quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sal(dades)


Vida de escolher
Escolhas para quê?
Sentir aquilo que não pus na buca
Ouvir tudinho que não me disseram
Real ou mais ou menos isso
Não importa
Nem poderia
É como reclamar de tudo
Que foi bom um dia
Certezas carameladas
Juras açucaradas
Bocas lambuzadas
Cabelos engalfinhados no mel
Taí
Descobri o por quê
Falta salgar
Falta sal(dade)
Do tempo em que o sabor
Era uma conseqüência fatal
E que cada segundo longe
Sequer faria mal
E não faz
Não é mal
É normal
Como um filho que foge de casa
Se acampa na árvore
Mas sempre ao anoitecer
Pula a janela
Para em sua cama dormir
Voltar a dar sabor
Um desafio diário
De quem ainda quer salgar o que é doce
E experimentar todo dia o que já conhece

Depois disso tudo
Que tal um café?
Sem açúcar, por favor
Prefiro matar a sede de sal(dades)...

sábado, 19 de setembro de 2009

Delírio da mensagem...

É o próprio ar que te deixa voar
Não é preciso fumar
Talvez como dizer que ama as ondas
Sem saber que gosta do mar

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

De longe...


Gestos da memória
São lembranças movidas
Para dentro e para longe
No cantinho dos segredos
Lá mora a saudade de sempre
Da distância do meu jardim
Onde o pássaro mais lindo voa
E o protege como se fosse um ninho
É tudo o que esquenta o medo
Um pouco do melhor que posso
A falta de ter mais um pouco de tudo
Aquilo que só tuas asas acolhem
O que só a sua boca exala
E teu corpo me submete
Um pouco de calor é o que preciso
Em breve
De volta ao meu "calor"
Que embora seja discreto
Causa dor na própria dor
E alimenta a boca de flor
E o peito do que se chama por amor

Sabor do vento...

E onde quer que ela não esteja
Será só
Só será assim, pois, assim, só é.

A flor que caiu do alto
Abriu-se a noite
E mordeu o céu

Aquela que de tanta boca
Comeu os espinhos
E os floresceu

É a boca do acaso
É a boca da saudade
A boca que mordeu
A boca que sentiu o que não é seu

E de quem é o sabor?
Da boca que experimenta?
Da boca que se apresenta?
Ou da boca que nos sustenta?

O sabor é de quem quer sentir
No amar e buscar um pouco
Daquilo que permitir

Era só...

Era só uma boca
Era só um berro
Era só um grito
Era só um erro
Era só no escuro
Era só consenso
Era só loucura
Era só um vamos
Era só figura
Era só veneno
Era só bebida
Era só um som
Era só pra ser
Era só ali
Era só aqui
Era só um oui
Era só lidão

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Samba desconsolado...

Se meu corpo fosse viola
As cordas de agora
Já não tocam nada
São tortas, estão fora
De hora
Como me tocas?
Se não aceita minhas formas
Queres viola?
E por que não compõe
Um samba divino
Que te faça dançar
E que não deixe meu corpo se congelar
Uma música singela
Toquei no seu ouvido
A vida toda
Versinhos e refrão
Foi no corpo, na alma que chora
No acorde perdido do seu violão
E agora me deixas
Por que tens o direito?
Não pode largar
O samba no meio
E o público?
E a arte?
Onde está o amor?
Se nunca gostou do som
Por que tanto me zelou?
Eis as questões
Que num morro descubro
Se morro
Ou me mudo

"E a vida o que é? Diga lá, meu irmão"...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A vida e o "que mais"...

A vida é a escola da escolha
Uma prova sem cola
A casta
A bolha

A vida é uma carta de aceite
Com letras de enfeite
Um largue
Um deixe

A vida me deu um amor
Por laços de carne
De risos
De dor

A vida é um conto perdido
No fim da própria escrita
É um ponto
Um risco

A vida é como uma letra
Saindo torrente do punho
É torta
E fresca

A vida é tudo o que não sei
O que não nos ensinaram
Mas finjo
Que sei