segunda-feira, 7 de maio de 2012

Longe dos "cidadãos de bem"...

Definitivamente, andem longe dos "cidadãos de bem", pois são estes que mais contribuem para estigmatizar e invisibilizar os demais. O conceito de cidadania há muito tempo tornou-se o carimbo de uma espécie de processo civilizacional e que ocorre, ainda, diariamente em todos os espaços sociais em disputa.


É triste ver jovens crucificando outros, com discursos do tipo "somos trabalhadores" e "vocês são vagabundos". Vejo isso consecutivamente há 36 horas e já não tenho mais paciência pra tanta falta de sensibilidade. O caso que mais me enraiva é no que toca a crítica às torcidas organizadas.



"Vândalos", "marginais", "vagabundos", "pirangueiros" são dos principais termos utilizados pela "juventude do bem" para classificar a "juventude perdida". Honestamente, pensem como deve ser difícil não ter um rosto... não ter uma identidade... não ser chamado pelo nome... não ter uma oportunidade... não ter onde encaixar-se... ter apenas rótulos. Rótulos cheios de estigmas e vazios de sentido e de soluções.




As juventudes pobres são invisíveis, como produto de uma sociedade que sempre está disposta a bater o martelo em nome do "bem". Infelizmente, as torcidas organizadas acabam funcionando como grandes trampolins para esses meninos. Estes que não são vistos socialmente, de repente são capazes de chamar a atenção da cidade toda, mesmo que despertando o medo e catalisando uma rede de poder e de violência que possui enraizamentos sociais muito profundos e bem distantes dos estádios de futebol. Essas raízes são frutos de longos processos históricos de exclusão, criminalização e de promoção de pesadas desigualdades. Portanto, pensar na violência desses torcedores apenas olhando para os eventos violentos que eles promovem em grandes jogos é negar-se a pensar em soluções para uma questão que não é de Polícia, mas é verdadeiramente social. Até porque a nossa PM só serve para piorar essa situação, pois só age com mais violência e pulverizando essas massas. 




É preciso abrir a mente e pensar nas trajetórias, histórias e narrativas de todos esses agentes sociais. Quem sabe perder o medo deles e ir em busca disso. Quem sabe exigir menos policiamento e mais ajuda para estes. Quem sabe abrir mais portas ao invés de exigir mais grades. Quem sabe compreender que estes jovens são da mesma faixa de idade que você, que é um juiz de merda que passa o dia inteiro no seu computador tecendo comentários que apenas reproduzem práticas estúpidas de fascismo, assepsia social, higienização e esterilização enquanto eles estão fazendo algo que no momento pouco te interessa, pois não te afeta, de fato.

sexta-feira, 4 de maio de 2012



Terei o prazer de participar do Programa "Sem fronteiras: Plural pela Paz", neste sábado às 14h na Rádio Universitária FM! Discutindo um pouco sobre futebol a partir de uma leitura sociológica, debatendo questões como a elitização do esporte, a Copa do Mundo e seus meandros, as torcidas organizadas, dentre outros pontos importantes. Quem puder ouvir e contribuir, será de bom grado.