sábado, 30 de junho de 2007

À margem...

Antes pensava ter
Não tinha
Ainda não tenho, mas já vejo.

Eis que surge você
Salvadora? Talvez não
Tu não precisas de um rótulo
Eu nem saberia te definir um
Lamento não saber o que fazer
Ainda que eu te olhe por horas

Ah...
Nunca vou saber o que você quer ouvir
Analiso, pondero, pergunto e... nada

Esfinges são tão misteriosas quanto você
Só não são tão lindas assim
Tomara que em breve eu decifre
Eu não sei
Levemente imagino
Aceito todas as condições

Agora o que me vale é a compreensão
Não tenho mais tanto medo
Acho que não temos tempo pra exitar tanto

E eu espero que você me compreenda
Sugiro que seja sempre sincera
Transparência é o que preciso
E por mais que possa me ferir
Leve a sério e me fale
Acredite nisso!

Acho que tudo tem que ter um fim
Nem sei se disse tudo
As letras nem teriam esse poder

Embora sejam mágicas
São apenas símbolos
Tenho que encontrar um desfecho
Esse é meu grande problema
Lacunas talvez encerrem melhor
Asteriscos possivelmente dão mais possibilidades

Admiro quem sabe dar um fim às coisas
Não só às poesias, mas
Até nas coisas da vida

Eu não estou na fase de grandes epílogos
Sinto mais necessidade de lindos prólogos
Tento escrever um pra ti
Enquanto não posso fazer um pra nós
Leve o que precisar de mim
Amor, por exemplo.


p.s. Essa semana o blog vai ter suas postagens interrompidas, por motivos de força maior... Putz! Essa foi a desculpa mais tosca que eu pudia ter arranjado, mas é fato... Semana que vem tudo voltará ao normal...

p.s. Bom, ontem fui ver um cover da banda carioca Los Hermanos, foi muito bacana por sinal, e enfim...Depois desse poema de fácil digestão, média percepção e pouca conclusão, vou deixar pra vocês um bela canção...
Obrigado e até breve!

Senta aqui que hoje eu quero te falar
Não tem mistério, não
É só teu coração
Que não te deixa amar
Você precisa reagir
Não se entregar assim
Como quem nada quer
Não há mulher, irmão, que goste desta vida
Ela não quer viver as coisas por você
Me diz, cadê você ai?
E ai, não há sequer um par pra dividir
Senta aqui, espera que eu não terminei
Pra onde é que você foi
Que eu não te vejo mais?
Não há ninguém capaz
De ser isso que você quer
Vencer a luta vã
E ser o campeão
Pois se é no "não" que se descobre de verdade
O que te sobra além das coisas casuais
Me diz se assim está em paz?
Achando que sofrer é amar demais

MARCELO CAMELO

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Aragem...

O cair da chuva é fulminante
Sempre implica no pensar
Fonte infinita de idéias
Inspirações à cada pingo
Somadas ao espírito noturno
E à sensação de saudades
Solução perfeita para uma poesia
Palavras oriundas de uma felicidade intrínseca
Alegria que raramente alcancei
E que hoje me tomou irrefutavelmente
Tudo por uma voz
Tudo por um som
Tudo pela chuva que voltou a cair
E depois de muito tempo
Tornando a semear o amor no meu peito
Aspergindo uma certeza de bonança
Que poderá vir em torrentes
Nada melhor que sentir-se no páreo
Achar a réstia de luz
Prestes a iluminar o improvável
À ponto de criar escrita no escuro
Movido pela esperança de que quando tudo clarear-se
A verdade enfim vai surgir
E translucidar tudo que era opaco
Novamente feliz...
Vou à chuva me molhar
Encharcando meus temores
Já que gostas do meu nome
Mais ainda do meu ar.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Discórdia...

As pessoas são assim
Idiotas por natureza
Sempre se mostram infantis
Quando se tornam as presas

O desentendimento faz parte
Uma porção da essência
E mesmo se a ferida arde
Permanece a imprudência

Para sempre vão seguir
Pusilânimes por perdoar
O conflito é mais viril
Covardia é desculpar

A amenidade não seduz tanto
Essa é a cisma do homem
Escolher entre o riso e o pranto
Por trás da dúvida se escondem

A alegria é tão efêmera
Que nos faz ignorar
A tristeza sim perdura
Em toda ausência ela está lá

domingo, 24 de junho de 2007

Grilhão...

Nada pior que ser sozinho
Somente espaços vazios
Variantes de só e solitário
Sucumbir à qualquer tentativa
Temer até as possibilidades desconhecidas
Distrair-se com os dissabores cotidianos
Créditos apenas ao igual ou pior
Partir sempre atrasado
Atravessar a avenida dos desejos
Desistir de sonhar
Sonhos agora são pesados
Pesadelos da infância retornam
Refugiam-se em um coração apagado
Apenas há escuridão
Escondendo todo um amargor
Amargo âmago que antes amava
Amou tanto que seus olhos vedou
Verdades feriram tanto
Tudo serviu apenas como proteção
Plano de fundo agora é negro
Nada mais vai resgatá-lo
Resistirá por toda a vida
Vivendo aprisionado em seu próprio corpo
Certo de que é companhia o bastante
Buscando apenas o desfecho de cada dia
Desejando que eles passem velozmente
Vorazes como nunca foram antes
Até que o tempo o leve
Libertando-o das amarras que ele mesmo criou

Criaturas
Castas
Criam
Correntes
Com
Cadeados
Cercando
Corações
Cansados de crer

Chorar não resolve mais
Mentiras não iludem mais
Tentar não motiva mais
Rezar já seria demais

Tudo o que quer é ficar só
Solidão, ele e ninguém mais
Enquanto a Morte não dá o nó
Atando o sono dos mortais.

sábado, 23 de junho de 2007

Úmidas lembranças...

Aparece de surpresa
E nem precisa de avisos
Com a força da natureza
Molha os pobres e os ricos

Muitos não gostam dela
Por descaso ou coisa assim
Mas quem já pensou com Ela
Nota que não é tão ruim

Ela traz a escuridão
Já nos pôs para dormir
Deixou muita gente na mão
Não dá nem para reagir

Agora mesmo sou vítima
Do seu poder tão viril
E ela ainda por cima
Lembra-me um amor juvenil

Todas essas recordações
Chegam-me um pouco molhadas
Fazendo fluir emoções
Quando escrevo nas escadas

- Não ameace cessar!
Apesar de alegrar o povo
Pois eu só volto a sonhar
Se ela cair de novo

quinta-feira, 21 de junho de 2007

12Km

A distância é o bastante
O suficiente para findar
Fim de uma vida
Bastante para nos desmascarar
Ninguém tem o controle da vida
Sabemos viver
Mas da morte nada conhecemos
E nunca conheceremos
Quando ela chegar
Não estaremos mais
Somos imortais
Arrogância imortal!
A vida também é imortal
Somos imortais por toda vida
E vivos até suportarmos a carga máxima
Ou vivos até renegarmos a carga mínima
Frágeis é o que somos
À espera do fim
Esse é o único sentido
Viver entregue à sorte
Aguardando o único dia previsto
Dia do fim
Hora da morte
Infelizmente ela é cruel
E faz o que tememos
Acontece sem avisar
E depois de mortos, nem percebemos.
Daí em diante...
????
Quem deixar de viver... verá...
Ou...

p.s. Poesia inspirada no trágico acidente ocorrido no Rio de Janeiro, onde um engenheiro foi assassinado, repentinamente, por um tiro de fuzil, enquanto abastecia o seu carro.
Dois quilômetros eram a distancia que o separava do local do tiroteio. Os veículos de comunicação denominam o fato como “bala perdida”. A bala encontrou seu destino, o que se perdeu foi a vida.
Fica o ressentimento por mais uma vida que se foi sem avisos. E fica também a prece por dias melhores e mais justos, onde ao menos a morte seja respeitada, já que o respeito pela vida já foi extinto há tempos.

p.s. Fica essa letra que encaixa-se nos dias de hoje...

O CALIBRE
Os Paralamas do Sucesso

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)
Por que caminhos você vai e volta?
aonde você nunca vai
e que esquinas você nunca para?
à que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você ja perdeu?
Enfrigerado vivendo em segredo
e ainda diz que não é problema seu
E a vida já não é mais vida
no caos ninguém é cidadão
as promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
perdido em números de guerra
rezando por dias de paz
não ve que a sua vida aqui se encerra
com uma nota curta nos jornais
Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)
Por que caminhos você vai e volta?
aonde você nunca vai
e que esquinas você nunca para?
a que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você ja perdeu?
Enfrigerado vivendo em segredo
e ainda diz que não é problema seu
A vida já não é mais vida
no caos ninguém é cidadão
as promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
perdido em números de guerra
rezando por dias de paz
não ve que a sua vida aqui se encerra
com uma nota curta nos jornais
Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)
eu vivo sem saber...até quando ainda estou vivo

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Mal humor...

Dia amargo
Até o mel, na boca, amarga
No gosto do fel, me embriago
Os olhos me doem
O peso do semblante amargurado
Não posso ser questionado
Não quero responder
Não devo responder
Não posso responder
Vou machucá-los
Sem poupar os mais queridos
Sei que vai doer
Ninguém suportaria uma porção do meu azedume
Mas não me enclausuro
E acabo fazendo o que mais temia
Arrisco-me a encarar o sol
É em vão
Ele é insuperável
Me ofusca sem medir esforços
Sei que ninguém tem culpa
Talvez nem eu tenha
E até prefiro não encontrar os culpados
Então vou conformar meu espírito com a espera
Esperar que o dia passe muito rápido
Leve consigo a minha tristeza
Que a minha dor seja etérea
Que o meu vazio não seja preenchido por outro vazio ainda maior
E o meu humor não venha ferir mais ninguém
Minha alegria é efêmera
Espero que ela torne em breve
Da maneira que vivo, está insustentável
Não posso mais ser assim
Cansei de procurar
Me vejo como um viajante estranho
Perdido dentro do próprio corpo
Pior que isso...Perdido dentro da própria alma.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Alguém que não sei bem...

Meu lado está exposto
Basta olhar para o meu rosto
E aí ver o que estou pensando

Ela tem o dom do mistério
Oscila entre o riso e o sério
Sem nunca estar atuando

Muito fácil me conhecer
Abra os olhos e vai ver
Veja até os meus segredos

Ela não deixa transparecer
Nem seu eu tentasse prever
Iria saber seus desejos

Às vezes sou previsível
Mas faço o melhor possível
Para surpreender você

Quase que inatingível
Sua aurea meio invisível
Semblante tão fora do ser

Mas vou seguir assim
Sempre que olhares pra mim
Vai me ver sem fingimento

A moça segue sua sina sem fim
E se por descuido mostrar-se, enfim
Quero tê-la nesse momento