quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A boca e as suas...

A boca fala
Sem palavras
Só gestos de sabores
Uma ânsia de mostrar
Demonstra que sabes
Esperneia e diz
Se abre
Como deves
Se fecha
Como podes
Como pode!?
Um movimento meio assim
Sem pudor
Sem receio
Sem controle
Momentos de ver o canto
O encanto dos hálitos tortos
Das frases mal ditas
Das malditas, que se foram
A boca é uma espécie de forma
Molda os pensamentos
Alinha as imagens
Exala "preces cósmicas"
Sente o fio da meada
Denuncia as omissões da mente
Mente, não sente
E quando muito
Só quando quer
Mastiga as lembranças
As mais árduas
Sobretudo
Além disso
Quando magoada
A boca se esconde
Demonstrando sua força
Se cala
Mas diz
Se cala
Mas fala
Ao menos pra mim

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Perfume do mar...

O cheiro do tempo
Molda-se no vento
Contemplando o mar
É areia, é alento
A força da água
Lavando as correntes
Levando os viventes
Presos no pensar
Onda vai, onda vem
Em lugares além
Corpo vai, também vem
Com torpor, sem desdém
Era uma carne só
Na noite
Como se só existisse um lugar
A praia
Praia de todos os corpos
De todos os santos
De todos os cheiros
De todos os desejos
De todo ser
Que não queira ser
Só viver
Só viver...
Dormir pra acordar
Esquecer pra lembrar
Ouvir pra falar
Escrever pra recordar
O canto
O gosto
E o perfume
Da beira do mar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sonho de ontem...

O sonho é fluido
É torto
Engembrado como o passado
Malfeito e sem apego
Sem contrato
Só trato
O maltrato da mente
Reflexos da minha confusão
Sou híbrido e tolo
Sou denso e profundo
Sem tempo certo
Por certos tempos
Ontem foi mais
Um sonho em três modos
Vontade de correr
Receio por ficar
Pavor de voltar
E ao acordar?
Continua tudo assim
Irritantemente real
Sem respostas
Sem cuidados
Apenas meus olhos
E a necessidade de continuar
Um bom dia cruel
Com sabor de álcool na boca
Um sol impiedoso
Com cor imperativa
Uma lembrança vaga
De um sonho que não teve fim
Nem lógica
Nem sei se sonhei mesmo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A cor dos sentidos...

Tudo era vermelho
A novidade era assim
Sorriso e mão na mão
Como um tenso carmim
Tenso e teso
Constante e incerto
Jogo de trocas
De farpas
De medos
De abraços
Dados e devolvidos
Em justas medidas
Exageradas por si só
Em bancos de praça
Em bancos, de graça
Era vermelho
E ficou ainda mais
Pior que o sangue
Aquele derramado por nós
Mas nem tanto
Não se foi tudo
Ainda há veias
Velhas veias corriqueiras
Capazes de transportar vida
Vida em vermelho
Vermelho grosseiro
Estúpido como a própria resistência
Como o sentido da vida
Este...
Eu já sei
Tem uma cor
É vermelho
Foi vermelho
E vai ser até o fim
O final da visão
O final do sentir
O final do pulsar
De cada vermelho do viver