terça-feira, 11 de março de 2008

Vela...

Minha força maior
Tirai-me urgente daqui
Dessa caverna escura
De paredes úmidas e ásperas
Com um chão embrejado
No lodo deslizo
Na lama me afogo
Engulindo ratos em putrefação
Pois a mim sobraram ossos
Embebidos em sangue coalhado
Eu sou só fezes
Um dejeto sem fé
Que perdeu o seu norte
Fui jogado no aterro
Sem piedade
Agora sou só lágrimas
Quem sabe não morro de vez
E o ar se faça choro
Na morte que pode me aliviar
Pra sempre que for doer
Eu possa morrer
E então escapar
Oh, minha força maior
Livrai-me da vida
Amém!

terça-feira, 4 de março de 2008

Ética e Moral...

Conceitos não são nada mais que conceitos. Não são uma máxima ou uma afirmativa irreparável sobre alguma coisa, por isso que discussões acerca da ética e da moral são eternas e até certo certo ponto se fazem necessárias, tendo em vista a flexibilidade de seus termos, de acordo com o tempo ou o referencial em análise.
A ética é taxada como um juízo ou uma forma de arbitrar as condutas de um ser humano, baseada apenas no entendimento cultural de certo ou errado de cada pessoa. Portanto, a ética é um valor extremamente variável já que é individual e hipoteticamente intransferível, partindo do pressuposto de que o egoísmo humano não permitiria que a ética do outro infligisse os limites da ética do um.
Já a moral foi conceituada como um conjunto de regras que mantem a ordem numa sociedade. Quando falo em ordem não me refiro apenas ao aspecto coercitvo, mas principalmente ideológico. Ouso dizer que a moral é apenas mais um mecanismo de sobreposição de classes, pois a moral varia muito, de acordo com o espaço e a época em que se vive.
O mais conflitante nisso tudo é quando se afirma que a moral prepondera sobre a ética. Ora, será que os valores individuais da minoria são tão pífias assim, a ponto de não servirem sequer como apontamentos subversivos? E a moral é tão soberana assim, chegando a ser inatingível?
É importante entender que o que é moral para os dias de hoje, pode ser visto como imoral para quem viveu há algumas décadas pois todos os códigos são só letras manipulatórias. Mas a ética é imutável, já que, dentro de um mesmo espaço cultural, o meu bem sempre será o mesmo e o meu mal sempre será o memo.
Compreendido? Acho que não! Devemos lembrar que a cultura é fator indispensável para discutir esse tema, por isso ficam as questões: Como confiar no que parece ético? Quem estipula o que é bom ou ruim?