quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Lua amarela...

Estamos sós e unidos
O laço é a tristeza
Desamparo comum em nossos espaços
Ela em seu céu azul
Que já escurecera
Faz-se de despercebida
Ao brilhar como o dono do teto
Mas sei que sente falta
Esse brilho amarelo é falso
Não passa de ilusão
Da copiosa menina da noite
Eu também me iludo
Com todos que pensam me acompanhar
Confraternizar-se agora é nada
Disfarces da faceirice
De quem ostenta multidões
Muitas vezes às têm
Porém por pouco sabes
Não me pertence
Sentimento alugado
Casto demais para nós
Apenas a solidão é própria
Numa noite como esta
Em que todos riem alvoroçados
E eu chorando por ser poeta
Este foi o meu Natal
Festa em que meu eu flutua
Por que choro por estar na Terra
E por estar tão longe da lua

sábado, 22 de dezembro de 2007

Terminal...

A espera de quem sabe
Que o incerto é mais seguro
Trancado e sem as chaves
Desse presídio sem muros
Trânsito pra ele é livre
Contanto que seja covarde
Temendo ver pelas frestas
E a luz abalar sua íris
Tudo por uma assinatura
Valendo um tempo de vida
Seria gerada não fosse
Os vôos que o deixam sozinho
E ela lhe disse “destino”
Em seus ouvidos soou normal
Entrega-se fácil ao destino
Prende a alma e o corpo no terminal
Agora está completamente incompleto
Sem pátria
Sem casa
Sem a história
Restou-lhe ouvir o mais duro
Covarde
Foge à guerra
Aceita esse mal
Tem inveja do futuro
Chama por factual
Quem sabe não faz outra arte
Para sentir-se mais genial
Um jazz pra tocar no final
Talvez... em lata.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Téo e a Gaivota...

Voam juntos em separado
Cada um no seu espaço
Téo prefere o ar do chão
E a Gaivota o vôo alçado
Um não vive sem o outro
Apesar de serem livres
Téo queria ter as asas
E a Gaivota, um sorriso
Os ventos sopram agora
Nesta praia ou em alto mar
As ondas são a percussão
Das canções do verbo amar
Garotos querem os céus
As aves querem pousar
A vida pede passagem
Para o sonho ancorar
Se na areia eu toco
E faço amor em mil canções
Sou como Téo e a Gaivota
Homem e ave
Poema e prosa
Em busca da sorte
À espera do norte
Nos rumos da brisa
Correndo da morte


p.s. Bom, a melodia é do Marcelo Camelo, mas como ele esqueceu de fazer a letras, a fiz... Quem quiser ouvir ele, violão e o oceano clica aqui: http://www.youtube.com/watch?v=0ecB0fV0miU

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

CPMF...

Nessa semana, foi vetada a prorrogação da CPMF (Contribuição que Puta-Merda é Foda), a primeira contribuição obrigatória do mundo. Mas deixando esses detalhes que usurpavam 0,38% de qualquer movimentação bancária de lado, o que mais me chamou a atenção foi o talento “político” de nossos representantes.
De um lado estava o Presidente Lula, o legítimo caudilho populesco ou populista caudilhesco, vai depender muito da ocasião, se quando ele discursa sobre a importância dos 40 bilhões de reais que seriam destinados ao Bolsa Família e à saúde ou quando ele está reunido com seus amigos banqueiros. Lula chegou ao ponto de ir ao morro no Rio de Janeiro e acusar as elites de quererem tomar o que é do povo. Ora Presidente, se é para ser justo com o povo, comece dando os 10 milhões de empregos que prometera nas eleições de 2002.
Do outro lado estava a insana oposição, liderada pela corja do PSDB e DEM, ela pregava que o imposto seria abusivo e não estava bem aplicado. Ei! Será que eles pensam que ninguém está vendo? Todo mundo sabe que o imposto foi criado no governo neoliberal do binômio das falcatruas Collor-FHC. E todos sabem que o grande interesse da oposição era acabar com os programas pop-assistencialistas do Governo, que além de apaziguar a fome e os números, geravam votos imprescindíveis à base governamental.
No meio disso tudo, o povo assistiu o caso de camarote, inertes, como sempre. Parabéns ao povo brasileiro, o maior merecedor de toda essa corrupção. Quem sabe na Copa do Mundo você sorria, não é? O povo também esqueceu de congratular a um dos poucos dignos deste país, Oscar Niemayer, que completa 100 anos hoje. Parabéns para ele que nunca se omitiu ao chamado do Brasil, e como ele mesmo disse: “A vida é um sopro”, e eu acho que o povo é uma brisa.

Isso...

Não tem nome à essa altura
Quem dá a nomenclatura?
Ou será que não se nomeia
Prefiro chamar por Isso
Isso tudo desconhecido
Que me usurpa e não por Isso
Fez-se dono do meu sono
Afugenta meu coração
Como se meu sangue
Fosso denso demais
Isso pode ser psicológico
Onde o irreal é ilógico
E me enquadra num zoológico
Parece até cômico
A redução de um intelecto construído
Ao puro instinto involuntário
Acho que Isso roubou minha razão
E por pouco não levou meu espírito
Este sedento de teu suor
Do fulgor do teu sorriso
Isso talvez seja um deus
Meu Senhor da libido
Decreta que arranque suas vestes
Fragmentando seu corpo pequeno
No fogo de peça por peça
O poder do naturalismo
Que em meu amor somou desejo
Selvagem por si só
Agora sou lutador
Na ânsia de ser o melhor
Dar golpes de ósculo
Por todas as partes
Ser nocaute no auge
Isso era para ter nome
Mas não pode se prender
Pois sobe e desce por todos os andares
Sem medo de nenhum degrau
É mais que amor, eu sei
Às vezes é dor, talvez
A paixão não ia tão longe
Sei que é Isso
O nosso único e perfeito segredo
Que somos no escuro
Isso
A luz que brilha no breu
E apaga no claro do dia
Nós somos Isso mesmo
No triste, no estável e na alegria
É Isso mesmo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Maninho...

Há frases feitas para tudo
Clichêsde sobra para nós
Mas só dizer que a peleja é dura
Não retrataria a caminhada
Foram risos e lágrimas
Durante todo o percurso
Quando riamos postávamos o sol
E se choramos
Era água na estrada
A saga de gente que não desiste
Nem se, em coro, o mundo exigisse
Fosse irmão em todas as horas
Pai, quando preciso
Filho, quando retornas
Às vezes é bom olhar para trás
Aliviando-se por tudo que passamos
Porém o melhor é erguer a cabeça
Veja adiante, não esqueça
Os caminhos se abrem agora
Avante, irmão!
Que a felicidade não demora
Descobre o amor no teu dia-a-dia
E sobressaia com alegria
O teu irmão, mesmo em poesia
Agrade a Deus pela sorte
Sorte de ter o seu sangue
Obrigado por tudo
E vamos lá
Porque é só o início...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Franco noturno...

Faz parte de um sistema
Enlaçado a qualquer parte
Controle do meu corpo
Que só geme e se retrai
Como galhos tortuosos
No calor da emoção
Que faz frio por sol demais
Contorce-se no vazio
Em busca de sustentação
Na acidez de meu penar
Reflete o opaco homem
Instável no leito de morte
Durante o dia se acha vivo
Ao lado da mulher amada
Com amigos e até sorte
Porém a noite só avista
Os seios do próprio agouro
Inseridos na falta de sono
Às vezes quando vem traz um presente
O pesadelo de alguns tempos
Do gordo que devoraria meu sossego
Destruiria minha casa
Usurpando o pouco que sobrou
Para ser Franco, nada falta
Prefiro nem dormir para não encará-lo
Medo é só o que sinto

Ojeriza àquele senhor
Pretendente por apagar a última luz do meu lar

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Meio...

O amor é o maestro
Paixão, a tradução
Fiel por teus olhos
Cúmplice pelos teus passos
Vidrado em teus olhos
Amante nos teus braços
Dou um pouco do meu sangue
Se preciso para que vivas
Quem sabe adivinhasse
Os sonhos que tu querias
Arranjo um motivo para tua alegria
Ou roubo um sorriso por aí
Mostra a fonte clara para mim
Sabes que eu morro de saudades
A partir da hora do adeus
E mesmo se for vê-la no outro dia
A noite seria interminável
Suspeitas de melhoras, se contigo sonhar
Até acordado é possível
Por você que me tomou de vez
E o que eram lábios
Fizeram-se armas de uma guerra insólita
E o que se achava um só corpo
Tornaram-se incondicionalmente dois
O nosso instrumento
Em madrugadas como esta
Onde a poesia ameniza o insone
Sinto falta de você
Que apenas com um toque
Devolveria meu sono
Até mesmo a outra parte do mundo

sábado, 1 de dezembro de 2007

Assim vai...

Vontade é muita
Muito à vontade
É desejo sem maldade
Que mal há nessa idade?
Será fogo de verdade?
Preferia não tocar
Não consigo só olhar
O Voyerismo se queimou
Com o calor de meu pensar
Nunca penso em possuir
Nem em um simples dominar
Dá-me apenas paciência
Para não enlouquecer
Na realidade lúcida
De um amor que sempre muda
Passando por diferentes etapas
Contidas em um só processo
O sentimento inocente e discrente
Fez-se vivo e inconseqüente
Sem perder sua pureza
No ardor da natureza
E apesar de sem controle
Afirmo com precisão
Amor de verdade é o meu
Que o uniu o carinho e perdeu a noção
Aprendeu a respeitar sem largar da paixão
É sangue rolando na alma
Todo ser dentro do coração