O cuzcuz queimando
Arroz já sapecado
Ovo cozido contentando
A boca do proletariado
O sal é o sabor
O suco é que desce
E o que sustenta o motor
É a perna que ainda obedece
O calo na mão
Dá suporte pra colher
Pela boca em oração
Vai rezando por mais fé
A síntese da refeição
Traz a boia da sustança
Não há mundo do trabalho
Há um mundo de esperança
No cabo da enxada
Na frente do computador
A luta está travada
No peito de quem trabalhou
O dinheiro se move
Em passos na contramão
A Revolução se insurge
Nos traços da contradição
O espírito que me cerca
É do velho abolicionista
O "movimentar" me agita
Em rumo ao novo "ponto de vista"
Daqui eu vejo
O pé imundo do burguês
Que um dia será descalço
E perderá a sua vez
Os calos dos que o sustentam
Serão pés emancipadores
Conhecerão a real liberdade
Pela força de todos os trabalhadores