quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Urbano...

Sou quem se vai
Correndo nas ruas
Engolido pela tua buzina
Um perdido dentro de casa
Dentro do corpo
Sem nada de alma
Não há tempo para pensar
Alguém poderá me atravessar
Sinais de sereno
Chuva ácida, quem sabe
Inalo essa fumaça podre
É lixo, fábrica, cigarros
Tudo cheiro, sabor de escarro
O negócio é correr mais
No meu pé sufocado
De tênis que quer descalçar-se
Sentir a frieza do chão
Mas vai se derreter no asfalto
Parar de fazer tripas em cadaços
Pavimento até no amor
Por onde anda o abstrato?
Até o sentimento é concreto
É massa, é bloco e é reto
Quando a razão do sentir
Seria deixar pelo torto esvair
Sumiram os sentidos
O sol não atura mais
O sono me rejeita todas as noites
Entrego-me de leve ao sistema
Assumo o papel biológico
Bicho urbano insone e sem pena

Para Madjer Ranyery, um bicho urbano com ares de campo!