não deu às caras
E as nuvens se desfazem
Num choro gélido
Me corpo é frio
Treme por baixo dos lençóis
Com saudades do seu
Sua boca aquece
Teu sopro quente
Fuzilando minhas costas
Até o afago
Faria-me sentir melhor
Quem sabe um dia
Talvez próximo, meu amor
Não é vontade de expulsar a chuva
Ao contrário
Desejo que ela caia diariamente
Só que com você ao meu lado
Sentindo os pingos
Nesses corpos secos
Eufemizando a frieza
Em nossos corações ferventes

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Escada...

Por lá eu posso te seguir
Subindo ou descendo
Perto te acho
Quase juntos
Sem diferir o eu de você
Um passo para baixo
Meu peito se rasga
Se vamos para cima
Um corte na alma
São feridas de tanto prazer
Que me deixam em coma
Confundindo a própria morte
Com o máximo de viver
É saboroso o corpo
Quando pára na escada
Lambo, cheiro e mordo
Como se fosse o último minuto
A última chance
Derradeiros degraus
Que não saem da minha mente
Marcando minhas lembranças
Vivas no escuro
Decorando todos os corredores
De corrimãos antropomorfizados
Eles pulsavam, eu sei
Dilatando os vasos
Expandindo teu corpo quente
Quem dera ser meu
Ao menos entre os primeiros andares

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Aos anjos verdes...

Teus demônios se soltaram
Romperam as amarras com os dentes
Chuparam os grilhões por fome
Sedentos, agora me querem
Eles buscam endereço
Queriam saber onde moro?
Procurem na lista telefônica
Não me acharão
Meu nome não está em nada
Nunca fora gravado
Pois ninguém sabe escrevê-lo
Alfabetos perdidos nas fronteiras
Entre o inferno e as comunas
Têm medo, não é?
Pavor pela igualdade
E nem tente me interromper
Senão decepo tuas asas
Com essas mão calejadas
Que rasgaram teu capital
Como uma ação normal
Tenho desejos arrancando seus chifres
Jogando na sua cara
A culpa por todo o caos
Os milhões que morreram por teus milhões
O sangue é vermelho, lembra?
Verde é apenas a cor da tua alma hepática
Pena de você e dos seus
Em que no peito pulsa uma lama hostil
Tão macabra, que nunca mais voarás

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Vasos vagos...

Vento gélido em minhas costas
Arrepiam minhas espinhas
Balançam as roupas no varal
Tremulam as plantas das casas
Não sinto sabor quando inspiro
É a impureza das castanhas
Quem sabe um dia cesse
Ou plantem algo pra sugar
Mas os carros seguem insistindo
Como se o vento não existisse
Fosse impotente a seus vidros
E as roupas que vestem
Rasgassem-se em últimas
Tapando o nariz com as mangas
Gritando estridentemente
Que a fibra é de carbono
E as travas são elétricas
As baleias não subiriam até seus jardins
Brincarão então de homens bons
Plantarão flores de plástico
Terão mulheres de barro
Farão filhos de aço
Amores sintéticos
Só a inveja será orgânica

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008