terça-feira, 26 de outubro de 2010

O sustento do intento

O cuzcuz queimando

Arroz já sapecado

Ovo cozido contentando

A boca do proletariado



O sal é o sabor

O suco é que desce

E o que sustenta o motor

É a perna que ainda obedece



O calo na mão

Dá suporte pra colher

Pela boca em oração

Vai rezando por mais fé



A síntese da refeição

Traz a boia da sustança

Não há mundo do trabalho

Há um mundo de esperança



No cabo da enxada

Na frente do computador

A luta está travada

No peito de quem trabalhou



O dinheiro se move

Em passos na contramão

A Revolução se insurge

Nos traços da contradição



O espírito que me cerca

É do velho abolicionista

O "movimentar" me agita

Em rumo ao novo "ponto de vista"



Daqui eu vejo

O pé imundo do burguês

Que um dia será descalço

E perderá a sua vez



Os calos dos que o sustentam

Serão pés emancipadores

Conhecerão a real liberdade

Pela força de todos os trabalhadores