sexta-feira, 24 de abril de 2009

Onze noites...

Já vejo os portões se abrindo
E aquela sensação de fim
Do início
Do recomeço
Tudo se mistura rumo à porta
Ela se abre e treme
Como se não quisesse
Mas eu vou
Isso faz o vento desistir de passar
Todos vão desacreditar em mim
A fé que tinham fez-se odor
Em meio ao enxofre que deixo
É tudo podre por aqui
Quase um sanatório em fervura
Cérebros lavados com sangue e fogo
Aquecendo o leite de poucas mentes
Agora eu vou indo
Por Deus, como vou correr
Esta é a chance de ter a trégua
Um pouco menos de inferno
Menos lágrimas para quem me tortura
Descerei as escadas e me identificarei
Para dizer que por onze noites não mais
Adeus ao próprio demônio
Que num toque de ligação
Sussurrava diariamente:
- Atenda-me, eu sou o cão!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Coff...

A vida é como
Como e devoro Tal
Tal que fonte do meu mal
Mal de sombra doce
Espesso como as cinzas
Que aspiro e me permito
Tudo seco e sem filtros
Amarelando o peito do Vivo
Todos os dias de cada vez
Inspira em mim
Sopra em vocês
É fogo demais
Na tosse voraz
Um jogo de sensações
De sentir Vida
Do Coração

sábado, 18 de abril de 2009

MAR-CEu-LOnge... CAntandoMElhoresLOucuras


MAR, salgado és por ti e o

CEu, azul fez-se por nós

LOgo, o vento assobiou o amor


CAntando num tom meio que só eu sei

MElhor é ver a euforia do silêncio

LOtando o meu clarão de escuridão


Obrigado, Moço

Por cantar meus passos

E recitar

Onde me encaixo

Onde me vejo

Onde me acho

Meu sonho vivo

Amigo desconhecido

Caro, Marcelo

Falei contigo


Nessa noite...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dia de Mariana...

Ê Cientistas Sociais! É melhor dar dinheiro, mas nunca dê liberdade a eles, ainda mais se andarem em bandos. Falo isso por que hoje vou contar como foi o dia de uma grande amiga, sob os olhos de alguém que se sente à vontade para pensar.
Tudo começou quando, ao final da aula da nossa querida AntropoLéa, decidimos ir todos juntos fazer nossas inscrições para o ERECS (Eudênia, Eu e Mariana [...]. ), pois nossas colegas Ana e Luan não puderam nos acompanhar na ocasião. Então fomos todos, curtindo um dia bem ensolarado, almoçar no RU ao brinde de uma coca de 600ml.
Mariana, de início revela-se um pouco perdida dentro do restaurante universitário, sem saber o preço do almoço, onde pegar a bandeja ou também no momento em que quase entrou pela porta da despensa ao procurar o banheiro feminino. Mas isso ainda parecia apenas algo normal para quem há tempos não ia ao lugar.
Em seguida, decidimos ir até a Agência da Caixa Econômica Federal do Shopping Benfica para efetuarmos o pagamento da inscrição de nosso encontro, só que, após ser barrada três vezes pela porta giratória, Mariana descobre uma fila impressionante e nos dá a idéia de efetuar o pagamento então em uma casa lotérica.
Seguimos nossa amiga e fomos até a casa lotérica, que se encontra na parte externa do shopping (sendo que Mariana também se enrolou no trajeto, pois ao sair do banco foi em direção contrária, mas logo assumiu que sempre se perde dentro do Shopping Benfica). Ok. Normal.
Na Casa Lotérica, a fila era realmente bem menor, então daria tudo certo para fazermos nossas inscrições... Papo vai e papo vem, esquematizamos uma estratégia de garantir um bom fluxo na fila, falamos de propaganda, música, fome e jogos de azar, até que chegou nossa vez... “Nossa vez” lê-se a minha e a de Eudênia, pois, quando Mariana foi pagar, a senhora do caixa graciosamente nos comunica que o limite de depósitos foi atingido.
Desapontados, curtindo o melancólico som do homem que quebrava o asfalto, ouvimos mais um desabafo de nossa protagonista que desta vez nos clama ajuda para ir até a biblioteca, pois ela já no 3° semestre resolveu pegar um livro naquelas dependências. Soou um pouco estranho, mas como a amamos, procuramos entendê-la como alguém que prefere comprar seus livros ou não teve mesmo tempo de visitar a biblioteca em um ano e meio de curso.
Ao chegar lá, ensinamos a protagonista a localizar os livros nas prateleiras e de uma forma bem divertida ela aprendeu e nos agradeceu bastante. Após isso ainda tivemos que encarar a fila para fazer os empréstimos dos livros por ela escolhidos. Aí quando chega sua vez, Mariana adianta-se, saúda o funcionário, que diz:
- Matrícula!
Mariana, deslumbrada com o momento verbaliza em alto e bom som:
- 0-2-9-9-3-5-9.
Ela e o funcionário se entreolham, até que ele desvia seus olhos para a “maquininha de digitar o número da matrícula”, então eu e Eudênia não nos seguramos e decididos dar aquela graciosa “mangada da cara dela”. Tudo bem, dar uma chance para o novo, não é amiga? Quem sabe não fosse só uma maneira de protestar sobre problemas no funcionalismo público. Após isso, descemos correndo pela rampa de acesso para deficientes físicos.
A empolgação era tamanha que Mariana quase ia embora sem a sua bolsa que pusera no guarda-volumes. Tudo bem, pois é só mais uma distração. Em seguida o sorriso de Mariana que belamente despontava, dá uma leve amarelada ao olhar para a porta e ver que caia uma “baita” chuva. Eu como sou um novo incentivador da ousadia e da felicidade resolvi sugerir que fossemos na chuva.
Elas aceitaram. Cigarros e livros devidamente guardados, decidimos nos molhar nesse grande mundo. Alguns “passos regados a risadas” depois, Mariana dá-se conta de que naquele momento ela calçava uma linda sandália de camurça e que, posteriormente, os resultados seriam um tanto quanto descartáveis, além de ter demonstrado um leve arrependimento de sair na chuva, pois ela iria para a reunião do PET na mesma tarde.
Sei que seria uma reunião molhada, amiga Mari! E deve ter sido. Depois de tudo isso, também molhado, decidi “dar a Elza” na minha aula de francês e vir para casa me secar. Quando chego, olho meu celular e encontro uma mensagem de nossa heroína contando que quase quebrou a chave da sala do PET ao tentar entrar.
A vontade era muito grande, eu sei.
Acho que hoje foi um dia da garota que se arriscou, sabia? Arriscou a fazer coisas que há tempos não fazia ou que nunca fez. Ela encarou as filas, as fomes, as águas, os tempos, os desafios, as novidades, as risadas indesejadas, os materiais que quando molham estragam, os caminhos que parecem muitas vezes os corretos, as máquinas que substituem o diálogo... Enfim, ela foi e nos acompanhou nessa tarde que sempre me fará dizer que há um “Dia de Mariana”.
Embora pareça ser trágico ou ao menos algo que parece azar, dias como esses só são vividos pelos ousados e por aqueles que não impõem barreiras ao próprio sorriso, mesmo que a custa de muitos contratempos supracitados. Parabéns, amiga Mariana, pois a cada dia minha admiração por você aumenta e o perfume ATELEANO nos une cada dia mais. E aos nossos colegas ausentes, que também estão embebidos nesse perfume, lhes cabe o direito de sábado “frescar com a cara dela” com expressões como “Matrícula!”.
Um beijo, Mari, que me permitiu escrever isso e exercitar o meu ócio forçado em prol da história da menina que fez o povo se aglomerar em filas, fez os equipamentos roubarem os caracteres, fez a chuva aguar até quem não queria e descobriu o novo mundo que sempre esteve incompleto até que ela desse o ar da graça.
Viva ao dia de Mariana, a menina que também me fez deixar o Lévi-Strauss de lado para falar dela. Agora vem o sono... nada de livros, por hoje ao menos.

domingo, 5 de abril de 2009

Toma esse anel...

Põe o anel no dedo
Confia em mim
E vem sem medo

Põe novamente o anel no dedo
Como se redescobrisse
O meu grande segredo

Põe de novo essa aliança
E fecha os olhos
Dá-me sua confiança

Põe agora um ponto atrás
De quem achou
Que não dava mais

O amor é maior que tudo, Moça
E me alimenta
Nos dando força

Agora vamos assim sem dor
Temos nas mãos
A flor do amor

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Que venham as folhas...

A gente se senta
E não sente
O hálito do riso
As cores do abrigo
Sobra esse soluço vil
Em conta de pouco
Por dentre as lembranças
Saudades que pedi
Ofereci-me
Porém não assim
Parece sem fim
A faca em suas mãos
Cravadas em mim
Fui eu quem pedi, Moça
Ser só sem sentir dó
Sem seu ou meu
Sofrendo a dor de quem colheu
Colhi e escolhi
Se hoje dói mais em você
Queira Deus que destrua só a mim
Aos poucos, melhor
Plante meus restinhos no jardim
Deixe a tampa aberta
- Quero ainda ver o céu
As árvores que ainda restam
Uma delas ainda é verde
Tem fruto, eu sei
E a folha dela é tão sincera
Tremula, sem noção do que vou ver