segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Como se me comesse...

É como se minha alma
Fosse um grande buraco
Onde meto minha calma
E aos poucos me mato

É como se o amor
Fosse o mastro do mundo
Ancorado na dor
Nas correntezas do absurdo

É como se chorar
Fosse o único chão
Molhando a água do mar
Incendiando o vulcão

É como se o próprio fim
Fosse o lugar em que estamos
Trancados e presos assim
Na liberdade que pensamos

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Prelúdio ao sinistro

Mataram o mundo
Deus morreu
O amor e tudo
Em breve, eu

domingo, 23 de agosto de 2009

Sufoco

Medo, medo, medo, medo
De fazer o certo e achar que é pouco
De fazer o pouco e achar que errei
De cometer um erro e achar que é seu
Medo, medo, medo, medo
De olhar pra frente e não ver solução
De solucionar o enigma e acabar as questões
De questionar o mundo e não ter mais noção
Medo, medo, medo, medo
De ser agora homem e não ter amanhã
De amanhã acordar na porta de um bar
De beber o céu e vomitar o chão
Medo, medo, medo, medo
De apagar a luz e só me ver no claro
De clarear os muros que outros pularam
De pular tão alto e não sair do canto
Medo, medo, medo, medo
De pedir perdão quase todo dia
De que o outro dia ainda seja assim
De que nunca venham a acreditar em mim
Medo, medo, medo, medo
De não ver mais como superar o passado
De não ter idéias para lhe dar um presente
De que isso tudo anule o nosso futuro
Medo, medo, medo, medo
De que tudo acabe como as cinzas
De que o cinza e o preto não mais se separem
De que o preto e branco em minha tela brilhem
Medo, medo, medo, medo
De que o teu nome vire heresia
De que minha mulher vire poesia
De que meu coração crie uma alergia
Medo, medo, medo, medo
De que tudo isso seja escrito em vão
De que o passarinho não saia do chão
De que o novo rei não seja mais o leão
Medo, medo, medo, medo
De que eu não encontre um fim pra escrita
De que as minhas palavras não sejam mais ditas
De que os mesmo erros ainda se repitam
Medo, medo, medo, medo
De tudo o que eu faça pareça pouco
De que quando eu fale me chamem de louco
De que eu nunca saia mais desse sufoco

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Reunião de Departamento de 11/08/2009

2009.2 se inicia e traz logo em sua segunda semana uma reunião de Departamento bem movimentada. Iniciando mais uma vez com um atraso de meia hora e sem o quorum, quer dizer, havia o “quorum no espaço”. É isso mesmo. A reunião iniciou sem o quorum na sala, mas havia quorum no espaço do Departamento. Bom, na hora não entendi muito bem como funciona isso, mas com alguns minutos, quando chegaram os atrasados com seus copinhos de café, deu para compreender melhor.
Tudo começou com um informe muito importante do Estevão, falando sobre a criação de uma nova classificação para professor universitário, trata-se do sênior, este ficará acima do associado e provavelmente vai promover a extinção do professor titular. O sênior terá quatro categorias e em sua máxima atingirá o salário do professor titular, além de receber uma premiação caso oriente algum residente ou tenha pós lato sensu. Esse dados foram trazidos pelo Professor Estevão através de um relatório, como ele mesmo disse, muito precário, mas serve de indicativo para compreender o que o MEC pretende fazer futuramente. Outra mudança seria repensar a história da dedicação exclusiva, ou seja, o MEC quer rever a DE e pensar no que o professor pode fazer além do Ensino, da Pesquisa e da Extensão.
Uma das explicações para essa classificação não seria apenas a questão de aumentar os salários dos professores, pois estes devem alcançar o salário dos professores da Ciência e Tecnologia, mas também seria para findar com o concurso para titular. O porquê disso é que essa prática seria inconstitucional, pois aí se faz um concurso para quem já é concursado, sendo o correto fazer concurso para iniciar uma carreira. Bom, o que eu espero é que essa carreira realmente seja formada pelo mérito de cada um e com o verdadeiro Q.I. Q.I? Bom, deixa isso quieto.
Em seguida, o Professor Fleming divulga o evento que ocorrerá sobre o ano da França no Brasil, este será realizado em novembro e terá algumas atividades culturais. Como forma de apoio, a FUNCAP, através do Professor César Barreira, concedeu cinco passagens internacionais de ida e volta para trazer conferencistas.
Seguindo nos informes, a Professora Neyara dá um comunicado que haverá uma reunião de planejamento para o Encontro de Ciências Sociais e convida os professores para a formação das comissões (financeira, cultural, etc.) e reforça o almoço que ocorrerá na próxima terça-feira na Casa de José de Alencar com os professores da pós-graduação.
Antes do início das pautas, o Professor Domingos avisa que nesta reunião não haverá café e nem água. Ora, mas por quê? Por que os cafezinhos e a água eram custeados pelas secretarias Lucineide e Cássia. Essa parte vai ficar, de fato, sem comentários. Por que até eu senti a falta do café. Agora, me recordo de quando se falava em salas com notebooks e datashows, hoje em dia se chora a falta de café e água.
A primeira pauta foi acerca do afastamento não remunerado do Professor Paulo Linhares em 2009.2, este vai dar-se por motivos pessoais. Este afastamento é garantido ao professor e é um artifício válido, devendo ser utilizado quando for necessário. Ok. Vamos para a próxima.
Domingos comunica que o curso está com a carga horária mínima que poderia ter e diz ter dificuldades para abrir concurso para professor substituto. Então, com isso, devem ser abertas mais disciplinas e colocar os professores para trabalhar. Este é um problema crônico de nosso Departamento, onde muitos vivem com 8 horas de aula por semana, onde a meta é de 40 horas/aula. Então, os professores não terão sua carga horária aumentada, mas como disse o George, eles terão que, de fato, cumprir com ela e o que não for aula deve ser projeto de pesquisa ou de extensão cadastrados e aprovados em Departamento.
Alguns projetos de pesquisa foram aprovados nesta tarde, como os dois da Professora Geísa Mattos. O primeiro é o “Sociologia da Sociologia”, que terá a coordenação da Professora Irlys Barreira e o financiamento de 70 mil reais, proveniente do FUNCAP, o que contribuirá para a digitalização de teses e dissertações utilizadas na pesquisa. O outro projeto da Geísa é para estudar o FIB (Felicidade Interna Bruta), que além de alimentar as conversas nos corredores do Departamento, também promoverá um evento que também tratará de Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável.
Uma discussão fortíssima que houve foi sobre as relações trabalhistas na UFC, sobretudo, no caso da funcionária Maria das Dores. Esta, segundo a empresa, foi demitida por que havia faltado várias vezes. Porém, o que foi apurado é que ela sofria há alguns meses com pedra nos rins e não se afastava, pois a empresa a ameaçava de demissão caso ela colocasse um atestado médico. Não suportando as dores, Maria das Dores fez a cirurgia, apresentou o atestado, teve o dinheiro descontado nos dias em que faltou e foi desligada da empresa.
Em repúdio a arbitrariedade da empresa terceiriza, será encaminhado um documento ao reitor para que se averigue o caso e passe a questionar as relações com essas empresas e a noção que elas possuem sobre ética trabalhista. Veja bem, esta é uma prática costumeira em empresas terceirizadas e que não pode ser reverberada dentro de nossa Universidade. Então, parabéns ao Jakson Aquino pela iniciativa e que isto não se repita por aqui. Mas sabem um ponto absurdo nisso tudo? O Departamento não pode fazer uma crítica direta à empresa, pois como se trata de uma empresa que conseguiu o contrato, uma crítica a ela poderia ser encarada como uma campanha para outras empresas. O fim da picada.
A denúncia foi reforçada com vários casos em que funcionários de terceirizadas vêm trabalhar constantemente com queimaduras e gripados, com medo de cortes destas empresas. Inclusive, Fleming fez uma alerta a respeito da gripe suína e diz que se algum professor verificar um espirro de um aluno, que ele o peça discretamente para sair. Quem sabe usar máscaras seria uma boa, hein? Sem pânico.
Estevão diz que estas empresas possuem mais de 500 funcionários em toda a UFC e podem ser utilizadas como manobra para colocar parentes de professores e funcionários dentro desta Universidade, ou seja, já que eles não passam no concurso, dá-se uma “forcinha” pelas empresas terceirizadas. Estevão conclui que alguns são como os netos do Sarney, que nem precisam vir ao trabalho. Neyara sugere o uso da Defensoria Pública para ajudar a funcionária em caso, mas questiona: “A Defensoria ainda existe?”.
Para finalizar este tema, Uribam conta um caso de extrema importância e sexualidade, em que uma funcionária era amante do seu supervisor e as duas mulheres resolveram brigar de verdade pelo seu amado, mas os outros funcionários resolveram apartar a disputa. Bom, após essa citação o caso deverá ir para frente.
Antes de pular para a próxima pauta, a porta de repente e não mais que de repente é batida com fortes cascudos. Quem será? É o segurança de nosso Departamento, que agudamente diz: “De quem é aquele Corsa que está lá embaixo?”. A Professora Rejane salta da cadeira e corre em direção ao corredor dizendo: “Mas eu deixei a chave para quem quiser tirar o carro!”, após isso só ouvimos a piadinha “Esqueceram de avisar ao ladrão”.
Após as risadas, mais um projeto foi aprovado, o do Professor George, que trata-se de um projeto de extensão e que por sinal é muito interessante, mas por uma grave falha minha não consegui anotar o nome. Desculpas ao George e como sei que ele lê este bendito texto, peço que ele depois nos mande o nome do seu projeto. Desde já, parabenizo-o, pois todos sabemos que extensão aqui nesse Departamento é como o Lombardi na televisão. Ouvimos falar, mas não vemos.
Bom, esta foi mais uma reunião de Departamento. Perdão pela demora, mas é que eu passei mais tempo no hospital do que em qualquer outro lugar nessa semana. Saúde a todos e até a próxima.

domingo, 9 de agosto de 2009

O Leão e o Passarinho

No viver ao natural
Amar é sempre mais
O menos não é normal
E ninguém fica pra trás

Um jogo de dependências
Cada um com seu parzinho
O pássaro constrói a casa
Onde habita o leãozinho

Um precisa do canto
Outro deseja comida
Então canta de vez em quando
Só pra pôr mais som na vida

O leãozinho só corria
E o passarinho lá no ar
O primeiro voaria
E o segundo vai pousar

- Dá-me asas, passarinho!
Exclamou o rei leão
- Dá-me em troca suas patas
que lhe tirarei do chão

E ao desatar dessa vontade
O leão pôs-se a voar
E no fim de cada tarde
Foi aos céus para amar

O pássaro também conseguia
Realizar a vontade de correr
Na juba do leão crescia
Um caminho a percorrer

Então fez-se a natureza
Como mãe que guarda o ninho
O leão que agora voa
E cuida do passarinho

E a cada passo pequeninho
Percebia a noção
Que no lombo do leãozinho
Está o lar e o coração

E aqui vou dar um ponto
Na história sem final
Pois em cada conto é um conto
De um amor que é imortal

Escrever permite isso
Fazer milagres num momento
E o leão e o passarinho
Acabaram em casamento

E até filho eles tiveram
Pois é o produto da relação
Agora como eles eram
Vai além da imaginação